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Mancha vê "falta de vontade proposital", explode crise e promete protestos

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Thiago Ferri

Do UOL, em São Paulo

15/10/2020 04h00

O Palmeiras tentou se blindar ao máximo da pressão externa pela troca de comando, mas decidiu no fim da noite de ontem (14) demitir Vanderlei Luxemburgo. Este é apenas mais um capítulo de uma crise que se aprofunda e fez com que a Mancha Alviverde novamente se colocasse como oposição, prometendo, inclusive, mais protestos.

Os alvos do grupo apoiado pela conselheira e patrocinadora Leila Pereira, agora, são a cúpula do clube e o elenco, criticado pela postura na derrota para o Coritiba. O grupo subiu o tom das críticas em texto na internet: "falta de vontade proposital é uma afronta à nossa história" e deu o tom do momento turbulento entre as partes envolvidas.

Desde o último fim de semana, a direção já discutia a possibilidade de trocar o comando técnico, mas deu um voto de confiança a Luxemburgo. A péssima atuação diante do Coxa no Allianz Parque, porém, criou um cenário insustentável. Mesmo assim, a demissão só foi decidida quase três horas depois do jogo.

O presidente Maurício Galiotte, o diretor de futebol Anderson Barros e membros da diretoria saíram da arena em silêncio e foram à Academia de Futebol para, enfim, decidir. Vanderlei Luxemburgo deu entrevista coletiva e foi embora ainda empregado.

O vídeo de suas explicações só foi publicado na TV Palmeiras pouco antes do anúncio de sua saída. Houve um problema técnico no canal do clube no YouTube, e a demora em meio à falta de informações acabou gerando dúvidas sobre o caminho que seria tomado.

Durante este período, houve o boato de que Luxa teria pedido demissão, o que não ocorreu. O técnico ainda acreditava que poderia fazer o elenco reagir e cobrava uma mudança de atitude — pessoas dentro do Palmeiras também entendem que, apesar de ser um grupo de boa convivência, alguns jogadores mais rodados são vistos em situação confortável demais. A avaliação é de que falta mais gana em alguns casos.

A conclusão durante o encontro no CT, porém, foi de que não seria mais possível melhorar com Vanderlei Luxemburgo no comando. Só então, depois das 23h, houve o contato comunicando sua demissão. O técnico postou um vídeo nas redes sociais agradecendo pela quinta passagem pelo clube, em que conquistou o título paulista.

Enquanto a demissão era decidida, os muros no Allianz Parque foram pichados, com críticas a Galiotte e ao grupo, avisando que "a paz acabou". Se as cobranças recentes estavam resumidas às redes sociais, isto deve mudar, mesmo com o clube buscando um novo treinador.

Depois da derrota para o São Paulo, a Mancha se posicionou pela primeira vez cobrando a demissão de Vanderlei Luxemburgo. Até então, a organizada — que tem a conselheira e patrocinadora Leila Pereira como parceira de sua escola de samba — demonstrava apoio e não fazia críticas públicas. O acesso à Academia de Futebol, inclusive, foi liberado em alguns momentos ao longo de 2020.

Ontem (14), porém, em suas páginas na internet, a diretoria da principal organizada do clube confirmou o racha e elegeu culpados: "o presidente banana, diretor de futebol fantoche, treinador perdido e jogadores paneleiros". Dos citados, Galiotte foi colocado como o "maior responsável por essa vergonha".

Aos jogadores foi feito o aviso: "essa partida não será esquecida por nós. A falta de vontade proposital é uma afronta à nossa história. A partir de agora terão cobranças pesadas para todos vocês que vestiram o nosso manto nessa vergonha de partida. Sem exceção... De jogadores 'consagrados' até jogadores que estão começando. Aguardem".

Neste clima pesado, o Palmeiras treina hoje (15) e joga no domingo (18), contra o Fortaleza, às 20h30, pelo Campeonato Brasileiro. Andrey Lopes, auxiliar da comissão técnica fixa, é quem treinará o Verdão interinamente.

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