Juventus vai a campo, mas Napoli não aparece e pode levar W.O.
Ainda em sua terceira rodada, a edição 2020/21 da Série A da Itália já vive uma polêmica entre dois de seus principais times que pode, inclusive, abrir precedentes para o futuro do campeonato.
Proibido de embarcar para Turim para o clássico de hoje contra a Juventus devido à descoberta de três casos do novo coronavírus, o Napoli pode ter decretada uma derrota de W.O. por 3 a 0.
Mesmo sabendo que o clube azzurro não havia conseguido viajar, a Velha Senhora e a equipe de arbitragem se apresentaram para o jogo no Allianz Stadium.
Seguindo o protocolo, o árbitro Daniele Doveri esperou 45 minutos e, na ausência do Napoli, cancelou a partida. A decisão sobre o W.O. ficará a cargo da Série A e, em última instância, da Justiça Desportiva.
A diretoria do time napolitano havia entrado em contato com as autoridades sanitárias da região da Campânia para saber como proceder após dois jogadores —Zielinski e Elmas— e um membro da comissão técnica terem testado positivo para o novo coronavírus.
Há uma semana, o Napoli enfrentou o Genoa, que depois viria a descobrir 22 infectados no clube, incluindo 17 jogadores. Em resposta, a Agência Sanitária Local (ASL) do Norte de Nápoles enviou ao clube uma carta dizendo que não existiam "condições que permitissem o deslocamento em plena segurança".
"Portanto, por motivos de saúde pública, permanece a obrigação dos contatos estreitos de respeitarem o isolamento domiciliar", diz o documento.
Com o termo "contatos estreitos", a ASL faz referência a todos aqueles que tiveram contato próximo com os infectados no Napoli, o que inclui o elenco de jogadores.
"Levando em conta que os jogadores do Napoli, viajando a Turim, teriam contatos inevitáveis com uma pluralidade de terceiros (funcionários de aeroporto, tripulantes e passageiros do voo, funcionários do hotel e jogadores da Juventus), acredita-se que as condições não permitam o deslocamento em segurança", disse a ASL.
Divergências
Após o "caso Genoa", a Série A da Itália havia determinado que um clube poderia pedir o adiamento de partidas uma única vez na temporada, e somente se registrasse 10 ou mais contágios simultâneos entre os jogadores.
O Napoli, no entanto, alega que foi impedido de viajar pelas autoridades sanitárias da Campânia e que não teve opção a não ser ficar em Nápoles. Se viajasse a Turim, o clube azzurro poderia ser denunciado por descumprir o isolamento.
Já a Serie A, que administra a elite do futebol italiano, alegou que não havia motivos para adiar a partida. Segundo a entidade, a carta da ASL de Nápoles é uma notificação protocolar a respeito do isolamento domiciliar daqueles que tiveram contato com infectados.
No entanto, ainda de acordo com a Liga, neste caso deveria prevalecer o protocolo da Federação Italiana de Futebol (Figc).
"O protocolo prevê regras exatas que permitem a disputa das partidas do campeonato mesmo em casos de positividade, escalando jogadores com resultados negativos nos exames", disse a Lega Serie A.
O protocolo não leva em conta a hipótese de atletas infectados transmitirem o coronavírus durante o período de incubação, como pode ter acontecido no Genoa.
Onze jogadores que testaram positivo ao longo da semana passada haviam tido resultados negativos antes de enfrentar o Napoli e participaram da partida.
O clube azzurro avisou inclusive as seleções nacionais que seus atletas convocados para a próxima data Fifa não poderão se apresentar.
Em uma nota, o comitê técnico-científico do governo italiano (CTS) afirmou que, no caso de jogadores positivos para o Sars-CoV-2, a responsabilidade de fazer cumprir os protocolos de isolamento válidos para todo o país é das autoridades sanitárias regionais.
O presidente da Juventus, Andrea Agnelli, entrevistado pela Sky Sports, revelou que o mandatário do Napoli, Aurelio De Laurentiis, chegou a enviar uma mensagem propondo o adiamento da partida.
"Respondi que a Juventus segue os regulamentos e que há um protocolo claro", declarou.
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