Pontos negativos, mais dívidas e proibições: entenda a crise do Cruzeiro
O Cruzeiro vive uma crise sem precedentes em sua história. Endividado após a gestão de Wagner Pires de Sá e Itair Machado, enfrenta problemas semanais na esfera jurídica e ainda batalha para se livrar das proibições impostas pela Fifa por calotes em contratações do passado.
Na manhã de ontem (4), o clube tomou ciência de mais uma ação de cobrança na Fifa. O Pyramids acionou os mineiros a fim de cobrar o valor pela venda de Rodriguinho. São cobrados US$ 3 milhões (R$ 15,9 milhões na cotação atual) no processo. Porém, o novo imbróglio judicial não é o único enfrentado na entidade. Os cruzeirenses colecionam casos, que já viraram até punição. Em meio às questões extracampo, o clube ainda tem problemas internos, sobretudo no departamento de futebol. O UOL Esporte prepara uma lista para explicar a situação da agremiação.
Punições na Fifa
O Cruzeiro foi punido por duas dívidas na Fifa. A primeira é referente ao empréstimo de Denílson, em 2016. Na ocasião, os mineiros não pagaram ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos. Em maio passado, o clube foi punido com a perda de seis pontos na Série B do Campeonato Brasileiro 2020 pelo não pagamento do débito. O valor deve ser quitado ainda no decorrer de 2020.
Recentemente, o Cruzeiro sofreu mais uma sanção da Fifa. O clube foi punido por um ano sem a possibilidade de contratação por uma dívida de R$ 7,3 milhões com o Zorya FC, da Ucrânia. O negócio é referente à compra de Willian, ainda em 2014. Os mineiros contestam a situação, mas seguem impedidos de registrar atletas.
Dívidas cobradas
Os calotes em temporadas passadas deixaram o Cruzeiro em situação complicada. Ex-atletas, ex-treinadores e outros clubes entraram com ações judiciais solicitando o pagamento de dívidas. Mano Menezes, auxiliares de Abel Braga e Adilson Batista, e jogadores como Robinho e Fred mantêm ações na Justiça do Trabalho requisitando valores antigos. Ainda há cobranças abertas na Fifa que superam os R$ 100 milhões. Os mineiros devem as contratações de Arrascaeta (2015), Riascos (2015), Dodô (2019), Denílson (2016) e Willian Bigode (2014). Ainda há uma dívida com Paulo Bento por causa de uma cláusula após a sua demissão, em 2016.
Dívidas com jogadores do elenco
Com orçamento reduzido devido ao rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro 2020, o Cruzeiro precisou fazer um acordo com os principais jogadores. Fábio, Dedé, Léo, Manoel Ariel Cabral e Henrique foram obrigados a aceitar uma redução salarial. Todos recebiam acima dos R$ 300 mil, mas estão recebendo R$ 150 mil por mês, exceto Fábio, que fatura R$ 200 mil mensais. O que falta do valor será pago a partir de 2021 em caso de volta da equipe à Série A do Brasileirão. Marquinhos Gabriel, que volta a Belo Horizonte após empréstimo ao Athletico-PR, também terá que se enquadrar na nova política do clube.
Dívida com a União e proibição de alienação
O Cruzeiro tem uma dívida que se aproxima de R$ 300 milhões com a União. O valor inclui o ProFut, programa da refinanciamento de dívidas do governo. O clube se sustenta no projeto graças a uma liminar. A sua participação segue em risco, sobretudo pelo débito elevado e inadimplência. Com o valor em aberto, os mineiros tentaram a alienação de um imóvel avaliado em R$ 7 milhões. A ação, contudo, foi vetada pela justiça por causa de uma ação movida pela União.
Pressão sobre Enderson Moreira
As críticas do mecenas Pedro Lourenço no fim de semana passado e a derrota para o Brasil de Pelotas, que aumentou a sequência negativa na temporada (cinco jogos sem vitórias), pressionam Enderson Moreira no Cruzeiro. O técnico ainda segue no cargo, mas se vê obrigado a buscar resultados positivos nos jogos seguintes da Série B do Campeonato Brasileiro 2020.
A diretoria já se manifestou após o revés para o time gaúcho, na quarta-feira (2), e informou ao Conselho Deliberativo que não fará uma mudança no comando técnico. A intenção é dar respaldo e sequência ao trabalho do treinador na Toca da Raposa II.
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