Gre-Nal numerado virou mania com radialista e mudou "nome" do clássico
Grêmio e Internacional se enfrentam amanhã (3), na Arena do Grêmio, pela sexta vez na temporada. Mas para os mais íntimos, o jogo tem nome e sobrenome: Gre-Nal 428. O hábito de chamar o clássico pelo número se popularizou na década de 1980 graças a um radialista e mudou um pedaço da rivalidade que divide o Rio Grande do Sul. Aliás, a numeração oficial de jogos entre gremistas e colorados é motivo de polêmica.
O Gre-Nal deste 3 de outubro é válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. A bola rola às 17h (horário de Brasília), e o Grêmio defende invencibilidade história de dez clássicos.
Para entender o impacto de chamar Gre-Nal pelo número do jogo, é preciso voltar no tempo. Em boa parte da história centenária do clássico, os jogos ganharam apelidos em alusão aos heróis ou vilões das partidas. Sim, o batizado informal, boca a boca pelas ruas e no meio do povo, levavam em conta o que já tinha acontecido. Ou então o contexto.
Até a década de 1970, foi comum ouvir "Gre-Nal da inauguração", "Gre-Nal do Borracha", "Gre-Nal do Zequinha", "Gre-Nal do André Catimba", "Gre-Nal do Ibsen". Sempre com menção a um personagem, a uma história. A rotina mudou.
Antonio Augusto, radialista que se notabilizou por ficar no estúdio acompanhando resultados paralelos, foi que mexeu nesta página do Gre-Nal. O criador da função do plantão esportivo, aquele que informa partidas e classificações no decorrer de uma transmissão de rádio, teve uma ideia antes de ver Grêmio e Inter em campo de novo. Juntar todas as estatísticas do clássico, contar o número de jogos e usar isso no dia da partida.
"Ele tinha todos os jogos anotados e pensou em se referir ao jogo com número sequencial, eventualmente aludindo a algum fato especial", conta Antonio Augusto Filho, herdeiro dos arquivos históricos do pioneiro da função no jornalismo esportivo brasileiro.
Não existe um registro específico sobre a mudança, mas historiadores dos dois lados da rivalidade concordam que a tese — com relato da família, é sólida. Antonio Augusto, dos estúdios da Rádio Guaíba, mudou o jeito de se falar em Gre-Nal.
"Existem registros em jornais da década de 1960 citando número do Gre-Nal, mas muito provavelmente foi o Antonio Augusto que fez isso se tornar popular mesmo", comenta Raul Pons, historiador colorado.
A popularização da loteria esportiva e o sistema simples ajudaram a emplacar e a ideia foi absorvida pelo público. O termo bem radiofônico migrou para jornal, TV e até jornalismo online nos anos seguintes. Atualmente, Gre-Nal e números não se separam.
A contagem oficial de clássicos aponta que já foram disputadas 427 partidas. Um grupo de pesquisadores considera que o Gre-Nal pode ter inclusão de duelos entre times reservas — algo comum na era do futebol amador e recorrente agora, com Brasileirão de Aspirantes e também a Copa FGF.
A polêmica dos reservas é pelas partidas válidas pela Copa FGF (torneio estadual disputado no segundo semestre, com times do interior e a dupla Gre-Nal representada por equipes B — soma de jovens da base e atletas acima dos 23 anos que estão fora dos planos do plantel principal).
O ponto pacífico entre pesquisadores e historiadores, quando o assunto é jogo fora da lista de partidas oficiais, é o Gre-Nal de agosto de 1918. Naquele dia, Alvaro Ribas — jogador do Inter —, foi esfaqueado por um torcedor do Grêmio e o jogo parou com placar de 1 a 0 para os gremistas. A partida até chegou a ser remarcada para a conclusão, mas como o campeonato havia terminado e o Cruzeiro-POA tinha vencido, os dirigentes gremistas não quiseram entrar em campo. A dúvida histórica é se o jogo vale como vitória do Grêmio ou W.O.
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