Falhas de Muriel cobram conta em campo, no bolso e pressionam Odair no Flu
De perfil agregador, Odair Hellmann tem o grupo do Fluminense em suas mãos. Benquisto por funcionários, atletas e diretoria, entretanto, o "Papito" sofre pressão — externa, é bem verdade — por alguns erros na condução do time em 2020. E muito por chamar para si a responsabilidade de erros individuais como o de Muriel, na eliminação para o Atlético-GO, na Copa do Brasil.
Não está na cabeça do presidente Mário Bittencourt ou do diretor-executivo Paulo Angioni uma demissão neste momento.
Ainda que o Tricolor tenha caído cedo demais nos mata-matas da temporada, a avaliação do trabalho é boa e o ano atípico por conta da pandemia do coronavírus também pesam a favor do técnico, que apesar de estar há nove meses no cargo, sofre com o calendário — como todos os adversários, a bem da verdade.
A pressão externa, entretanto, aumentou nas Laranjeiras. Ainda que não se pautem por redes sociais ou opiniões políticas, a cúpula de futebol do Flu sabe que o treinador não agrada à grande parte da torcida e tampouco faz a equipe ter boas atuações. No Brasileirão, o time de Odair venceu apenas um dos últimos seis jogos. Agora, a competição é a única em disputa para o Tricolor na temporada.
"Não responsabilizo jogador nem grupo. A responsabilidade é minha como treinador pelas decisões. Falhas no futebol acontecem na linha, no gol, futebol é um esporte de erros. Eu como comandante estou atento a todas as situações e tenho como característica passar confiança para os jogadores desempenharem o seu melhor", declarou Odair Hellmann em sua entrevista coletiva após a eliminação.
Algumas de suas opções, entretanto, são contestadas também internamente. A insistência em alternativas táticas que não deram resultado e até em peças — seja pela simples utilização ou sobre como são utilizadas.
Uma delas custou a eliminação, ainda que o técnico prefira (corretamente) "não individualizar culpa": o goleiro Muriel, que teve oito falhas graves em 2020 e não justifica o status de titular absoluto. Com o reserva Marcos Felipe, o rendimento é superior desde antes mesmo da chegada do técnico.
Em outras posições, como a lateral-esquerda, o treinador indicou a contratação de Danilo Barcelos, que apesar de chegar sob desconfiança provavelmente ganhará vaga na equipe titular por conta da má fase de Egídio. Se a modificação não der resultado, este será mais um motivo de cobrança.
Menos premiação diminui ainda mais receitas do clube
O erro dói também no bolso, já que o Tricolor deixou de receber R$ 2,6 milhões pela classificação para as oitavas de final. Ao todo, o Flu estimava em seu orçamento para 2020 receber ainda mais R$ 3,3 milhões pela classificação às quartas. As duas falhas do goleiro custaram quase R$ 6 milhões aos já combalidos cofres tricolores — valor bem próximo do que já foi oferecido por empresas para o patrocínio master e recusado pelo clube.
Em um ano de dificuldades impostas pela pandemia do novo coronavírus — o que evidentemente era impossível prever — o peso da diferença de premiações para o orçamento é ainda maior. Sem receitas de bilheteria e com valores menores em todas as outras previsões, o Flu precisará vender. E até para isso encontra problemas.
De malas prontas para a Europa, jogue no Olympique de Marselha ou em outra equipe, o atacante Marcos Paulo é outro que em momento algum foi peça importante ou pareceu adaptado com Odair Hellmann. Maior ativo do clube e considerado a grande revelação de Xerém em muitos anos, o jovem de 19 anos deve ser vendido por muito menos do que o esperado também pelo 2020 ruim, culpa, para muitos, compartilhada entre seu baixo rendimento e o mau aproveitamento por parte da comissão técnica.
Dois maiores investimentos do Fluminense em 2020, os estrangeiros Michel Araújo e Fernando Pacheco são exemplos das críticas recebidas pelo treinador: o primeiro é muitas vezes escalado fora de posição, e o segundo recebe poucas chances. Dentre os que pleiteiam mais minutos — e muita gente não entende porque não recebem — estão também Ganso e o jovem Miguel.
Odair dificilmente será demitido e terá chance para fazer mudanças na equipe, além de reforços que deve receber. No ataque, o Flu acertou com Lucca, do Al Khor, do Qatar, e está bem próximo de um acordo por Léo Jabá, do PAOK, da Grécia. O técnico também terá Fred recuperado e mais tempo para treinar por conta das datas da Copa do Brasil. Mas se os resultados e principalmente o desempenho não modificarem, sua permanência, como ele mesmo sabe, não está exatamente garantida.
"O trabalho no futebol brasileiro está sempre em avaliação: do primeiro ao último dia", resumiu.
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