Neymar sobe, Coutinho desce: o que começo das Eliminatórias deixa à seleção
Reunida depois de quase um ano, a seleção brasileira começou sua trajetória nas Eliminatórias da Copa do Mundo em alto nível ao vencer a Bolívia por 5 a 0 e o Peru por 4 a 2 nas últimas sexta (9) e terça-feira (13). Para além dos nove gols marcados e dos bons índices de posse de bola e finalizações, o time do técnico Tite deixou importantes recados para o futuro da caminhada até o Qatar.
Neymar foi, mais uma vez, protagonista nas datas Fifa: ele marcou três gols e deu duas assistências nos dois jogos, o que significa uma participação em gol a cada 36 minutos em campo. Ele ainda aproveitou a semana para ultrapassar Ronaldo como segundo maior artilheiro da história da seleção e ficar atrás só de Pelé. E tudo isso durante o convívio com dores nas costas no terceiro treino da seleção.
Enquanto Neymar sobe nesta balança, Philippe Coutinho desce. Apesar do gol marcado e da assistência dada contra a Bolívia, o meia teve uma atuação fora do tom diante do Peru, o que pode comprometer oportunidades futuras sob o comando de Tite. Veja um balanço de observações realizadas nos dois últimos jogos:
Novatos em alto nível
A seleção brasileira teve dois estreantes em jogos oficiais que dominaram suas posições: Renan Lodi e Douglas Luiz. O primeiro é lateral-esquerdo, mas atuou na linha de ataque e entregou uma assistência no primeiro jogo, além de atuações consistentes na criação de jogadas. Já o outro é o volante pelo lado esquerdo que dá sustentação às subidas de Lodi e também chamou atenção jogando de área a área e ditando ritmo, bem adaptado ao sistema de jogo de Tite. Ambos devem seguir como titulares.
Coutinho não entrega
O modelo da seleção beneficia o futebol de Philippe Coutinho, dando a ele liberdade de movimentação entre as linhas de marcação dos adversários para acionar um companheiro no espaço vazio ou conduzir a bola até achar alguém em melhores condições. Ele joga entre o centro e o lado direito, onde gosta. O problema é que contra o Peru ele não se destacou tecnicamente e colocou dúvidas sobre as convicções de Tite.
Richarlison x Cebolinha
Cada um foi titular em um dos jogos, mas o desempenho de Richarlison foi mais elogiável. Contra o Peru, ele deu o cruzamento que gerou o pênalti do primeiro gol, fez o segundo, iniciou o contra-ataque do terceiro e fez uma pressão na saída de bola que gerou a expulsão de Zambrano no segundo tempo. O problema é que Richarlison não estava 100% fisicamente contra a Bolívia, então Cebolinha (mais acostumado a jogar na esquerda) foi deslocado. Porém, a "falta de naturalidade" deve fazer a adaptação não ser mais exigida.
Novas opções de Tite
Everton Ribeiro entrou nos dois jogos e ajudou a seleção brasileira a criar oportunidades, então é provável que tenha cada vez mais espaço nas próximas convocações. Outros jogadores ainda não afirmados também mostraram bom desempenho, como o goleiro Weverton, o zagueiro Rodrigo Caio e o atacante Rodrygo. Dos 23 convocados, apenas seis não jogaram nenhum minuto: Santos, Ederson, Gabriel Menino, Fabinho, Bruno Guimarães e Matheus Cunha.
E o Firmino, se firma?
Roberto Firmino estreou um novo posicionamento na seleção brasileira, com orientação para ficar mais plantado na área adversária e não sair com tanta frequência para buscar a bola, como acontece no Liverpool. Ele fez dois gols e deu uma assistência nos dois jogos, mas desperdiçou chances importantes contra o Peru e teve o desempenho questionado. Tanto é que Richarlison terminou o jogo como centroavante. O camisa 20 terá novos desafios para se firmar com o retorno de Gabriel Jesus.
Ajustes defensivos
O primeiro gol do Peru foi marcado em uma desatenção da seleção brasileira em vários quesitos: Firmino perdeu a posse de bola na intermediária, Douglas Luiz não conseguiu o desarme na transição ofensiva do Peru e Marquinhos não conseguiu a rebatida eficiente, pois a bola acabou no pé de Carrillo. Depois, Marquinhos ainda foi substituído por lesão e a seleção teve dificuldades de entrosamento com a entrada de Rodrigo Caio. Pelo menos Thiago Silva, de convocação contestada, não comprometeu.
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