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Armênio não é o primeiro jogador a ir para guerra; relembre outros casos

O jogador armênio Liparit Dashtoyán, que morreu aos 22 anos, no enclave separatista da região de Nagorno Karabakh, no Azerbaijão.  - Reprodução/FC Alashkert/Facebook
O jogador armênio Liparit Dashtoyán, que morreu aos 22 anos, no enclave separatista da região de Nagorno Karabakh, no Azerbaijão. Imagem: Reprodução/FC Alashkert/Facebook

Beatriz Coelho Cesarini

Do UOL, em São Paulo

06/10/2020 13h03

O jogador de futebol armênio Liparit Dashtoyán morreu em combate aos 22 anos de idade. O atleta abandonou os gramados para servir seu país no conflito separatista da região de Nagorno Karabakh, no Azerbaijão. A notícia sobre a morte do jovem do Alashkert-2 foi um choque, principalmente pelo contexto. Mas essa não é a primeira vez que um futebolista deixa seus sonhos no mundo da bola para ir à guerra.

"Dashtoyán entrou na lista dos heróis que deram suas vidas pelo país. Descanse em paz, soldado", escreveu a equipe, que disputa a segunda divisão do campeonato nacional da Armênia.

Ver um jogador de futebol servindo seu país em uma guerra parece inimaginável. Mas, justamente por apresentarem boas condições físicas, alguns estão sujeitos a serem convocados para guerras.

Veja outros casos:

Varazdat Haroyan (zagueiro)

Acostumado a jogar pela seleção da Armênia, Varazdat Haroyan foi convocado para defender a sua pátria no mesmo conflito no qual Liparit Dashtoyán foi morto. O zagueiro atuava no Ural Yekaterinburg, da Rússia, e estava prestes a assinar com o AEL Larissa, da Grécia, mas decidiu se afastar do futebol para se apresentar ao exército de seu país.

"Agora é guerra oficialmente, então Haroyan não poderá ir para a Europa. Ele foi convocado e, assim como todos os cidadãos armênios abaixo de 40 anos, já está na zona de guerra. Me desculpe, são momentos difíceis para o nosso país", escreveu o empresário do atleta, ao presidente do AEL Larissa.

Os conflitos em Nagorno Karabakh começaram na semana passada. No último domingo (4), foram ignorados apelos internacionais de trégua e se intensificaram os disparos de artilharia, sobretudo em Stepanakert, a capital separatista, e em Ganja, a segunda maior cidade do Azerbaijão.

Os "Batalhões de Futebol" na 1ª Guerra Mundial

Durante a Primeira Guerra Mundial, o exército britânico decidiu criar batalhões compostos somente por futebolistas profissionais. Os atletas eram reconhecidos como os homens fisicamente mais aptos para o combate e foram obrigados a se juntar aos combatentes.

O primeiro Batalhão do Futebol foi formado em 1914, e 35 atletas se alistaram de imediato. As autoridades britânicas usavam os profissionais também para fazer propaganda aos companheiros que ainda não tinham se alistado. Jogadores de clubes como Arsenal, Tottenham, Chelsea e Crystal Palace ficaram disponíveis para servir o país. Cerca de 200 "jogadores-soldados" morreram em campo de batalha.

Inglês trocou o futebol pela guerra e levou time inteiro

O ex-zagueiro Harry Goslin se alistou para a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) para representar a Inglaterra na luta contra os nazistas. Quando notou que os companheiros do Bolton Wanderers também estavam dispostos a batalhar, o capitão incentivou o elenco a ir com ele.

Antes de um jogo contra o Sunderland, no Burnden Park, no ano de 1939, Goslin pegou o microfone e anunciou aos 23 mil torcedores presentes que havia decidido se alistar no exército. Os demais atletas optaram por seguir seu capitão. Essa geração do Bolton Wanderers passou a se chamar Wartime Wanderers.

Os jogadores lutaram no norte da França e foram resgatados pelo mar. Milhares de ingleses morreram na batalha, mas os atletas do Bolton conseguiram retornar ao país natal em segurança.

O Jogo da Morte

Também na Segunda Guerra Mundial, o então goleiro do Dínamo de Kiev Nikolai Trusevich abandonou os campos para se alistar no exército soviético em junho de 1941. No conflito, ele foi capturado e passou por campos de concentração até que foi liberado para viver pelas ruas de Kiev.

Josef Ivanovic Kordic era ucraniano e torcedor do Dínamo de Kiev, mas falava bem alemão e conseguiu convencer os nazistas de que viera da Áustria e lutou na guerra. Com isso, assumiu o controle de uma padaria e certo dia avistou Trusevich vagando pelas ruas.

Os dois personagens ficaram amigos e formaram um time de futebol com ex-jogadores e ex-prisioneiros: o FC Start. Em 1942 o time entrou campo em várias oportunidades, mas a partida que ficou na história foi "O Jogo da Morte". O Star enfrentou o Flakelf, time formado por nazistas, e venceu os duelos de ida e volta.