Sá Pinto jogou com Abel e ajudou na trajetória do palmeirense como técnico
Novatos no futebol brasileiro, Ricardo Sá Pinto e Abel Ferreira estarão à frente de Vasco e Palmeiras, no clássico de hoje (8), às 16h, em São Januário, pela 20ª rodada do Brasileirão. Mais do que conterrâneos, os dois portugueses têm uma amizade longa e chegaram a trabalhar juntos, seja como atletas ou como treinadores.
Sá Pinto e Abel foram companheiros no Sporting (POR), já no fim da carreira do comandante do Vasco como jogador, em 2006. Cinco anos depois, ele estava à frente do time sub-19 do clube de Lisboa e convidou o hoje treinador alviverde para ser seu auxiliar, já que a carreira como lateral direito estava em fase final, graças a uma grave lesão no joelho.
"O Abel, naquela altura, tinha encerrado o contrato com o Sporting, acabado de ter uma lesão grave no joelho e o Sporting não renovou o contrato. Ele estava fazendo a recuperação na academia, eu era o treinador da equipe sub-19 e perguntei como ele estava, e ele me explicou a história, que estava tentando se recuperar, e que aí, ou ia tentar jogar ou iniciar uma carreira de treinador, e eu disse que, enquanto se recuperasse, poderia fica comigo, me ajudando, acompanhando o treino, se familiarizando, e assim foi", contou Sá Pinto, ao UOL Esporte.
"Ao mesmo tempo em que ele fazia a recuperação, também ajudava no campo. Ficou comigo de três a quatro meses. Depois eu fui chamado ao time principal, e na fase final do campeonato ele ficou tomando conta do sub-19. Fomos campeões (portugueses) desse ano no sub-19, fizemos um excelente trabalho e ele iniciou a carreira de treinador", completou.
Abel, por sua vez, diz que o compatriota está numa lista seleta de pessoas fundamentais em sua trajetória no futebol. "Quando olhamos para nossa linha de vida, há muitas pessoas que marcaram. Eu deixei de jogar futebol com quase 30 anos por uma lesão grave no joelho. Já tinha o segundo nível de treinador nesta época, e ele (Sá Pinto) convidou-me para ser seu assistente. Estive com ele, ele me deu a chance de começar o sub-19 do Sporting antes de subir para o time profissional", acrescentou o comandante alviverde.
Os dois não voltaram a trabalhar juntos depois disso, mas Sá Pinto assumiu o Braga quando Abel se transferiu para o PAOK (GRE), em 2019. Hoje, ambos se consideram bons amigos.
"O Abel é um amigo acima de tudo, agora é um colega de profissão e vai ser meu rival durante 90 minutos. Mas acima de tudo é um amigo. Jogou comigo no Sporting alguns anos e chegamos a jogar um contra o outro também. Gosto muito dele. Foi uma boa experiência e bons anos que passamos juntos", afirmou o comandante do Vasco.
"Pelo estudo e pesquisa que fiz, as torcidas (de Palmeiras e Vasco) têm muito respeito entre si. Os treinadores também. Ele é meu amigo, mas dentro do campo vou fazer tudo com meus jogadores para ganhar. É o que queremos, para isso que trabalhamos, mas dentro de campo cada um vai lutar por si", concluiu o palmeirense.
Os mesmos empresários
Outra curiosidade entre os treinadores de Vasco e Palmeiras é que eles são dos mesmos empresários: os portugueses Hugo Cajuda e Bruno Carvalho, que são da empresa de agenciamento "Fia Football".
Estes foram os primeiros negócios que os agentes fizeram com o futebol brasileiro. No portfólio deles há também intermediações nas transferências dos treinadores Paulo Fonseca, para a Roma (ITA), e Paulo Sousa, para o Bordeaux (FRA).
Sá Pinto vê objetivos distintos entre ele e Abel
Embora estejam cercados de expectativas de ambas as torcidas, Ricardo Sá Pinto acredita que ele e Abel têm objetivos distintos atualmente no Brasil. Na avaliação do técnico do Vasco, não há como fazer um comparativo entre ele, o treinador do Palmeiras e Jorge Jesus, que fez história no Flamengo e hoje retornou ao Benfica (POR).
"É muito difícil, não dá para comparar os objetivos dos treinadores em cada equipe. Cada treinador tem seu objetivo. Nunca poderemos comparar, porque não estamos no mesmo nível em nada. Os objetivos do Vasco são diferentes do Palmeiras, que são diferentes do Flamengo", avaliou Sá Pinto.
O treinador vascaíno ressaltou a importância de Jorge Jesus para a chegada maciça de treinadores portugueses no Brasil.
"Finalmente chegamos ao mercado brasileiro, coisa que há muitos anos não acontecia, ou nunca aconteceu desta maneira. Muito também pelo excelente trabalho que o Jorge Jesus fez no Flamengo, que foi fantástico. Isso, portanto, permitiu abrir portas", declarou Sá Pinto, que complementou: "Espero que todos os treinadores que venham, tenham sucesso, cada um no seu clube, pois será bom para a classe dos treinadores portugueses".
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