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Ex-Corinthians fez 4 no Santos, foi à seleção e hoje tem complexo esportivo

Edmar celebra gol pelo Corinthians contra o Santos na semifinal do Paulistão 1987 - Domício Pinheiro/Estadão Conteúdo
Edmar celebra gol pelo Corinthians contra o Santos na semifinal do Paulistão 1987 Imagem: Domício Pinheiro/Estadão Conteúdo

Diego Salgado e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

07/10/2020 12h00

O faro de artilheiro de Edmar viveu o ápice em um duelo entre Corinthians x Santos válido pela semifinal do Paulistão 1987. Autor de quatro gols pelo time corintiano naquele jogo, o ex-atacante relembrou os lances que o ajudaram a chegar à seleção brasileira no ano seguinte. Em dia de novo clássico entre os rivais, pelo Brasileirão, Edmar falou também sobre a pressão de atuar pelo clube de Parque São Jorge.

"Tive a experiência de passar por grandes clubes do futebol brasileiro, mas o Corinthians é um peso maior, cobrança, o fanatismo do torcedor é muito grande. No Corinthians, você está no céu ou no inferno. Não tem meio-termo, não. Ou você está lá embaixo sofrendo ou lá em cima dando risada", disse o ex-atleta, aos 60 anos, em entrevista ao UOL Esporte.

Na temporada 1987, o Corinthians viveu essas duas situações no Estadual. Penúltimo colocado na primeira fase, o time conseguiu se recuperar no turno final e chegou à semifinal. No jogo de ida contra o Santos, venceu por 5 a 1. Na volta, o empate por 0 a 0 levou a equipe do técnico Formiga à final diante do São Paulo, que ficou com o título após um triunfo por 2 a 1 e um empate sem gols.

A vitória por 5 a 1, porém, entrou para a história do clássico e também se tornou um símbolo da redenção corintiana naquele campeonato. "Foi o jogo mais marcante, semifinal, Morumbi lotado, vitória por 5 a 1 e eu marcando quatro gols. Foi realmente um momento que ficou marcado na história do clássico", disse Edmar, que elegeu o quinto gol do time, quarto dele, como o mais bonito.

"Foi uma tabela minha com o Dida, lateral esquerdo. Depois coloquei a bola por baixo das pernas do marcador e toquei na saída do Rodolfo Rodrigues. Ele ainda tocou na bola e consegui tocar para o gol", relembrou Edmar, que teve também uma rápida passagem pelo Santos em 1992.

Edmar - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Aos 60 anos, Edmar vive hoje em Campinas e comanda um complexo esportivo na cidade
Imagem: Acervo pessoal

A boa fase com a camisa do Corinthians rendeu uma convocação à seleção brasileira em meados de 1988, sob o comando de Carlos Alberto Silva, em uma época em que havia uma forte concorrência no ataque, com muitos jogadores com passagem pelo time do Brasil. A excursão pela Europa com a equipe ainda o ajudou a fazer parte do elenco que disputou a Olimpíada de Sul, com a prata conquistada.

"Sempre batia na trave, estive entre os 30 pré-convocados para a Copa de 1982, aos 23 anos, mas acabei ficando fora, o Telê Santana conversou comigo. Em 1986, a mesma coisa, estava num momento bom. Fiquei fora na última hora, Quando veio a convocação em 1988, fiquei feliz demais. Foi uma coisa fabulosa, é o auge para todo jogador", afirmou Edmar, que lamentou ter ficado fora da Copa da Espanha.

"Eu poderia estar, mas não fui por algumas circunstâncias. Tinha sido artilheiro do Paulista em 1980, jogando pelo Taubaté. Voltei para o Cruzeiro e fui artilheiro do Mineiro. Estava num momento bom, mas a concorrência era grande, tinha Careca, Serginho, Roberto Dinamite. O Careca se machucou. Até por característica era para eu ter sido chamado, mas chamaram o Dinamite, com certeza na época por influência da CBF e acabei ficando fora, não que o Dinamite não merecesse", ressaltou.

Do Palmeiras ao Corinthians

Edmar defendeu também o Palmeiras, em 1986, depois de brilhar com a camisa do Guarani no ano anterior, inclusive com outra artilharia, a do Brasileirão 1985. No clube de Palestra Itália, viveu a expectativa de quase ver o clube encerrar um jejum de dez anos sem títulos. Depois de eliminar o Corinthians, na semifinal, entretanto, os palmeirenses foram derrotados pela Inter de Limeira em pleno Morumbi.

Após o vice do Palmeiras, o Corinthians se mostrou interessado em contratá-lo. Dessa forma, Edmar se transferiu para o clube de Parque São Jorge, com sucesso imediato.

"Conversei com a diretoria, acertei a saída e fui para o Corinthians. Cheguei bem, sem treinar com ninguém, entrei no jogo e fiz o gol de empate, além da jogada do terceiro gol. Depois, na Paraíba, contra o Botafogo, o time ganhou por 1 a 0 com um gol meu. Quando voltamos, já estava tudo em casa", destacou.

Depois de dois vices seguidos em 1986 e 1987, Edmar, enfim, conseguiu se sagrar campeão paulista em 1988, com o Corinthians. Nas finais, porém, o ex-atacante desfalcou o time alvinegro por estar com a seleção brasileira. Viola, seu substituto, fez o gol do título contra o Guarani.

Artilheiro por onde passou, Edmar comentou também a atual escassez de centroavantes com faro de gol, como havia em abundância na década de 1980. Segundo ele, os atletas de área precisam concluir mais as jogadas.

"Os próprios jogadores perderam um pouco a essência de querer fazer o gol. É muita gente ajeitando para os outros. Dentro da área, não se vê gana para ele definir a jogada. Não tem finalização e, consequentemente, o jogador que deveria ser a referência não aparece. Está faltando mesmo aquele jogador que é referência mesmo no ataque", disse.

Edmar vive hoje em Campinas e está à frente de um complexo esportivo na cidade do interior paulista. Ao fim da carreira, em 1998, o ex-jogador chegou a fundar um clube, o Campinas FC, ao lado do amigo Careca. O sonho de chegar à primeira divisão chegou ao fim dois anos depois, quando o time foi extinto.

"Foi uma experiência muito boa como dirigente. As categorias de base sempre conseguiram boas participações. O time de cima demorou um pouco para subir, a gente tinha outra expectativa. O custo era muito elevado. Chegou uma hora que houve uma desistência e decidimos passar o clube para Barueri", recordou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Edmar foi convocado pela seleção brasileira em 1988, não 1998.