Fla muda por recuperação de jogadores, mas médico alerta: "Não tem milagre"
Em meio a uma maratona que impôs seis partidas em 15 dias, o trabalho de campo perde um pouco o protagonismo e divide espaço com a área científica do Flamengo, a cada dia mais acessada para que o elenco suporte a correria e os jogadores estejam próximos de sua melhor forma.
Não bastasse a disputa de três competições simultâneas — duelo contra o Athletico pelas oitavas de final da Copa do Brasil, no dia 28 —, o Fla foi varrido por um surto de Covid-19 que impôs um desafio extra para médicos e profissionais de saúde do Rubro-Negro. Ante o cenário desfavorável, o departamento médico alterou algumas rotinas que visam acelerar a recuperação dos atletas entre um jogo e outro e minimizar os riscos de lesões sérias.
Agora, o trabalho regenerativo tem início assim que as partidas são encerradas. Para que este tempo seja otimizado, o clube passou a levar para os jogos equipamentos que ficavam restritos ao dia a dia do Ninho do Urubu. Além de massagem e o tradicional gelo, os atletas têm à disposição botas pneumáticas — que melhoram o fluxo sanguíneo —, bicicletas, além de serem submetidos a técnicas de crioterapia, método que se utiliza de baixas temperaturas para diminuição de edemas e relaxamento muscular.
O trabalho regenerativo também tem sido ampliado para a casa dos jogadores e ocorre durante os deslocamentos entre um jogo e outro. Para otimizar estas questões, o Flamengo incluiu um fisioterapeuta na delegação e tem tido sempre dois profissionais à disposição em dias de partidas no Rio ou fora.
"O processo começa no estádio com os fisioterapeutas e viajamos com um número maior [de fisioterapeutas] para que eles possam tratar no percurso. Tratamos no avião e nas concentrações. Eles [jogadores] fazem o preventivo e também o trabalho pós-treinamento. Sabemos que temos de respeitar a individualidade biológica de cada atleta, tentamos fazer o melhor, mas milagre a gente não consegue fazer. Os atletas devem ter cuidado com sono e alimentação, isso tem importância. Não adianta ter o compromisso só no clube, isso tem de ser estendido para suas casas", disse ao UOL Esporte Márcio Tannure, chefe do departamento médico do Fla.
O aparato científico ajuda, é claro, mas o calendário cobra a conta. No empate por 1 a 1 contra o Bragantino, Domènec não pode contar com os lesionados Diego Alves, João Lucas, Rodrigo Caio, Arrascaeta e Gabigol. Desgastados ao extremo, Bruno Henrique, Pedro e Gerson jogaram apenas um pedaço da partida. Para piorar o quadro, Everton Ribeiro deixou o campo com dores no joelho e só deve voltar na semana que vem.
Com todos estes percalços, o tal rodízio do treinador não é apenas uma filosofia, mas uma obrigação. Para superar as adversidades e ter o time mais saudável possível em campo, as informações da área de saúde do clube ganharam ainda mais peso para a preparação dos jogos.
"O rodízio tem questões físicas, médicas e também conceituais do treinador. Os jogadores são avaliados constantemente, conseguimos ver o nível de desgaste e se isso está compatível. Com todos esses dados, a gente fornece para treinador e serve de informação para que ele possa tomar as melhores decisões. O Dome pensa no time em função do adversário e isso é útil para ele saber como cada jogador se encontra", completou Tannure.
Na próxima rodada do Brasileirão, o Flamengo visita amanhã (18) o Corinthians, às 16h, na Neo Química Arena. Com o resultado de anteontem (15), o Rubro-Negro chegou aos 31 pontos, empatado com Atlético-MG e Internacional, mas está atrás nos critérios de desempate. Com espaço curto para recuperação, o Fla tenta recuperar suas peças e ter a equipe mais saudável possível em São Paulo.
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