Jardel: "No momento de depressão e drogas, poucos do futebol me ligaram"
Jardel foi artilheiro no futebol brasileiro atuando por Vasco e Grêmio no início da carreira, além de ter sido ídolo em Portugal, jogando pelo Porto e pelo Sporting, atuou pela seleção brasileira, mas também teve problemas no fim de seu período como jogador, quando sofreu com depressão e também lutou contra o vício em cocaína, momento no qual diz não ter sido procurado por outros atletas.
Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, ele revela não ter muitas amizades do futebol e que quase ninguém o procurou em seus momentos mais difíceis.
Aos 47 anos, Jardel afirma que tem muito respeito hoje no meio do futebol, tem as portas abertas em clubes pelos quais atuou, como o Porto, mas diz que não fez amigos no futebol e lamenta que jogadores com os quais atuou não tenham o ligado quando ele passou por problemas.
"Eu tenho respeito, onde eu quero entrar, eu entro, qualquer clube do mundo, por isso que eu resolvi agenciar, resolvi captar, mas voltando ao assunto do momento da minha depressão, do uso das drogas, aquilo tudo, poucas pessoas me ligaram, do futebol, muito poucos", diz Jardel.
"Não é nem para 'Jardel, tu tá bem? Quero você bem, cuida da tua vida, da tua saúde, nós queremos nosso ídolo vivo'. Sabe assim? Um exemplo. Mas, graças a Deus eu estou bem, hoje vivo mais um dia, com orgulho, agradecendo a Deus pela minha vida, por estar me dando conhecimento, discernimento, sabedoria, é o que eu peço quando eu pego a minha bíblia e leio, inclusive ela está aqui, aí eu abro, fico aqui, dou uma lida", completa.
Jardel foi companheiro de Valdiram no Criciúma
Durante sua passagem pelo Criciúma, já em seus últimos anos como profissional, Jardel foi companheiro de time do atacante Valdiram, que também teve problemas com drogas e foi assassinado no ano passado, quando estava morando na rua em São Paulo. Ele lamenta a morte do antigo parceiro de time e diz que até hoje procura se preservar, ficando blindado próximo dos familiares.
"Eu joguei com ele no Criciúma. Muito triste o que aconteceu com ele, eu acredito muito que o poder está na gente. Como eu tive alguns problemas, graças a Deus foi depois que eu quase parei, a gente muda quando a gente quer, a gente toma atitudes certas, a gente anda com as pessoas certas", diz Jardel.
"Hoje eu procuro me preservar e me blindar para que o mundo real não entre dentro de mim. Porque o mundo real meu é com a família, é com pessoas boas perto da gente, que venham para agregar", completa.
Pais de Jardel tiveram problemas com álcool
Jardel afirma que sua maior tristeza foi ter experimentado drogas, mas hoje é feliz por ter conseguido superar seus problemas. Ele conta que seus pais também tiveram problemas com álcool e hoje sua missão é quebrar o ciclo de vícios da família.
"Meu pai perdeu tudo, justamente por causa do mesmo que eu, bebida, farra, essas coisas, e morreu com 42 anos com um infarto. E tenho minha mãe internada por álcool também, eu coloquei ela três meses na clínica, seis meses. Ela voltou, no outro dia estava começando a beber de novo cedo, aí eu internei de novo", conta o ex-jogador.
"Alguém tem que quebrar [o ciclo] e esse alguém tem que ser eu. Ou qualquer outra pessoa que queira, não importa se é o Jardel, ou se não é. Mas eu sinto dentro de mim que eu sou um elo de exemplo na sociedade, na família, em tudo", conclui.
Os Canalhas: Quando e onde?
O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, em transmissão ao vivo, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.
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