Luiz Alberto não aconselha brasileiros a jogarem no Boca: "recebem mal"
Resumo da notícia
- Luiz Alberto teve uma rápida passagem pelo Boca Juniors em 2010
- Ex-zagueiro de Flu e Santos não aconselha brasileiros a jogarem por lá
- "Os caras não recebem a gente bem, não aceitam, é muito difícil", disse
Ex-Santos, Fluminense e Athletico Paranaense, Luiz Alberto foi o último brasileiro a vestir a camisa do Boca Juniors - que entra em campo na noite de hoje (17) pela Copa Libertadores, contra o Libertad-PAR. A passagem pela Argentina aconteceu em 2010, e rendeu impressões tanto positivas quanto negativas no que diz respeito à experiência de atuar no futebol hermano.
"É tudo muito lindo, uma torcida apaixonada", diz o ex-zagueiro sobre a emoção de jogar um Boca x River na La Bombonera. Por outro lado, ele não aconselha jogadores brasileiros a jogarem por lá.
"Não vou mentir: um dos clássicos que joguei e fiquei impressionado foi Boca e River, com La Bombonera lotada, explodindo, o troço é muito louco, é muito apaixonante, é muito legal para o país. Mas se você me perguntar se eu aconselharia algum jogador brasileiro jogar lá, não indico, não, é difícil. Os caras não recebem a gente bem, não aceitam, é muito difícil", diz Luiz Alberto em entrevista ao UOL Esporte.
Os caras não recebem a gente bem, não aceitam, é muito difícil"
"Não tinha ambiente. O único ali que eu às vezes me entrosava era o Morel, o lateral esquerdo, que é gente boa. Os outros passavam e não cumprimentavam... É um ambiente muito difícil pra brasileiro, você tem que superar muitas coisas ali", acrescenta.
O ex-zagueiro ao menos diz não ter sofrido com racismo no Boca Juniors. Mas relembra episódios em que não se sentia bem tratado pelos argentinos.
"Comigo não, não tive esse problema [racismo] lá. A única coisa que eu tinha problema era com os taxistas. Eu levei meus filhos - tenho três, mas levei dois Então, era eu, minha esposa e meus dois filhos, e levei a babá da minha pequenininha... Era um parto, irmão! Eu tinha que pegar dois táxis pra onde ia, eles não aceitavam eu na frente e minha esposa, a babá e meus filhos [na época com 4 e 6 anos] atrás, tinha que ser só três atrás... Então, eu ia num táxi sozinho e elas vinham num outro táxi atrás... Nossa, foi muito difícil", conta.
Luiz Alberto fez apenas oito jogos com a camisa do Boca Juniors — entre eles o clássico contra o River Plate — e então pediu para sair. "Eles não pediram pra eu ir embora, quem pediu pra vir embora fui eu, pô, eu falei: 'Eu quero ir embora, quero voltar para o meu país'", completou.
VEJA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA:
Trajetória pós-Boca
Eu fui para o Boa Vista, e lá já me desanimou... Por que desanimou? Meu último ano no Fluminense foi muito difícil, com o problema quando o Cuca [atual treinador do Santos] estava lá, as coisas não estavam dando certo pra ninguém, estava muito ruim, nosso time era ruim pra caraca, não estava legal, não estava encaixado. Essas coisas aí sobrecarregavam os mais antigos, e, quem dava entrevista, quem botava a cara, era eu, as coisas estouravam em mim, então 2009 e 2010 não foram anos muito legais lá... E aí eu fui para o Boca, e no Boca estava muito ruim e eu já estava desanimado, queria parar de jogar futebol ali... E aí o João Paulo, o presidente do Boavista, falou: 'Vem aqui para o Duque, você fica treinando aqui, mantém a tua forma pra não ficar parado e no ano que vem joga pelo Boavista, quero você pra jogar o Carioca comigo. Eu falei 'beleza', então joguei o Carioca pra ele... E aí o [Mario Celso] Petraglia se interessou, o Athletico-PR estava na segunda divisão, eu fui lá, nós subimos e fizemos um ano do caramba no ano seguinte.
Melhores momentos da carreira
Melhor momento da minha carreira foi no Santos e no Athletico-PR. No Santos, tive uma passagem muito boa, trabalhei com o Vanderlei Luxemburgo, Nelsinho Baptista, Gallo, quem me contatou foi o Gallo... Ele assumiu e depois caiu, Serginho Chulapa ficou de interino e depois veio o Nelsinho Baptista. Depois ele caiu e assumiu o Vanderlei.
Athletico-PR
Tivemos um ano muito bom. Quando começou o Campeonato Brasileiro, o pessoal falava que o Athletico ia jogar pra não cair, que a gente tinha um time mais ou menos, e foi um ano tão bom que a gente foi pra final da Copa do Brasil - perdemos para o Flamengo - e no Campeonato Brasileiro fomos terceiro colocado.
Saint-Etienne e Real Sociedad
É muito diferente. Eu tinha 23 anos quando fui pra França, fui com meu primo, e a gente ficava no hotel e às vezes a tradutora não estava. A gente já deixava mais ou menos ajeitado com ela as refeições, tudo encaminhado com o pessoal da recepção, só que teve um dia que ela esqueceu, e a gente ia com o dedo [escolher a comida] na foto do frango, na foto da carne, arroz, essas coisas... A gente não sabia falar francês, né? Era muito engraçado. Um olhava para a cara do outro... 'O que vai pedir'? Foi muito engraçado, uma fase muito boa na França.
Já na Espanha foi mais tranquilo porque dava pra entender algumas palavras. Eu só não entendia o basco, não tinha como. Mas em espanhol dava pra entender alguma coisa, inclusive, aprendi depois, aí foi...
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