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Cruzeiro explica negociação com ucranianos, que gerou nova sanção na Fifa

O atacante Willian em treino do Cruzeiro, em 2016 - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
O atacante Willian em treino do Cruzeiro, em 2016 Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

04/09/2020 04h00

O Cruzeiro explicou a situação envolvendo a punição da Fifa de transfer ban (impossibilidade de registrar novos atletas) no caso da dívida de 1.159.786,31 euros (R$ 7,330 milhões na cotação atual) com o Zorya, da Ucrânia, pela contratação de Willian Bigode, em 2014. Flávio Boson, superintendente jurídico do clube, detalhou o caso e mostrou, por meio de compartilhamento de tela, que o clube europeu utilizou o seu endereço de e-mail registrado na Fifa para concordar com o negócio.

Em entrevista coletiva, o dirigente confirma que não houve assinatura de Bichara Neto, representante do clube ucraniano, mas alega que recebeu autorização de dirigentes do Zorya para que a negociação fosse conduzida pelo advogado Marcelo de Barros Moretti.

"É um episódio que surpreende negativamente. Eu tive a oportunidade de ler a sua reportagem no UOL Esporte, que o doutor Bichara Neto, talvez o maior advogado da área no país hoje. Ele diz que não assinou o acordo celebrado com o Zorya. Por que ele não assinou? Eu vou chegar lá com duas perguntas a serem feitas. O Cruzeiro foi procurado um pouco antes da primeira e da segunda dívida do Zorya, o Cruzeiro foi procurado por uma empresa, Allik Management, essa pessoa é o doutor Marcelo Amoretty, advogado do Rio Grande do Sul e filho de ex-presidente do Internacional [Paulo Rogério Amoretty]. Negociamos, chegamos a um termo, que seria um desconto, como foi colocado, e o parcelamento do valor devido", declarou Flávio Boson em entrevista coletiva.

"Eu pedi um comunicado oficial do Zorya dizendo que esse crédito foi cedido ao Allik. A operação de cessão de crédito é absolutamente natural em todos os negócios. Ele é admitido pela lei suíça e pela lei brasileira. Foi feita essa operação, e pedi que isso fosse confirmado pelo Zorya em todos os canais oficiais. Aquele e-mail do Zorya é cadastrado no sistema Fifa/TMS. Por exemplo, demorei quase um mês para cadastrar o meu e-mail nesse sistema Fifa para poder receber as intimações. Pedi que fosse esse e-mail do Zorya como medida de segurança. E esse e-mail veio. As pessoas copiadas para esse e-mail são presidencia@cruzeiro.com.br, bichara@bicharaemotta.com.br e um gmail, que não é o e-mail oficial Fifa remetente", acrescentou.

"O mais importante é o e-mail, que eles dizem que querem o pagamento do valor ao Allik. Dito isso, e aí chegando à grande questão. A pergunta, talvez, não é se o doutor Bichara participou ou não do acordo. Eu fiz questão que o Zorya assinasse o acordo. Eu não precisava, porque já tinha o e-mail oficial do Zorya confirmando que o crédito tinha sido cedido ao Allik. Ele, advogado, doutor Bichara Neto, não assinou como terceiro interessado, mas foi a pessoa que assinou", completou.

Flávio Boson reforça ainda que a cláusula divulgada pelo clube na tarde de ontem (3) consta com assinaturas das três partes envolvidas.

"A cláusula 2.2 do acordo, que está assinada pelas três partes, dizem que qualquer pagamento só seria paga após homologação da Fifa. Daí eu tive o cuidado de exigir a mesma coisa, qualquer pagamento só pode ser feito por chancela da Fifa", comentou.

"Por mais absurdo que seja, o e-mail do Zorya é falso? É o mesmo e-mail que usam para fazer o acordo e para enviar à Fifa a reclamação. O e-mail é seguro? O e-mail foi hackeado? O Cruzeiro confiou no sistema Fifa/TMS. O Cruzeiro confiou nos advogados envolvidos, no Marcelo Amoretty, no doutor Breno Tannuri, nosso advogado. O Cruzeiro confiou em todas as pessoas e tem plena convicção de que os processos foram corretos. Até o arrependimento dele não me parece eficaz, na medida em que houve a cessão do crédito", concluiu.

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