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Foi marcar uma pelada e saiu candidato: Carlinhos Bala quer ser vereador

Carlinhos Bala e Eduardo da Fonte, líder do Progressistas em Pernambuco - Instagram/Reprodução
Carlinhos Bala e Eduardo da Fonte, líder do Progressistas em Pernambuco Imagem: Instagram/Reprodução

Leandro Miranda e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

14/10/2020 12h00

A vida de Carlinhos Bala sempre esteve intimamente ligada ao Recife. Nascido na periferia da capital pernambucana, o folclórico atacante foi ídolo nos três grandes clubes da cidade — Santa Cruz, Sport e Náutico —, um feito muito raro para quem se arrisca em jogar por clubes arquirrivais. Agora, o desafio na terra natal é diferente: o ex-jogador quer unir as torcidas na missão de elegê-lo vereador.

Aos 41 anos e aposentado do futebol profissional, Bala virou candidato por acaso. Em entrevista ao UOL Esporte, ele conta que foi à cidade de Ribeirão (a 75 km de Recife) para tentar marcar um jogo com o prefeito local e acabou saindo de lá com um convite para virar político, feito pelo deputado federal Eduardo da Fonte, líder do partido Progressistas em Pernambuco.

"Eu achei que era brincadeira, e de repente se tornou uma realidade. Estou gostando, é uma fase totalmente diferente do que eu fazia. O desafio foi lançado e eu aceitei. É prazeroso, a gente vem conversando com o pessoal para saber as dificuldades, que a gente sabe que são muitas. A gente vai tentar mudar esse ano", conta o ex-atacante.

Com o slogan "Carlinhos Bala é o gol do povo", ele tem buscado ligar sua plataforma de campanha ao auxílio dos mais necessitados. Entre os projetos pretendidos, estão a implantação de creches comunitárias, cursos profissionalizantes populares e a ampliação do projeto social que o ex-jogador tem na comunidade de San Martin, com foco na socialização pelo esporte. E para ser eleito, Carlinhos mira todas as torcidas do Recife.

Carlinhos Bala - Divulgação - Divulgação
Carlinhos Bala em ato de sua campanha para vereador no Recife
Imagem: Divulgação

"Por onde passei, honrei as camisas. Ninguém nunca abriu a boca para falar mal de mim, nunca fiz corpo mole". Ele também jura que não tem um time preferido na cidade. "O carinho que eu tenho pelos três, ninguém vai tirar. Santa, Náutico e Sport, eu amo os três, tenho a honra de ter jogado nos três e ser reconhecido no Brasil e no mundo".

Tetracampeão estadual (duas vezes pelo Santa Cruz e duas pelo Sport), Bala gosta de chamar a si mesmo de "Rei de Pernambuco". Considera que o maior título da carreira não foi no Estado, mas em âmbito nacional: a Copa do Brasil de 2008, em cima do Corinthians de Mano Menezes. E se fica em cima do muro na hora de decidir seu time favorito no Recife, curiosamente ele não esconde que tinha um carinho especial pelo Timão quando era mais novo.

"O time da época do Marcelinho Carioca, Vampeta, Rincón, Ricardinho, Dida, aquele time que foi campeão mundial... naquela época eu assistia muito o Corinthians porque ganhava tudo, e eu simpatizei. Até hoje sou fã do Marcelinho. E o título do Sport (em 2008) foi o que mais marcou, teve um peso muito grande, porque (a taça) ficou no Nordeste, com uma equipe com uma receita bem menor do que outros", lembra.

Carlinhos Bala Sport - Pablo Rey/Foto Arena/AE - Pablo Rey/Foto Arena/AE
Pelo Sport, Carlinhos Bala conquistou o principal título da carreira: a Copa do Brasil 2008
Imagem: Pablo Rey/Foto Arena/AE

Em campo, o atacante com apenas 1,62 de altura tinha como principal arma a velocidade que lhe garantiu o apelido. E, apesar da baixa estatura, já foi até parar no gol do Sport em um jogo no qual o goleiro foi expulso. Fora do Nordeste, teve uma passagem apagada em um time de mais expressão, o Cruzeiro, em 2006. O ex-atacante diz que não se arrepende. "Foi uma opção minha voltar para Pernambuco. Não desmerecendo o Cruzeiro, mas pedi para voltar para Recife e, graças a Deus, tudo o que a gente pensou deu certo".

Andarilho da bola, Bala jogou em vários outros Estados como Ceará, Alagoas, Piauí, Sergipe, Amazonas e Rio Grande do Norte. Mas é no Recife que o autointitulado "Rei de Pernambuco" viveu seus melhores momentos. De volta às raízes, agora, a luta é para transformar a idolatria dentro de campo em votos fora dele. "Eu dei muitas felicidades para eles (torcedores). Agora, é hora de eles me darem felicidade".