Até 30 mil lugares e 54m de altura: como é o projeto da nova Vila Belmiro
O Santos passou a viver nos últimos dias a expectativa de ver a reforma integral da Vila Belmiro já a partir do próximo ano. O projeto básico da obra, assinado por Luiz Volpato, será apresentado ao Conselho Deliberativo na próxima quinta-feira (8).
Se aprovado, os planos para a Nova Vila terão prosseguimento com a realização do projeto executivo, com início da obra previsto para o primeiro semestre do ano que vem.
Com base nas imagens divulgadas por José Carlos Peres, horas após o Conselho Deliberativo decidir pelo afastamento do presidente e a abertura do processo de impeachment, o UOL Esporte entrevistou Luiz Volpato para dar detalhes do projeto, que prevê reforma total, capacidade para até 30 mil torcedores e uma estrutura de 54 metros de altura.
"Pela história do Santos, falei ao presidente que não temos de fazer um estádio, temos de fazer um teatro. O Santos não formou jogadores. O Santos formou artistas. Vamos fazer um teatro, um grande teatro. Confortável, coberto, com a capacidade que der. Ele vai entrar num nicho muito particular. Pois há vários estádios. Mas um estádio extremamente compacto, coberto. Será um equipamento único", disse.
Confira a entrevista na íntegra
UOL Esporte: Como construir um estádio deste num espaço tão pequeno?
Luiz Volpato: O ponto-chave, a partir do momento que tem o terreno, é a capacidade. Qual é a capacidade ideal, em função do público médio em competições que o clube joga, e a limitação. Nesse caso, a limitação é evidente. Tem um terreno de 18 mil metros quadrado, que é um terço, metade da maioria dos estádios do mundo, e não tem para onde crescer. O princípio é: vamos estudar para conseguir colocar a capacidade máxima. Ela está atrelada diretamente à forma e à dimensão do terreno, além da curva de visibilidade. É preciso respeitar que cada torcedor tenha 100% da visão do campo de jogo. Modelamos das mais diversas maneiras, sempre buscando o fechamento completo da arquibancada. Trabalhamos todas as angulações para ter a melhor circunferência da primeira arquibancada. Muito difícil encontrar um modelo que coloque mais de 25 mil cadeiras nesse terreno. O desenho foi todo recortado, para aproveitar cada ponto de visibilidade.
UOL: Será uma reforma total ou parcial?
Luiz Volpato: É total. Reformas em geral são mais caras e colocam em situações de prejuízo o produto final. A reforma, para ser levada em consideração, precisa realmente ter justificativa. A Vila tem uma história incrível e procuramos trazer os ídolos eternos, os meninos da Vila na fachada, o memorial no mesmo lugar. Querer nortear um projeto, com as condicionantes que tem, entendemos que é um contrassenso. A história do Santos está na cabeça das pessoas. Esse estudo fará parte do detalhamento do projeto executivo. A Vila é um tesouro e tudo que estiver ali que for possível manter. Cadeiras, memorial, pedaços de parede será trabalhado, como se fosse peças de tesouro, para fazer o encaixe nessa nova estrutura, para manter a memória, a história. Mas ainda não chegamos nesse nível. Nosso trabalho é fazer da Vila mais famosa do mundo a mais frequentada do mundo. Acho que a Vila pode se transformar como o Caminito [colorido reduto no bairro La Boca, em Buenos Aires], virar um centro de comércio, lojas, restaurante, com turismo, turismo e turismo.
UOL: O estádio terá capacidade para quantos torcedores?
Luiz Volpato: Uma alternativa que falamos, para jogar competições internacionais com mínimo de 30 mil, é criar setor popular se aplicação de cadeiras ou cadeiras móveis. Para que consiga nesses eventos cumprir o requisito. Tem um setor do lado esquerdo das cabines de rádio, das entradas dos clubes, ali está pensado um espaço para as torcidas organizadas, já sem cadeira, por uma questão da mobilidade deles, da forma como eles acompanham o jogo. Se fizer isso do outro lado, já dá 30 mil. Teria a organizada de um lado e um setor com preço diferenciado do outro, sem cadeira. A regra permite que aumente a capacidade no degrau sem cadeira. Poderá ser cadeiras móveis. É uma decisão de operação. Pode já nascer sem ou cria uma cadeira móvel, que tira e coloca de acordo com a necessidade.
UOL: Como será a estrutura do estádio?
