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Muriel volta a falhar, Flu não rende sem Evanílson e acende sinal de alerta

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/09/2020 04h00

Enfrentar o Flamengo já é tarefa difícil para todos os times do Campeonato Brasileiro. No sexto Fla-Flu do ano, entretanto, o Fluminense teve missão ainda mais complicada: jogar sem Evanílson, seu melhor jogador em 2020. E a derrota no clássico acendeu o sinal de alerta no clube, já que o camisa 99 foi vendido ao Porto, e a equipe não funcionou sem ele. Para piorar, Muriel voltou ao gol com mais uma falha.

Odair Hellmann tentou estratégia diferente das últimas partidas para tentar substituir seu centroavante no Fla-Flu. Escalou Nenê como falso 9 e dois pontas, Fernando Pacheco e Wellington Silva. Sua ideia, entretanto, nem teve muito tempo para ser aplicada: aos sete minutos, o peruano não acompanhou Filipe Luís, que aproveitou rebote do goleiro tricolor para abrir o placar.

Ainda assim, no restante do primeiro tempo, a tentativa se mostrou infrutífera: o Tricolor careceu de uma referência no ataque para segurar a bola e esperar as subidas de Michel Araújo — que rendeu menos reposicionado —, Dodi e de seus laterais. Com a bola, o camisa 77 errou quase tudo que tentou. Odair, entretanto, afirmou que não houve alteração de funções ou sistema.

"Nenê fez a função que tinha que fazer, de meia, não houve alteração disso. Não mudamos o sistema. No momento ofensivo os três do ataque tinham liberdade de movimentação. O gol deles foi muito rápido para falar do sistema. São movimentos que treinamos pouco, já jogamos muitas vezes assim. Os movimentos aconteceram, mas já estávamos atrás no placar. Mudamos a característica, mudamos a situação, para avaliar o sistema e as escolhas precisaríamos de mais tempo", opinou.

Ainda assim, sem Evanílson e, portanto, sem um centroavante de ofício em campo, o Flu foi presa fácil para o jogo de posição do Flamengo de Domènec Torrent. Sem conseguir manter a posse no ataque, o Tricolor trocava passes em seu campo sem agredir o adversário, e quando errava, o que se repetiu muitas vezes, via o rival ocupar todo o seu campo. Foi assim que surgiu o primeiro gol logo aos sete minutos: o Rubro-Negro tinha cinco jogadores dentro da área tricolor, que errou em vários momentos da jogada com Egídio, Calegari, Muriel e Pacheco.

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Opções para substituir Evanílson vão mal

Fred é o substituto natural de Evanílson, e pelos vencimentos que recebe em Laranjeiras tem status de titular. De todo jeito, o presidente Mario Bittencourt admitiu busca por reposição, corroborada nas entrelinhas por Odair Hellmann, que afirmou conversar todos os dias sobre reforços com a cúpula do futebol.

"Temos sempre que estar abertos a boas oportunidades. O mercado interno não está fácil e o sul-americano fechado. Se surgir algo dentro das nossas possibilidades, certamente nós faremos. Temos que ter calma, ainda mais nesse ano que o uso do grupo será grande", contou, indicando que o Flu está de olho na América Latina, de onde tirou dois reforços no ano: Fernando Pacheco e Michel Araújo.

Mesmo artilheiro, Nenê tem sido criticado pela torcida do Fluminense nas redes sociais - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Mesmo artilheiro, Nenê tem sido criticado pela torcida do Fluminense nas redes sociais
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Opção escolhida para o setor, Nenê não vivem boa fase, ainda que o meia de 39 anos seja um dos artilheiros do país em 2020. Dos 15 gols que fez, nove vieram de bola parada, sendo sete de pênalti.

Além disso, a performance na criação de jogadas e também na marcação complica o Flu em algumas partidas. Apesar disso, não jogou menos de 65 minutos em nenhuma das 27 partidas que jogou — a equipe perdeu nove vezes com ele em campo. Sem ele, são três vitórias (sobre Bangu, Madureira e Athletico) e uma derrota, com 11 gols marcados e apenas dois sofridos.

Já Marcos Paulo, que faz temporada irregular e tem sido constantemente substituído e barrado por Odair, não esconde sua vontade de ser negociado para atuar no futebol europeu. O problema é que as propostas não aparecem para o Fluminense — nem mesmo longe dos valores considerados bons para uma venda. Mal nos jogos, o jovem precisará compensar com mais vontade nos treinos para voltar a atuar como camisa 9, que ele mesmo considera sua posição ideal.

Muriel volta com falha, e reserva pede passagem

O goleiro, inclusive, merece um capítulo só dele. Após três partidas poupado por um desconforto muscular, o camisa 29 voltou ao gol do Flu com mais uma falha. Em que pese sua experiência e liderança no grupo, Muriel não faz bom 2020.

Com o reserva Marcos Felipe, a equipe sofria menos com erros técnicos, que se repetem com o titular ainda que não terminem influenciando no resultado. O camisa 1, que esteve na meta tricolor nos últimos três jogos, tem apenas uma derrota em 14 jogos como profissional — a última partida, contra o São Paulo — e pede passagem.

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Esta foi pelo menos a sexta falha grave de Muriel na temporada. E pela segunda vez em um Fla-Flu. Na semifinal da Taça Guanabara, foi em erros dele que o Rubro-Negro construiu a vantagem que garantiu a classificação.

Sempre prestigiado, o goleiro deveria ao menos ter seu caso melhor avaliado pela comissão técnica, uma vez que, por seus erros, que se refletiram no placar, o Tricolor desperdiçou pontos importantes no Brasileirão contra Bragantino e agora Flamengo. Odair Hellmann, ao ser questionado sobre as falhas de Muriel, chamou para si a responsabilidade.

"As falhas são coletivas. Tudo o que precisar ser corrigido individualmente farei internamente, com trabalho, conversa e cobrança. Os erros foram coletivos, e a responsabilidade maior é do treinador. O futebol é um jogo de erros. Temos que corrigir o máximo desses erros para ter os detalhes ao nosso favor, mas não individualizo erros. Eu sou o comandante, se alguém errou fui eu e os jogadores tentaram dar o seu melhor para conseguir a vitória", opinou.

Mais importante do que as performances, Marcos Felipe passou mais segurança à defesa — que teve a dupla de zaga alterada contra o Fla, com a barração de Nino e a escalação de Digão —, e não teve culpa nos gols que sofreu. Nos números, a média é parecida em gols sofridos por jogo: 0,78 do camisa 1 na carreira contra 0,92 de Muriel em 2020.

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