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Patrocinador rompe contrato com Santos após contratação de Robinho

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

14/10/2020 18h50

A Orthopride, empresa de ortodontia, rompeu contrato com o Santos. O patrocinador anunciava dentro dos números da camisa do Peixe desde maio de 2018. A decisão foi motivada pela contratação do atacante Robinho.

O jogador de 36 anos tem uma condenação a nove anos de prisão na Itália por "violência sexual em grupo". A decisão é em primeira instância e o jogador e seus advogados recorrem. O camisa 7 está livre para atuar e tem até a terceira instância antes de uma sentença definitiva.

"Nós temos enorme respeito pela história do Santos. Mas neste momento decidimos pelo rompimento do contrato de patrocínio. Nosso público é majoritariamente feminino e, em respeito às mulheres que consomem nossos produtos, tivemos que tomar essa decisão. Queremos deixar claro que não fomos informados previamente sobre a contratação do Robinho, fomos pegos de surpresa pela imprensa no fim de semana", disse Richard Adam, diretor de operações da empresa ao GE.

Os patrocinadores do Peixe já haviam entrado em contato e iniciado uma conversa com o clube sobre o acerto com Robinho, que foi bastante questionado por causa da condenação. Até ontem, o clube não havia sofrido nenhuma ameaça de quebra de contrato, mas hoje (14) já sentiu o primeiro desdobramento negativo.

Clube se pronuncia sobre Robinho

Em comunicado oficial divulgado hoje, o Santos disse ser "contra qualquer tipo de violência, especialmente contra a mulher" e citou o "investimento no futebol feminino e engajamento em diversas causas".

A nota diz que ainda que o Santos "não pode entrar no mérito da acusação" em relação ao processo contra Robinho, "pois corre em segredo de Justiça na Itália". "Ressalta-se ainda que não há condenação definitiva e o atleta responde em liberdade e não será o Santos que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão", afirma a nota do clube, que lamenta a "era dos cancelamentos".

Após o acerto com Robinho, o Santos passou a conversar com seus patrocinadores que manifestaram preocupação sobre o efeito da transferência na imagem do clube. No entanto, isso não evitou que a Orthopride, empresa de ortodontia, rompesse contrato com o clube. O patrocinador anunciava dentro dos números da camisa do Peixe desde maio de 2018.

O jogador de 36 anos tem uma condenação a nove anos de prisão na Itália por "violência sexual em grupo". A decisão é em primeira instância e o Robinho e seus advogados recorrem. O camisa 7 está livre para atuar e tem até a terceira instância antes de uma sentença definitiva.

Treze coletivos de torcedoras enviaram ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) uma notícia de infração disciplinar, requerendo o oferecimento de denúncia e a consequente anulação do registro do atacante Robinho. O jogador foi anunciado pelo Santos no domingo (11) e registrado na segunda-feira (12), em um plantão extraoficial.

Leia a nota completa:

O Santos FC, em seus 108 anos de história, sempre se caracterizou por ser uma instituição inclusiva e socialmente responsável. Referência no combate ao racismo, contra qualquer tipo de violência, especialmente contra a mulher, referência no investimento no futebol feminino e engajamento em diversas causas. Estes são pilares e valores que formam a identidade do Clube brasileiro mais conhecido no Mundo e motivo de raro orgulho por todas as suas contribuições para o desporto nacional. A agremiação também reconhecida pela excelência na formação de atletas, relação próxima e respeitosa por todos aqueles que em campo ajudaram a construir nossa história.

Com relação ao processo do atleta Robson de Souza, o Clube não pode entrar no mérito da acusação, pois o processo corre em segredo de Justiça na Itália e sobretudo o Santos FC orgulha-se de, em sua história, sempre respeitar as garantias fundamentais do ser humano, dentre as quais, a presunção da inocência e o respeito ao devido processo legal.

Ressalta-se ainda que não há condenação definitiva e o atleta responde em liberdade e não será o Santos FC que lhe dará uma sentença antecipada, prejulgando e o impedindo de exercer sua profissão.

Como Clube formador, onde o atleta viveu seus melhores momentos, em que teve diversas conquistas, não seria a nossa coletividade a lhe dar as costas e decretar juízo final de valor em um processo com recursos em andamento.

Não há mudança no posicionamento do Clube em relação ao combate à violência contra a mulher ou outras campanhas que sempre participou neste sentido. São valores irrenunciáveis e que fazem parte da história do legado Alvinegro.

Infelizmente vivemos na era dos cancelamentos, da cultura dos tribunais da internet e dos julgamentos tão precipitados quanto definitivos, porém há a certeza que o torcedor do Santos FC entenderá que compete exclusivamente a Justiça realizar o julgamento.

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