Luiz Volpato: O princípio é assim: até a cota dez, dez metros de altura do nível da calçada, é uma obra comum, de concreto. Sobre ela vai ter um gramado sintético que ocupa uma espessura muito baixa, o sistema de drenagem e irrigação é muito simples. A partir daí sai a estrutura metálica que vai suportar as arquibancadas, os camarotes. Essa estrutura dá essa possibilidade. O estádio pequeno nessa hora se reverte, a estrutura física favorável, com um anel de compressão central que suporta a cobertura translúcida. Os pilares estão todos na borda. A arquibancada inferior, se olhar a última linha do degrau, é exatamente o desenho da calçada. Ela vai no limite. E, na ponta dessa arquibancada, que são seguradas por pilares de concreto, nascem os pilares metálicos. Eles se fecham nesse anel central, um anel de compressão que fecha o sistema estrutural. Os camarotes e a Vila são pendurados nessa cobertura, apoiados parcialmente nesses pilares de fachada e na cobertura.
UOL: A cobertura cobrirá 100% do campo?
Luiz Volpato: Sim, tem a possibilidade de ventilação natural, mas é 100% coberto, fixa. Tem uma estrutura metálica que segura o vidro, será 100% fechado.
UOL: Onde ficará o estacionamento? Qual será a capacidade?
Luiz Volpato: O estacionamento é central, embaixo do campo, é um vão de dez por oito, com circulação de automóveis perfeita. Posicionamento das vagas com largura 2,5 metros e 5 metros de comprimento, na melhor condição. O princípio é construir as bordas, sem fazer o centro. Monta a cobertura metálica e depois faz três andares de garagem. Serão 900 vagas
UOL: Qual será a altura do estádio?
Luiz Volpato: O estádio terá 54 metros de altura, isso dá um edifício de 17, 18 andares. O campo está a 10 metros do chão, são três andares. Nesse espaço estão alocados as lojas, em contato direto com a rua, as garagens e a esplanada. Tem a área de alimentação, sanitários e as escadas que dão acesso às arquibancadas. Fora os três andares de baixo, quando começa o campo, tem a arquibancada inteira e depois tem um primeiro balcão, que é parcial por causa da visibilidade. Depois tem três anéis completos, de camarotes, vips, com fechamento de vidro, e a Vila, na cobertura.
UOL: Como se adaptar aos espaço das calçadas?
Luiz Volpato: Hoje tem partes que o alinhamento predial rouba a calçada na íntegra. O que fizemos: devolvemos a calçada integralmente no térreo, até a cota 5,70 m. A partir da esplanada avançar ao limite do meio-fio. A perda para o município será nenhum. Apresentamos essa questão à prefeitura, seguramente terá de ser feito um ajuste na lei. Mas a prefeitura mostrou que só traz benefícios para a cidade. Eles entendem que não terá dificuldades para essa aprovação, mesmo porque estamos devolvendo a verdadeira caixa da rua.
UOL: Como vê uma arena dessa magnitude em um bairro residencial?
Luiz Volpato: A WTorre também tem um estádio central. Cada lugar é um lugar. Temos muita convicção de que a cidade terá um ganho sem precedente. A obra não é faraônica. É algo que parece monumental, mas não tem nada de monumental.
UOL: Há estimativa de valor para a obra?
Luiz Volpato: Não tem como, numa fase de projeto, dizer quanto vai custar. Para isso precisa dos projetos do detalhamento, porém a ordem de R$ 250 milhões que foi colocado sobre a mesa, a gente sabe que não pode exagerar, são 89 mil metros quadrados de obra. Quisemos dar à fachada um caráter de fortaleza, que as pessoas enxerguem o Santos. Faremos com chapa de fibra de carbono, dá um caráter de força com o símbolo do Santos. Com exceção desse elemento, o resto é concreto aparente, pintura no que for necessário. Arquibancada é concreto aparente com cadeiras brancas. Pensamos em algo que podemos chegar no final rondando esse número.
UOL: E prazo?
Luiz Volpato: Tem um cronograma firmado já, mas isso tudo precisa de um redesenho. Precisamos saber os próximos passos. A votação é imediata. O cronograma era fazer ainda este ano fazer a contratação dos projetos complementares para que se possa sair um orçamento da obra para no primeiro semestre começasse realmente as obras. Estima-se um tempo de obra de 18 meses. No caso do Athletico-PR [Arena da Baixada], fizemos a primeira fase, com capacidade para 25 mil torcedores, em 16 meses.
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