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Além do avião: quem é o Cuiabá, sensação da Série B e rival do Botafogo

Cuiabá é a sensação da Série B e tem tudo para chegar pela primeira vez à elite do futebol brasileiro - Pierre Rosa/AGIF
Cuiabá é a sensação da Série B e tem tudo para chegar pela primeira vez à elite do futebol brasileiro Imagem: Pierre Rosa/AGIF

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/10/2020 04h00

O Cuiabá causou comoção nacional há poucos dias ao enfrentar momentos de terror quando o avião que levava a equipe de volta à capital mato-grossense encarou fortes turbulências e não conseguiu pousar. A situação foi gravada por alguns atletas que registraram o pânico na aeronave. O Peixe Dourado, como é conhecida a equipe, tem muito mais a oferecer do que isso. Sensação da Série B e na zona de classificação para subir à elite do Brasileirão, o clube do Centro Oeste encara hoje (27) o Botafogo, às 21h30 (horário de Brasília), no Nilton Santos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Fundado em 2001 pelo ex-jogador Gaúcho, que teve passagens marcantes por Flamengo e Palmeiras, o Cuiabá Esporte Clube, no início, era apenas uma escolinha de futebol. No mesmo ano, passou a disputar competições oficiais. O primeiro título veio em 2003.

Com a conquista, chegou também a possibilidade da primeira aventura em torneios nacionais: a Série C. Após liderar a primeira fase, o Cuiabá foi eliminado nos pênaltis pelo Palmas-TO. O bicampeonato estadual ocorreu em 2004, quando também disputou a Copa do Brasil — eliminado pelo Goiás na 1ª fase.

Recesso e novos donos

Em 2006, o Cuiabá atravessou grave crise financeira, além de reclamar de desmandos da Federação Mato-grossense de Futebol. Por esses motivos, anunciou licenciamento das atividades. O retorno só aconteceu em 2009, quando foi comprado pela família Dresch, dona de indústrias de borracha no Mato Grosso e que já havia patrocinado a equipe em anos anteriores.

Essa movimentação ocorreu justamente quando a cidade de Cuiabá foi confirmada como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 e marcou o fim da participação de Gaúcho no clube. Ele vendeu sua parte das ações e nunca mais teve qualquer atuação -- o ex-jogador morreu em 2016 vítima de câncer.

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Ao lado de Zico, Gaúcho foi o fundador do Cuiabá, em 2001. Ex-atacante morreu de câncer há quatro anos
Imagem: Roberto Filho/Fotoarena

Recomeço

A venda para empresários milionários marcou o início de um projeto que tem se mostrado a cada dia bem executado. Houve uma injeção financeira e o clube jamais atrasou algum salário. Não há dívida. Em apenas dois anos, o clube saiu da segunda divisão estadual para voltar a ser campeão da elite de Mato Grosso. A partir desse momento, o objetivo era disputar a Série B do Campeonato Brasileiro.

Tudo começou pela Série D, em 2011. Em grande campanha, o clube subiu para a terceira divisão nacional. Por lá, foram sete anos para conseguir, em 2018, a sonhada classificação à Série B.

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Imagem: Thiago Gomes/AGIF

Estrutura e estádio padrão Fifa

Desde 2014, o time passou a utilizar a Arena Pantanal, estádio padrão Fifa e que foi construído para a disputa da Copa do Mundo no Brasil. O local foi suficiente para o Cuiabá chegar à Série B, em 2018. O primeiro ano de disputa da segunda divisão mostrou aos dirigentes que era preciso mais. O clube passou de um campo alugado para um centro de treinamento que atende e bem as necessidades dos atletas. Para se ter uma ideia, a pré-temporada deste ano já foi feita no local, que conta com um hotel, campo, piscinas e sala de musculação.

Em poucos anos de vida, já possui estrutura que muitos clubes grandes ainda não conseguiram. O próprio Botafogo, adversário do Cuiabá na Copa do Brasil, é um dos poucos clubes da Série A que ainda não tem um cetro de treinamento próprio — as obras estão em andamento, mas a falta de dinheiro não permite qualquer previsão de inauguração.

Futuro: foco na base

Uma das dificuldades dos donos do Cuiabá é convencer jogadores de maior quilate a jogarem em um centro pouco conhecido. A situação tem mudado e o clube tem conseguido trazer atletas com passagens por equipes grandes. Mas dessa dificuldade surgiu uma solução.

O Cuiabá entende que seu principal papel é criar uma grande estrutura para passar a revelar grandes jogadores. Ter jovens talentos liderando o projeto a médio prazo é o sonho da diretoria. A ideia é fazer algo parecido com o Red Bull Bragantino, mas sem tanto investimento com tem sido feito pela empresa austríaca.

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