Juventude é o problema? Galo tem 2ª maior média de idade do G-6 do BR
A derrota do Atlético-MG para o Palmeiras, na última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, deixou o técnico Jorge Sampaoli insatisfeito. O argentino disse após o revés no Allianz Parque que o seu time foi "vulnerável e impreciso".
Essa vulnerabilidade e imprecisão ficaram evidentes pelo placar do jogo, 3 a 0, e pelas dificuldades que não são novidades há algumas rodadas, como os problemas na criação e finalização das jogadas. Para se ter ideia, de 16 arremates tentados pelo Alvinegro, apenas dois foram ao gol do palmeirense Weverton.
E Sampaoli foi além na tentativa de justificar mais um tropeço no Brasileirão, o quarto em sequência, já que soma dois empates e duas derrotas em seus últimos compromissos, a pior sequência dele desde que assumiu o comando da equipe.
O treinador disse que o Atlético-MG tem sofrido pela juventude dos jogadores e que os adversários são mais "fortes mentalmente" que o Galo.
"Estamos em um processo em que existe uma responsabilidade pelo lugar que ocupamos e a expectativa sobre um grupo jovem que, entretanto, não está preparado para esse tipo de desafio. Essa é uma realidade que temos que melhorar porque as virtudes que a equipe teve em algum momento estavam relacionadas com a contundência. Hoje a equipe não está sendo contundente. Então, o rival está sempre se adiantando emocionalmente no jogo e isso nos faz imprecisos e vulneráveis", analisou após a derrota para o Palmeiras.
Juventude é o problema?
Mas, até que ponto o elenco do Atlético-MG é jovem? E até que ponto isso pode, de fato, ser o problema preponderante na queda de produção da equipe?
O UOL Esporte buscou resposta na matemática e fez um recorte com as médias de idade dos seis primeiros colocados do Campeonato Brasileiro da Série A. Os números apontam que o Galo não é a equipe com a mais baixa média entre os seus principais adversários.
Dos seis clubes que estão na ponta da classificação, o Atlético-MG, terceiro colocado geral, é o que tem a segunda mais alta média de idade, atrás apenas do Internacional, líder do Brasileiro. A média do elenco atleticano é de 26,2 anos, contra 26,8 anos do Colorado.
O Galo supera todos os outros adversários diretos no quesito média de idade, o que em tese contraria a justificativa de Sampaoli. O vice-líder Flamengo tem média de 25,6 anos, o Fluminense, quarto colocado, e o São Paulo, quinto, têm 25,8 anos de média de idade, cada. O Santos, sexto, tem 24,9 anos de média.
Além disso, dos 11 jogadores considerados titulares, que têm presença mais frequente na escalação inicial atleticana, sete possuem entre 24 e 35 anos, o que representa 64% dos atletas. Entre eles estão Everson (30 anos), Réver (35), Júnior Alonso (27), Jair (26), Nathan (24), Sasha (28) e Keno (31).
Esse mesmo grupo no mês de setembro atingiu mais de 80% de aproveitamento e ficou sete rodadas na liderança do Campeonato Brasileiro.
Em outubro e até aqui em novembro a baixa produtividade tem dado o tom, o que fez o time perder posições na classificação e tirar a paciência do torcedor.
Erro do treinador?
Sampaoli não chama para si os problemas apresentados pelo Galo nos jogos. As falhas sempre são por "falta de contundência" ou pelo forte esquema defensivo do adversário.
Contra o Palmeiras não foi a primeira vez que ele citou que o adversário jogou para contra-atacar. Ele já havia falado isso após o empate em 0 a 0 com o Sport, no empate em 1 a 1 com o Fluminense e na derrota por 2 a 1 para o Fortaleza.
Porém, o treinador reconhece que seu time mostrou certa "desordem" contra o Palmeiras. E se a equipe se desorganiza, isso não é pela média de idade, mas, sim, indício de que precisa trabalhar mais nos treinos para corrigir. Aí é que entra o papel do treinador.
"A equipe quer conseguir o gol através da desordem gerando situações que não podemos gerar. O Palmeiras estava preparado apenas para contra-atacar e isso te causa dano. No segundo gol, estávamos com muita gente na área rival. Aí nasce uma jogada em que o Palmeiras não havia passado do meio-campo, mas definiu a partida", justificou.
Crise
E o pior momento de Sampaoli, que também reflete na mais importante baixa de produtividade do Atlético-MG no Brasileirão, causa efeitos importantes no ambiente atleticano.
Torcedores organizados foram até o Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, protestar. Everson, goleiro experiente e um pedido de Sampaoli à diretoria alvinegra, e o jovem Guga foram os mais cobrados.
A queda de produção virou motivo de preocupação da diretoria, que investiu R$ 200 milhões no elenco com a ajuda de parceiros. O esquema de jogo de Sampaoli já é questionado nos bastidores.
Médias de idade dos clubes da Série A 2020*
Inter: 26,8 anos
Flamengo: 25,6 anos
Atlético-MG: 26,2 anos
Fluminense: 25,8 anos
São Paulo: 25,8 anos
Santos: 24,9 anos
Palmeiras: 27,3 anos
Grêmio: 27,4 anos
Sport: 26,5 anos
Fortaleza: 28,9 anos
Corinthians: 26,8 anos
Ceará: 27,3 anos
Atlético-GO: 25,4 anos
Botafogo: 25,4 anos
Bahia: 27 anos
Vasco: 25,2 anos
Coritiba: 26,7 anos
Red Bull Bragantino: 25 anos
Athletico-PR: 25,3 anos
Goiás: 26,6 anos
*Os números são apontados no site Transfermarkt, especialista em avaliação do valor de mercado de jogadores de todo o planeta.
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