Como Coudet mudou Inter de patamar e virou unanimidade no clube
Eduardo Coudet mudou o Internacional de patamar. O argentino levou o Colorado do status do time que buscava reconstrução, após viver seu pior momento na história com a disputa da Série B ao que briga no topo da elite do Brasileirão. E a troca de perspectiva se justifica em uma série de atitudes que o tornam unanimidade no Beira-Rio.
Treinamentos e processos
Coudet tinha um dia de Inter e já estava sedento pelo campo. Os longos discursos de abertura de temporada foram trocados por poucas frases e um: "agora, vamos para o campo treinar", que arrancou aplausos dos conselheiros presentes na sala de conferências do Gigante.
Foi apenas um indício do que se tornaria rotina. Coudet é viciado em trabalho. O treinador exige que os jogadores se entreguem ao máximo durante todas atividades e não poupa os minutos que tem para trabalhar.
Quando seus atletas estão em atividades complementares, usa espaços para reforçar entendimentos táticos. Explica movimentos, pede atenção, mostra vídeos, imagens, cada minuto vira aprendizado.
Tal conduta foi repetida até mesmo durante e impossibilidade de dar treinamentos, nos primeiros passos do retorno aos trabalhos após a paralisação em razão da pandemia de novo coronavírus. Coudet, sem poder levar todos ao campo, reforçava com vídeos e recursos visuais como queria que seu time atuasse. Tudo enquanto os atletas faziam trabalhos físicos.
Sinceridade, até demais, mas com todos
Além do trabalho de campo, Coudet é pautado pela sinceridade. Não é do tipo que muda de assunto, ou "responde maçãs quando perguntado sobre bananas", como costuma dizer Vanderlei Luxemburgo. Chacho fala o que pensa, às vezes até demais.
O estilo foi compreendido aos poucos. Ele reclamou, por exemplo, das condições dos gramados do CT do clube e do Beira-Rio no início da temporada. Levou alguns puxões de orelha, mas a forma direta trouxe mais benefícios do que percalços.
Segundo apurou o UOL Esporte, o "olho no olho" de Coudet foi fundamental para cativar os jogadores. O treinador é sincero, direto, não esconde nada, e assim conquistou o grupo rapidamente.
Entre outras coisas, o técnico admitiu em coletiva que seu elenco não tem condições de brigar pelo título em três competições, contou que Heitor estava cinco quilos acima do peso, afirmou que pretendia ter mais reforços mas que a realidade não era essa, lamentou quando o vice de futebol, adversário político da atual gestão do clube, foi desligado. E a verdade — que poderia soar como crítica — o fortaleceu internamente.
Relação direta com grupo, sem privilégios
Nenhum jogador tem privilégio com o argentino. Poderia soar como teoria, como apenas um clichê para defender suas preferências, mas o campo mostrou exatamente isso. Seja quem é seu amigo pessoal, como D'Alessandro, ou quem foi diretamente indicado por ele, como Leandro Fernández, ninguém ganha espaço por isso, só pelo campo.
Até mesmo na hora de escolher entre mais experientes ou mais jovens. Como adiantou em sua chegada, ele defende que "a bola não pede identidade" e já promoveu alterações priorizando o rendimento e dando chance a atletas sem tanta experiência. 'Transformou' Zé Gabriel em zagueiro, firmou Heitor na direita, deu minutos para Praxedes, Peglow, Johnny, Léo Borges, Pedro Henrique, entre outros egressos do sub-20.
Estilo, ataque, intensidade e pressão
Em campo, falar do trabalho de Coudet é chover no molhado. A evolução tática proposta pelo comandante não alterou apenas a formação do time, mas os caminhos que levaram ao gol. O argentino defende futebol propositivo, que busca repetidamente o placar. Em momentos do jogo, porém, também recua e tenta sustentar o que já atingiu.
"A história do Inter é assim. Um time aguerrido, mas que joga bem futebol. Uma equipe que disputa toda bola como se fosse a última. Tentamos fazer um time com que a torcida se sinta identificada, que lembre a história do clube. E a história do Inter mostra muitos jogadores aguerridos como ídolos do clube. Me contrataram porque gosto que meus times joguem desta maneira. Por momentos, já vimos um grande futebol do Inter", disse o responsável por catapultar a expectativa vermelha.
Unanimidade
Conforme o UOL Esporte informa na coluna De Primeira, Eduardo Coudet é unanimidade entre os candidatos à presidência do Inter. Com contrato até o fim do ano que vem, todos os quatro que almejam o cargo máximo no clube querem a manutenção dele por ainda mais tempo.
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