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Peru e Brasil lideram índices da Covid, e isso fez seleção mudar rotina

Jogadores no banco de reservas da seleção brasileira na Neo Química Arena usam máscaras indicadas por protocolo - Lucas Figueiredo/CBF
Jogadores no banco de reservas da seleção brasileira na Neo Química Arena usam máscaras indicadas por protocolo Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

13/10/2020 04h00

As seleções nacionais masculinas de futebol de Peru e Brasil se enfrentam hoje, às 21h, no estádio Nacional de Lima, pela segunda rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar - os portões estarão fechados para evitar aglomerações em tempos de pandemia do novo coronavírus. Fora de campo, os dois países enfrentam a mesma batalha, que é contra a Covid-19 e os altos índices de contaminação.

Segundo o portal "Statista", o Peru é o país com a maior taxa de mortes do mundo, mais de mil casos por milhão de habitantes. O Brasil é o quarto do infeliz ranking, com 718,42.

O país vizinho soma 846.088 casos totais, com 33.233 mortes, sendo 2.733 casos e 65 mortes ontem (12). Por aqui os casos já passaram de 5 milhões e as mortes de 150 mil. Ontem, registros de 8.429 casos e 201 óbitos. Quatro unidades brasileiras superam a taxa de mortes por milhão do Peru (Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Amazonas).

Diante deste cenário delicado é que o jogo acontece.

Marquinhos - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Marquinhos, um dos zagueiros da seleção brasileira, faz teste para a Covid-19
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Também foram todos esses dados que motivaram a seleção brasileira a mudar sua logística para a partida em Lima. A delegação desembarcou ontem à noite no país, se dirigiu para um hotel exclusivo e só deixa o local às 19h15, pouco antes de a bola rolar. A partida de volta para o Brasil é no mesmo dia. Serão pouco mais de 24 horas no país.

"Nós conversamos com Juninho [Paulista, coordenador da seleção brasileira] e parte médica. Lembro perfeitamente da doutora Andréia [Picanço] e doutor Lasmar [Rodrigo] por telefone. Minha pergunta foi: 'a orientação médica, qual é?'. Foi dado que quanto menos tempo e se não tiver trabalho lá [no Peru] é melhor, então assim vamos fazer. Prioridade é da saúde, na sequência o futebol", disse o técnico Tite, que abriu mão do tradicional treino de reconhecimento do gramado do estádio Nacional de Lima.

Mesmo no Brasil, a seleção já precisou se adaptar a uma série de protocolos de segurança por influência dos clubes europeus e da Fifa. Foi criada uma "bolha" com circulação permitida apenas para jogadores, profissionais da comissão técnica e funcionários, desde que submetidos a testes de Covid-19 na Granja Comary, na Neo Química Arena, CT Joaquim Grava e deslocamentos.

O mecanismo deu certo e todos os testes até a viagem ao Peru foram negativos.

"O número de contágios baixou muito no último mês. Nosso período mais duro foi em agosto, com os hospitais lotados. Hoje há muita preocupação, porque o Governo está permitindo algumas atividades e o povo toca sua vida com normalidade pela necessidade de levar o pão para casa, mas se teme uma segunda onda justamente por causa dessas liberações", conta o jornalista Sharles Hernández, do diário "El Comercio".

No Peru, a federação de futebol ainda pediu ao Governo para realizar a partida contra o Brasil com público de 5 mil pessoas, mas o pedido acabou negado. Com portões fechados, os dois países esperam mostrar dentro de campo o sucesso que não houve fora dele para controlar a pandemia.