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Presidente do Cruzeiro chama de 'ladainha' crítica da defesa de Pires de Sá

Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, é questionado por atual mandatário da Raposa - Bruno Haddad/Cruzeiro
Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, é questionado por atual mandatário da Raposa Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

06/10/2020 04h00

As fortes declarações do atual presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, em relação aos processos judiciais contra os ex-cartolas do clube levaram o advogado de Wagner Pires de Sá, ex-presidente da Raposa, a discordar na Justiça do comportamento do atual mandatário celeste.

Em contestação protocolizada na 35ª Vara Cível de Belo Horizonte, em 16 de setembro, pelo processo que o Cruzeiro tenta arresto cautelar nas contas dos ex-dirigentes, a defesa de Pires de Sá afirma que Sérgio Santos Rodrigues cria espetáculo midiático em torno do caso e promove "fogueira virtual" que instiga atos violentos contra o antigo dirigente.

"O autor, ardilosamente, utiliza dados deste processo para inflamar a opinião pública e, mais que isso, com o indisfarçável propósito de disseminar o ódio e a violência (...) Não se pode distorcer a finalidade dos atos processuais do Poder Judiciário numa espécie de fogueira virtual para incitar a violência (...)", apontam partes da petição produzida pela defesa de Wagner Pires de Sá.

Os advogados do ex-presidente celeste citaram diretamente Sérgio Santos Rodrigues em uma das recentes movimentações no processo que o Cruzeiro entrou contra seus ex-dirigentes. A defesa de Pires de Sá menciona o vídeo em que o atual chefe-executivo cruzeirense aparece rasgando peça que faz parte do referido processo judicial.

"A exploração midiática deste processo pelo atual Presidente do Autor, o advogado Sérgio Rodrigues, é algo que extrapola todos os limites da urbanidade, da serenidade, do próprio respeito e confiança no trabalho do Poder Judiciário, afrontando os mais caros valores da dignidade da pessoa humana, um dos pilares do Estado Democrático de Direito (...) O atual Presidente do Clube Autor, o advogado Sérgio Santos Rodrigues, num desatino irresponsável e injustificável, faz acusações levianas, expõe de maneira vil, indo ao absurdo de rasgar uma peça deste processo, sob a qual V.Exª. nem sequer se pronunciou, ainda, sobre o mérito. Trata-se, no mínimo, de ato atentatório à dignidade da justiça, merecendo a devida reprimenda por parte do Poder Judiciário", critica a defesa do ex-presidente.

"Não se pode afrontar o Poder Judiciário, querendo fazer Justiça com as próprias mãos, faltando com a compostura de aguardar com serenidade a soberana decisão judicial sobre os fatos!", aponta outra parte da defesa na contestação do processo de arresto cautelar movido pelo Cruzeiro.

O presidente do Cruzeiro respondeu às críticas feitas pelo advogado de Wagner Pires de Sá em defesa de seu cliente e disse que o ex-presidente faz "papel de vítima, quando, na verdade, é réu". Sérgio Rodrigues ainda chamou de "ladainhas jurídicas" as justificativas do responsável por defender o ex-presidente do clube.

"Na ausência de um Direito para defender, Wagner Pires de Sá quer se tornar vítima quando, na verdade, é réu. Eu, como presidente do clube, nem perco tempo de ler essas ladainhas jurídicas, já que estou trabalhando muito para consertar os estragos causados por Wagner e sua turma. Assim, como não li e não vou ler, não tenho o que comentar. Continuo esperando somente que ele pague por todos os prejuízos causados, conforme já exposto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público", disparou contra Pires de Sá ao UOL Esporte.

Wagner Pires de Sá se defende do apontamento feito pelo Cruzeiro, com base em declaração do Imposto de Renda do exercício de 2019, que o ex-presidente guarda em sua residência mais de R$ 5 milhões em "dinheiro vivo". A Justiça, inclusive, determinou no mês passado, arresto cautelar e busca judicial no endereço do ex-cartola, que nega ter essa quantia em sua casa.

"Embora negue que tenha declarado à Receita Federal do Brasil que possui mais de R$ 5 milhões em dinheiro guardado em casa, acusando o Cruzeiro de litigância de má-fé, o ex-presidente Wagner Pires de Sá, paradoxalmente, não apresentou sua declaração de Imposto de Renda. Parece se esquecer de que o ônus é de quem alega, o que lhe impunha o dever de revelar os documentos que dariam suporte à sua fala. A respeito das acusações feitas por Wagner Pires de Sá ao atual presidente, o Cruzeiro não irá se pronunciar. O Clube apenas lamenta que, ao invés de refutar a acusação que lhe é feita, o ex-presidente use do seu direito constitucional à defesa para ataques pessoais a Sérgio Santos Rodrigues", disse o superintendente jurídico do Cruzeiro, Flávio Boson, em entrevista ao UOL.

Protesto de torcedores

Persona non grata para os torcedores do Cruzeiro depois do rebaixamento à Série B do Brasileirão no ano passado e das denúncias de irregularidades em sua gestão, entre o fim de 2017 e 2019, Wagner Pires de Sá foi alvo de protesto de torcedores nas ruas de Belo Horizonte.

Na última semana, enquanto confraternizava com amigos em um bar da região centro-sul da capital, Wagner foi chamado de "bandido" e ouviu diversos xingamentos direcionados a ele. Um dos manifestantes, inclusive, perguntou ao ex-cartola se ele "não tinha vergonha na cara".

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