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Após criar clube nos EUA, empresário tenta torná-lo uma potência no Brasil

Brasileiro, o empresário Renato Valentim é o fundador do Boston City nos Estados Unidos e em sua terra natal - Divulgação
Brasileiro, o empresário Renato Valentim é o fundador do Boston City nos Estados Unidos e em sua terra natal Imagem: Divulgação

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

30/09/2020 12h00

Nascido em Manhuaçu, no interior de Minas Gerais, Renato Valentim deixou o Brasil em 1998 para estudar inglês nos Estados Unidos. O que era para ser uma aventura temporária se transformou na vida do empresário, um dos fundadores do Boston City, clube de futebol criado na cidade homônima e que tem uma filial em sua terra natal.

Ao lado de Palhinha, em 2015, o mineiro decidiu pela criação do clube que hoje disputa a NPSL (National Premier Soccer League), a terceira divisão estadunidense. Com planejamento de jogar a USL Championship em breve, decidiu também investir no esporte em terras brasileiras e vê o time disputar divisões inferiores do futebol mineiro.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Renato Valentim contou a sua história e explicou como surgiu a ideia de investir no Boston City:

"Eu sou de Manhuaçu, eu vim aos Estados Unidos em 1998, em janeiro de 1998. Eu vim para cá estudar e consegui trabalhar durante o tempo que estava estudando. Pensei em voltar ao Brasil depois de estudar o inglês para competir melhor no Campeonato Brasileiro. Eu vim para ficar quatro, cinco anos e voltar ao Brasil. Eu me encantei com a cultura americana. Depois de seis anos vivendo aqui, consegui a minha cidadania americana. Foi assim que me encantei com os Estados Unidos".

"Eu cheguei aqui em 1998, estudei administração, culinária, me preparei para iniciar meu negócio aqui hoje. Eu tenho dois sócio, um irlandês e um decendente de português de Portugal. A gente tem essa franquia de restaurantes, com mil e poucos funcionários, 12 restaurantes, com projeto para abrir mais cinco nos próximos dois anos. Eu terminei meus cursos e me preparei. Depois de seis anos, eu abri meu primeiro restaurante — o Tavern in the Square —, ao lado da faculdade de Harvard. Em 2004, eu abri o meu primeiro restaurante. Aí comecei crescendo. A gente foi um sucesso, partiu para os próximos e está nessa trajetória de abrir no mínimo dois restaurantes por ano. Eu vivo o sonho do americano. O americano sonha em viver o que vivo aqui hoje", acrescentou.

Em 2015, depois de conversa com o ex-jogador Palhinha, que hoje preside o União de Almeirim-POR, decidiu fundar o Boston City FC. O ex-atleta, que tem passagens memoráveis por São Paulo e Cruzeiro, se tornou mandatário e treinador da equipe por quatro anos.

"Eu sempre vi a necessidade de um clube que oferecesse uma coisa mais acessível para as pessoas que gostam de futebol. Tem um clube aqui da MLS que joga no Gilette Stadium, do [New England] Patriots. É a uma hora e meia de Boston. Eu conheci o Palhinha, que jogou no Cruzeiro e no São Paulo. Ele chegou aqui em Boston e, com o projeto de fundar o clube aqui, eu apresentei a ele esse projeto e fundamos o Boston City em 2015. Fundamos com a ideia de levá-lo para outros continentes, porque é um nome muito forte, projeto bem planejado", comentou Renato Valentim, que ainda explicou a chegada do clube ao Brasil:

"Nós acreditamos que os Estados Unidos serão o centro do mundo no futebol, até pelo sucesso em outros esportes, pelo poder aquisitivo. Eles são os melhores em tudo o que fazem. A gente acredita muito no fato de o futebol ser uma potência aqui no futuro próximo. A gente usando a questão da credibilidade americana, gostaria de levar para outros continentes. A gente teve conversas com várias cidades do Brasil, em Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo... Aí decidimos levar o Boston City no fim de 2017 para Manhuaçu, por ser minha cidade natal, por eu ter uma série de vantagens".

Filiado à Federação Mineira de Futebol, o que custa cerca de R$ 600 mil, o time se consagrou inicialmente nas divisões de base, o que é um desejo de Renato Valentim. Hoje, cria uma estrutura multiuso no interior de Minas Gerais e fala até em chegar à elite do futebol nacional.

"Nós estamos no Brasil desde 2018. Disputamos campeonato de base já em 2018, disputamos a segunda divisão desde 2018. O sub-15 nosso foi campeão da terceira divisão. Os outros também subiram. Disputamos a primeira divisão das categorias de base e a segunda divisão do profissional. A gente precisa ter estrutura física para o clube ter sucesso. Já iniciamos a terraplanagem do centro de treinamentos e do estádio. Eles serão anexados. A gente já está com um projeto de adicionar os assentos extras ao estádio, porque para disputar uma primeira divisão do Campeonato Brasileiro, a CBF exige que tenha 12 mil lugares no estádio ao menos", declarou.

"Estamos criando uma estrutura física que, em Minas Gerais, só Cruzeiro e Atlético-MG têm, nem o América-MG tem. Se a gente está criando uma estrutura física como essa é para brigar [na elite do futebol]. O primeiro foco nosso no Brasil é ter uma base forte. Nosso foco é ser conhecido como um clube formador inicialmente. O nosso objetivo é chegar à primeira divisão do Mineiro e disputar uma divisão nacional. A gente tem certeza absoluta que vai conseguir alcançar esses objetivos. É um projeto do interior, o que a gente está fazendo para Manhuaçu nós estamos sendo pioneiros. É um estádio com centro de treinamentos em anexo. É um estádio multiuso, com grama sintética. Eu fechei com a Soccer Grass, a mesma empresa que fez o estádio do Palmeiras. O estádio em si é multiuso, com palco fixo lá. Vai ter salão de festa para o dia que tiver jogo. É um projeto muito grande para a região. É um projeto pioneiro pelo jeito que a gente está fazendo lá, com essa situação toda de ser multiuso, com sala de cinema, espaço para eventos, shows. Você pode fazer desde o batizado do seu filho até um funeral lá", concluiu.