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TRT suspende treinos e jogos do Fla por 15 dias. Multa é de R$ 10 milhões

Flamengo tem surto de coronavírus no elenco, com 19 jogadores infectados - José Jácome-Pool/Getty Images
Flamengo tem surto de coronavírus no elenco, com 19 jogadores infectados Imagem: José Jácome-Pool/Getty Images

Alexandre Araújo, Bruno Braz e Leandro Miranda

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/09/2020 14h54

Uma nova decisão liminar do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) proibiu hoje o Flamengo de jogar, treinar e viajar por 15 dias, período em que os jogadores e funcionários do clube deverão cumprir quarentena. A multa para o descumprimento da determinação é de R$ 10 milhões. Esta é mais uma decisão da Justiça comum que impede a realização do jogo entre Palmeiras e Fla, que estava marcado para hoje, às 16h, pelo Campeonato Brasileiro.

A liminar foi concedida pelo juiz Filipe Olmo, da 8ª vara, atendendo a pedido do Saferj (Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio de Janeiro). A suspensão das atividades do Fla por 15 dias não estava no pleito do sindicato, que queria apenas o adiamento do jogo de hoje, mas o juiz estendeu o entendimento e decretou a proibição maior.

"Na sexta, já havia conversado com alguns jogadores e eles estavam aguardando que o clube se movimentasse, no sentido de ter o jogo ou não. No sábado, sinalizaram uma preocupação em jogar por força da covid. Falei, então, que o sindicato estava à disposição, mas que os atletas que iriam para o jogo deveriam nos enviar, por escrito, um pedido para que nós atuássemos. E assim foi feito, chegou para a gente no período da tarde de ontem (26), e liberamos o jurídico para entrar com a liminar. Ela foi apreciada e, inclusive, o juiz acabou estendendo um pouco a decisão. Ele determina que, por 15 dias, o Flamengo não poderá ter treino. Isso foi uma decisão dele, não fazia parte do pedido. O pedido era focado no jogo, mas acho que o juiz, seguindo, de repente, uma linha lógica de raciocínio, estendeu a decisão", explicou Alfredo Sampaio, presidente da Saferj.

Mais cedo, uma outra decisão do TRT-RJ, assinada pela desembargadora Maria Helena Motta, havia negado recurso da CBF pedindo para reverter a decisão de primeira instância de adiar a partida. O adiamento aconteceu após pedido do Sindeclubes, sindicato do Rio de Janeiro que tem como presidente um funcionário do Flamengo. O Rubro-Negro passa por um surto de coronavírus, com mais de 40 infectados, sendo 19 jogadores, e não quer jogar hoje.

Apesar das derrotas no TRT-RJ, a CBF ainda tenta fazer com que a partida aconteça hoje. A entidade recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. A confederação também entrou com ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que este julgasse a competência da Justiça comum para decidir sobre o caso, mas já teve o pedido negado.

Para o Flamengo, o adiamento seria uma questão de "saúde pública". Um outro ponto que tinha sido destacado pelo clube carioca foi que os profissionais que dão suporte ao elenco foram expostos ao vírus, o que impedia que exercessem suas atividades até a data da partida.

O Palmeiras, por outro lado, sempre se mostrou contra a mudança na data do confronto, "comprando a briga" pela manutenção do dia original e tendo, inclusive, a participação de seus jogadores na articulação nos bastidores. O presidente alviverde Maurício Galiotte afirmou que, caso o protocolo acordado pelos clubes antes do Brasileiro não seja cumprido, a competição precisa ser paralisada.

Paralelamente à batalha judicial, os clubes da Série A articulam retaliações ao Flamengo, incomodados com o que consideram ser uma postura de "soberba" do Rubro-Negro. Além da busca pelo adiamento do jogo contra o Palmeiras, também causou irritação nos demais times o fato de o Fla fazer campanha de forma isolada pela volta antecipada do público aos estádios, ignorando acordo informal entre os clubes de discutir o tema de forma conjunta apenas em novembro, no segundo turno do Brasileirão.