Cinco capítulos que ajudam a explicar o caos na eleição do Vasco
A eleição presidencial do Vasco, que foi realizada ontem (7), foi confusa e ainda não tem um resultado final. O UOL Esporte separou cinco pontos que ajudam a explicar um pouco do que foi o caos que se instalou no pleito.
Batalhas judiciais
A eleição presidencial e o formato no qual ela aconteceria já vinham sendo motivo de discussão nos bastidores e decisões judiciais havia alguns meses. Em meio a essa confusão, uma liminar concedida no último dia 3, pela 7ª Vara Cível, determinou que o pleito fosse no dia 14, exclusivamente online — o presidente Alexandre Campello havia publicado edital convocando eleição para o dia dia 7, de forma presencial.
A liminar, porém, foi derrubada na noite da última sexta-feira, recolando a eleição no dia 7, e de forma presencial. Ainda durante a madrugada, chapas contrárias à data e formato tentaram recorrer.
"Mais Vasco" e "Sempre Vasco" até cogitaram boicotar o evento, como forma de não corroborar com algo que consideram não estar dentro da legalidade, mas decidiram por comparecer e fazer campanha.
Pela manhã, mesmo que com o pleito já iniciado, Faues Cherene Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral entrou com um pedido de reconsideração da decisão que determinou o pleito para este sábado.
Soco no rosto de rival
Com um clima não muito agradável já de véspera, a eleição teve a primeira confusão ainda no começo da tarde. Membro da "Sempre Vasco", Rodrigo Stockler deu um soco no rosto de Luís Manuel Fernandes, apoiador da chapa "Somamos", encabeçada por Leven Siano.
Os dois foram para a delegacia e Fernandes classificou o ato como "covarde".
"Prestei queixa. Foi um ato covarde, lamentável. Deveria ser uma eleição histórica, por ser a primeira eleição direta, e que, infelizmente, fica manchada", disse Luís, antes de explicar o que aconteceu antes da agressão:
"Ele disse que eu tinha de me retirar do recinto. Eu respondi que, além de Grande Benemérito, estava ali como fiscal de um chapa, que ele não tinha autoridade para me retirar do recinto. A reação dele foi me desferir um soco".
Suspensão, idas e vindas
A eleição caminhava para a reta final quando uma notícia mudou o panorama: a eleição, após quase todo o dia de votação, estava suspensa. Lembra do pedido feito pelo presidente da Assembleia Geral para reconsideração da decisão que determinou o pleito para este sábado? Então, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu.
Inicialmente, enquanto o Vasco não fosse notificado, a votação não seria interrompida e, após todo os trâmites dos sócios, se analisaria as novas decisões. Porém, o Cruz-Maltino recebeu o documento, Mussa assinou e paralisou o depósito de cédulas nas urnas.
Neste momento, Leven Sian, candidato pela chapa "Somamos" e que liderava segundo as pesquisas de boca de urna, afirmou que a ação suspendia os efeitos da eleição, mas que a votação deveria continuar. Ele ameaçou retirar a chapa caso um novo pleito fosse marcado.
A votação, após análise da mesa diretora, retornou. A partir deste momento, quem retirou as chapas foram Julio Bant, Jorge Salgado e Alexandre Campello.
Briga fora, discussão dentro e apagão
Minutos depois que a suspensão foi anunciada, uma briga entre correligionários de diferentes chapas aconteceu nos arredores de São Januário. Seguranças particulares relataram tiros e o portão de saída do ginásio de votação chegou a ser fechado.
Após toda a confusão, Leven Siano e Alexandre Campello protagonizaram uma ríspida discussão no ginásio de votação. No bate-boca, o candidato da "Somamos" proferiu frases como "perderam a eleição e estão apelando", "se vocês são machos, abre a urna e conta os votos", e "você ficou em quarto lugar, com a máquina na mão. Tenha vergonha". O atual presidente, que tenta reeleição, respondeu com "Você é recalcado" e "você quer palco".
Campello deixou o local de votação e, pouco depois, as luzes do ginásio foram deligadas. Os trâmites finais da mesa diretoria foram feitos sob a luminosidade dos aparelhos celulares.
E agora?
Diante da situação, a intenção inicial da mesa diretora era lacrar as urnas e deixá-las desta forma até nova decisão judicial, Porém, reter as urnas dependia de alguns trâmites burocráticos e, por conta desse impasse, a mesa diretora e os integrantes das chapas Somamos e Aqui é Vasco decidiram por abrir as urnas e fazer a contagem dos votos.
No decorrer da madrugada, a apuração mostrou que Leven Siano foi o candidato com mais votos, seguido de Jorge Salgado. Leven afirmou que buscará derrubar tal liminar e legitimar sua vitória amanhã na Justiça.
A suspensão da Justiça causou interpretações jurídicas distintas. Presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, o Mussa, acredita que, com a decisão, sua antiga liminar que havia obtido volta a valer, o que o motivou a soltar uma nota oficial informando que conversará com os candidatos para realizar uma nova eleição no próximo sábado (14) de maneira 100% on-line. Já os atores políticos que permaneceram no ginásio de São Januário após a suspensão entendem que a liminar não decidiu sobre o formato do novo pleito, apenas sobre seu adiamento para o dia 14 de novembro.
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