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Neymar se firma como líder e começa a ver Tuchel pressionado no PSG

Neymar em ação na estreia do PSG na Liga dos Campeões 2020/21, contra o Manchester United, no Parque dos Príncipes - Aurelien Meunier/PSG
Neymar em ação na estreia do PSG na Liga dos Campeões 2020/21, contra o Manchester United, no Parque dos Príncipes Imagem: Aurelien Meunier/PSG

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris

28/10/2020 04h00

A cena no último sábado (24) foi emblemática. Substituído, Marquinhos corre em direção a Neymar e coloca a braçadeira de capitão no camisa 10 antes de sair. Foi a primeira vez desde que chegou no Paris Saint-Germain, em 2017, que o atacante brasileiro assumiu o papel de líder do time em campo, fortalecendo ainda mais o papel que exerce nos bastidores.

Neymar tornou-se capitão do PSG por uma série de circunstâncias, como a saída de Thiago Silva para o Chelsea e a ausência de Presnel Kimpembe poupado na goleada por 4 a 0 diante do Dijon, pelo Francês. O brasileiro atingiu o posto em um momento delicado do time já no início da temporada. Hoje (28), a vitória é encarada como obrigação no duelo contra o Istanbul Basaksehir, na Turquia, às 14h55 (de Brasília), pela segunda rodada do Grupo G da Liga dos Campeões.

A estreia com derrota em casa para o Manchester United, por 2 a 1, já deixou o PSG em um ambiente de pressão também por conta do complicado grupo que ainda conta o com semifinalista da edição passada, o RB Leipzig, que bateu na estreia justamente o Istanbul Basaksehir. Internamente, o momento do clube francês é de pressão sobre o treinador Thomas Tuchel, que tem relação complicada com o diretor de futebol, o brasileiro Leonardo.

Aos gritos, Neymar comanda o PSG

A faixa de capitão, outrora recusada por Neymar no PSG, em pouco muda o perfil do brasileiro em campo. A maior responsabilidade fica por conta da conversa com o árbitro. Com melhor entendimento do idioma francês, o jogador consegue dialogar para representar o time em lances de queixas.

Diante do Dijon, as maiores reclamações de Neymar foram com os próprios companheiros de time. Neymar entendia que a vitória parcial por 2 a 0 deixava o time relaxado em campo, e cobrava o elenco, principalmente para acelerar a saída de bola na defesa.

Em um dos lances de reclamação aos gritos, Neymar disparou contra o amigo Herrera pela demora em dar um passe. O volante espanhol ainda brincou com a situação ao fim do jogo ao postar uma foto abraçado com o brasileiro e legendar: "Às vezes, você é muito chato meu amigo".

"Ele sempre foi um líder. Todo mundo espera um líder que fala, e ele é mas um líder diferente. Diferente do que todo mundo espera. Ele lidera pela qualidade, pela confiança, pela coragem de sempre ir cara a cara. Sempre quer vencer com sua fome, seu espírito de luta. Ele adora competir em campo. São as coisas que um líder precisa ter. Mas Neymar não pode ganhar sozinho. Criamos um grupo com Herrera, Sarabia, Navas e todos os outros. São pessoas que sabem como treinar juntos, criar uma atmosfera. Talvez seja essa a chave para ver Neymar em um outro nível", disse Tuchel

Parabéns Equipe, grande jogo. ALLEZ PARIS??

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Tuchel x Leonardo

A pressão sobre Thomas Tuchel ocorre muito por conta do relacionamento ruim com o diretor de futebol, o ex-jogador brasileiro Leonardo. A relação entre eles está desgastada e piorou quando o treinador recentemente cobrou contratações publicamente.

Sem entendimento com o dirigente, a continuidade de Tuchel passou a depender de bons resultados na temporada. Assim, a derrota para o Manchester United aumentou a pressão sobre si, muito embora o time tenha goleado o Dijon por 4 a 0 no último fim de semana.

Tuchel ainda se defende no PSG relembrando os constantes desfalques do time. Contra o Istanbul serão quatro por causa das lesões dos titulares Bernat, Verratti, Paredes e Icardi.

O treinador alemão ainda passa longe da satisfação com o dirigente brasileiro muito por conta da saída de Thiago Silva para o Chelsea. O pedido do técnico era para a renovação do contrato do defensor.

Outro ponto de desagrado de Tuchel está na gestão dos contratos dos jogadores do PSG. Recentemente, além de Thiago Silva, o zagueiro Tanguy Kouassi (Bayern de Munique) Meunier (Borussia Dortmund) e Cavani, saíram do clube de forma gratuita ao final de seus vínculos. Agora, é o argentino Di Maria que está em final de contrato — o vínculo termina em 30 de junho de 2021.

A estratégia de Leonardo foi a de não contratar zagueiros por acreditar não ter problemas na posição. O plano foi o de montar o elenco com, ao menos, um reserva para cada posição no campo. Assim, a defesa central tem Marquinhos e Kimpembe como titulares, sendo Diallo e Kehrer os reservas. No plantel articulado por Leonardo, o reserva de Neymar é o alemão Julian Draxler. Já o brasileiro Rafinha fica ao lado de Gueye como uma opção para a vaga de Verratti no time.