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Pedido da Fifa faz seleção viver bolha inédita no país contra covid-19

Marquinhos, zagueiro da seleção brasileira, faz teste para a Covid-19 após apresentação do grupo na Granja Comary - Lucas Figueiredo/CBF
Marquinhos, zagueiro da seleção brasileira, faz teste para a Covid-19 após apresentação do grupo na Granja Comary Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo

06/10/2020 04h00

Nove jogadores são esperados hoje (6), na Granja Comary, para completar o grupo da seleção brasileira que entra em campo na sexta (9) e terça-feira (13), pelas duas primeiras rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. Depois da chegada deles, portão fechado.

É que a seleção, por orientação da Fifa e ao contrário do que previam Conmebol e CBF anteriormente, estabeleceu um regime de restrição máxima na circulação de pessoas no local de treinamentos. Apenas jogadores, profissionais da comissão técnica e funcionários, desde que submetidos a testes de covid-19, são autorizados. Familiares, estafes e imprensa não têm qualquer acesso.

A bolha da seleção é um procedimento completamente diferente do costume. Primeiro, porque nenhuma competição de clubes do futebol nacional passou por algo do tipo, ao contrário do que ocorreu fora do país — na reta final da Liga dos Campeões 2019/2020, por exemplo. Segundo, porque o dia a dia da seleção é sempre agitado pelas visitas e encontros pessoais fora dos horários de atividades.

Esse tipo de procedimento sempre foi valorizado na rotina da seleção, já que quase 80% dos jogadores atuam fora do país e têm pouca chance de encontrar parentes, amigos e profissionais do entorno. Também há frequentemente a possibilidade de uma folga no pós-jogo. Nada disso terá espaço em 2020, como diz o zagueiro Marquinhos, que viveu no PSG a bolha da Champions em Portugal e agora repete o processo.

A seleção sempre teve muita atenção, muita gente seguindo, família, fãs e torcedores. Agora, é um momento diferente, único, em que temos que dar um passinho para trás para combater esse vírus e esse momento difícil. Eu já tive essa experiência nas finais da Champions League, quando ficamos completamente isolados em uma bolha no hotel, pensando só em treinar, jogar, dormir e se alimentar, sem receber ninguém.

Uma das razões deste isolamento rígido foi a preocupação dos clubes e entidades da Europa, pois quatro países sul-americanos estão no top 5 de mais mortes por milhão de habitantes pela Covid-19, segundo a última estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). O lateral direito Danilo, da Juventus, por exemplo, enfrentou um pequeno imbróglio para ser liberado à seleção porque houve casos da doença entre funcionários do clube e autoridades sanitárias não recomendavam a viagem.

Thiago Silva e Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Thiago Silva e Tite se cumprimentam usando máscaras na apresentação da seleção, ontem (5)
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Além da imposição de falta de contato com o mundo externo, a CBF também alterou questões internas da Granja Comary, como refeitório e transporte, segundo diz o médico Rodrigo Lasmar: "Nosso objetivo é criar um ambiente seguro para que todos tenham condições de trabalho com segurança visando ao retorno da seleção brasileira e ao início das Eliminatórias. Todas as medidas protetivas são tomadas, orientação ao uso de álcool em gel, distanciamento e uso de máscara, além de todas as adaptações que já foram feitas".

A seleção brasileira prevê três treinamentos com o grupo completo até a estreia na sexta-feira, às 21h30, contra a Bolívia, na Neo Química Arena. Na terça seguinte encara a seleção do Peru, fora de casa. E tudo isso em segurança.