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Santos corre risco de perder Soteldo em momento decisivo da temporada

Kaio Jorge comemora com Soteldo gol do Santos contra o Coritiba - HEULER ANDREY/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
Kaio Jorge comemora com Soteldo gol do Santos contra o Coritiba Imagem: HEULER ANDREY/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

22/10/2020 04h00

O Conselho Deliberativo do Santos aprovou ontem à noite (21) a proposta trazida pela diretoria do Peixe por Yeferson Soteldo: o venezuelano agora tem 100% dos direitos econômicos ligados ao Huachipato (CHI), que tem o poder nas mãos para vendê-los quando quiser. Assim, o Alvinegro praiano pode perder o atleta, que seguirá junto ao elenco por empréstimo, no momento mais decisivo da temporada.

Soteldo rejeitou a boa oferta financeiramente do Al Hilal, da Arábia Saudita, por desejar seguir na Vila Belmiro. O venezuelano tem um plano de carreira claro na cabeça: quer brilhar no Brasil e sair para jogar na Europa. A janela para o Velho Continente reabre em 1° de janeiro de 2021.

Nesta data, o Huachipato (CHI) pode negociar Soteldo com qualquer clube europeu, bastando o venezuelano dar seu aval para o negócio. O Santos não tem poder algum para vetar qualquer acerto. Se saísse logo na abertura da janela, o Peixe perderia seu camisa 10 em até 15 dos mais decisivos jogos do ano.

Como a temporada de 2020 só terminará em 2021 devido à paralisação do futebol pela pandemia do novo coronavírus, após 1° de janeiro restarão 11 rodadas do Brasileirão, além de fases mais agudas dos mata-matas em que o Santos ainda está vivo: as finais da Copa do Brasil, marcadas para fevereiro, as semifinais e a final da Libertadores, agendadas para janeiro.

A proposta aceita pela diretoria e pelo Conselho Deliberativo, como manda o Estatuto santista durante os últimos três meses de mandato da gestão, "devolve" os 50% dos direitos econômicos de Soteldo adquiridos pelo Peixe no início do ano passado ao Huachipato (CHI). O clube santista contratou o venezuelano por US$ 3,5 milhões (R$ 19 milhões) de forma parcelada, mas nunca pagou um real aos chilenos.

O Huachipato acionou a Fifa, e a entidade máxima do futebol proibiu o Santos de registrar novos jogadores devido à dívida. A oferta dos chilenos foi de retirada da ação e perdão do débito em troca de receber de volta os 50% dos direitos econômicos. Soteldo segue no Santos, mas somente "emprestado" até que o Huachipato decida negociá-lo.

Adicionalmente, os chilenos não irão recorrer do processo no qual foram derrotados pelo Santos em que cobravam o pagamento de US$ 6 milhões pela recusa santista da proposta do Atlético-MG, de US$ 12 milhões (R$ 51 milhões na época). Além disso, o Huachipato ainda abre mão de receber US$ 60 mil a que teria direito pelo Santos não ter notificado os chilenos da proposta do Galo e do Al Hilal, e ainda paga cerca de R$ 1 milhão diretamente a Soteldo por dívidas que o Peixe tem com o jogador.

Ainda assim, o Santos não está liberado pela Fifa para voltar a contratar. A dívida com o Atletico Nacional (COL) de cerca de R$ 4,3 milhões pela contratação de Felipe Aguilar ainda bloqueia o clube de registrar jogadores. O Peixe vê mais facilidade em se acertar com os colombianos e, finalmente, poder voltar a contratar.

Vale lembrar que o presidente Orlando Rollo chegou a dizer nos últimos dias que precisava negociar Soteldo, pois o clube não tem dinheiro em caixa para pagar os salários do elenco em novembro e dezembro, o que torna difícil que, ainda que liberado, sejam contratados novos jogadores para reforçar o elenco do técnico Cuca.

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