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Flu se reinventa, chega a 5 jogos sem perder e embala por G-6 do Brasileiro

Com soluções internas, Fluminense reinventou para se estabelecer no G-6 do Brasileirão - Lucas Mercon/Fluminense FC
Com soluções internas, Fluminense reinventou para se estabelecer no G-6 do Brasileirão Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/10/2020 04h00

O Fluminense viveu uma gangorra de emoções no Campeonato Brasileiro, mas conseguiu se reinventar quando estava embaixo para, enfim, ficar por cima. O empate que tirou os 100% do líder Atlético-MG como mandante deixou o Tricolor com cinco jogos sem derrota na competição.

De quebra, estabeleceram a equipe no G-6, zona de classificação à Copa Libertadores, competição que o clube não disputa desde 2013 — maior "jejum" entre os grandes.

Como se não bastassem eliminações em mata-mata, lesões e até um surto de Covid-19, o Tricolor também convive com salários atrasados, dificuldades para gerar receitas por conta da pandemia e críticas constantes ao trabalho do técnico Odair Hellmann — além do diretor de futebol Paulo Angioni e do presidente Mário Bittencourt.

Apesar do panorama nada motivador, a equipe soube superar os obstáculos para atingir a melhor sequência na competição, coroada com um a boa atuação contra o Galo de Jorge Sampaoli, mesmo com os desfalques de Nenê, artilheiro do time no ano com 19 gols, e Fred, referência do ataque tricolor.

"Estamos fazendo um campeonato muito bom, mas não acabou nem o primeiro turno. Estamos muito bem até agora. Amanhã tem que fazer de novo. É ter tranquilidade, trabalho e transpiração para manter assim. Estamos muito bem até agora, mas tem que ficar assim. Temos que saber da nossa realidade. É lutar duro, forte e jogo a jogo para manter essa linha e comemorarmos lá no final alguma coisa. Se não continuar, não vamos conseguir. Os jogadores sabem disso. O campeonato é como termina, não como começa ou no meio. Precisamos dar mais ainda", opinou Odair após o empate.

Por ter saído na frente e criado outras chances, o gosto de que a vitória poderia ser a cereja do bolo do bom momento ficou na boca dos tricolores, que ainda podem alcançar em 2020 o melhor primeiro turno do time na era dos pontos corridos, sem contar os anos em que acabou campeão (2010 e 2012).

"Fazendo essa análise, a estratégia deu certo, o comportamento defensivo deu certo, a organização ofensiva deu certo... Pena foi o resultado final, fica um gostinho de que poderia ter vencido a partida. Viemos para vencer, mas levamos o gol de empate. Saio feliz pelo jogo que fez, cada vez mais vamos ganhando opções para fazer o Fluminense mais forte", disse o treinador.

No sábado (17), às 19h, o Fluminense recebe o Ceará no Maracanã e tenta igualar sequência de seis jogos sem derrota, alcançada no fim do Brasileirão do ano passado, sob o comando de Marcão, em arrancada para se livrar do rebaixamento e conseguir a classificação para a Copa Sul-Americana.

Trinca no meio campo volta a funcionar

O uruguaio Michel Araújo foi o grande destaque do Fluminense no retorno após a paralisação por conta da pandemia. Foi o atacante convertido em meia que transformou a equipe, até então previsível, num time mais agressivo. Suspenso e lesionado, entretanto, ele deu lugar a Yago. As peças iguais às originais para as finais do Carioca, entretanto, foram reorganizadas.

Hudson, que antes atuava por trás de Dodi e Yago, que atuavam mais abertos, foi adiantado. Se não teve grande atuação contra o Atlético-MG, o volante, com mais liberdade, foi muito bem nas vitórias sobre Goiás e Bahia. A qualidade no passe fez a equipe ser mais agressiva mesmo sem os arranques do uruguaio.

"Querem colocar o rótulo de três volantes, de retranqueiro. O Yago foi meia-atacante a vida toda. Nem na nomenclatura é volante. Ele tem essa característica de posse. Com esses três fortaleço as características de um jogo mais agressivo. Esse movimento é para agredir mais para a frente. É para ter uma marcação mais alta, eles conseguem fazer isso. Em alguns momentos não conseguíamos manter essa agressividade. Desse jeito, estamos conseguindo, para ter esse movimento para proteger outras características nossas. Em algum momento vamos abrir mão disso, vamos colocar jogadores mais de posse, passe, dentro do pensamento de cada jogo", destacou Odair.

Yago voltou bem ao time e vem sendo um dos destaques do Fluminense de Odair Hellmann - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Yago voltou bem ao time e vem sendo um dos destaques do Fluminense de Odair Hellmann
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Alternativas rendem e são mantidas

Coerente com o momento dos jogadores, Odair Hellmann não dá vaga cativa a nenhum de seus titulares. Antes reservas, Igor Julião e Digão renderam quando acionados e voltaram a começar os jogos mesmo com os retornos de Calegari e Luccas Claro, que tinham até certo destaque na equipe.

Alternativas para as vagas de Michel Araújo e Wellington Silva, Yago e Luiz Henrique também renderam bem e tendem a ser mantidos, mesmo com a volta dos titulares.

Luiz Henrique voltou ao Fluminense e teve ótima atuação contra o Atlético-MG - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Luiz Henrique voltou ao Fluminense e teve ótima atuação contra o Atlético-MG
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Os dois foram os maiores destaques da equipe contra o Atlético-MG, assim como o criticado goleiro Muriel, prestigiado por Odair, e a zaga formada por Nino e Digão. A dupla, que chegou a ser barrada, venceu todas as disputas aéreas na partida.

Se não possui condições de trazer grandes reforços — o atacante Lucca, que ainda não estreou, foi a única contratação no mercado da bola —, o Flu tem encontrado soluções internas para os seus problemas. No setor, inclusive, Caio Paulista — autor do gol no empate — e Felippe Cardoso, antes últimas opções, voltaram a ser bastante utilizados.

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