Tite repete Copa e mantém aposta em nomes de confiança mesmo em baixa
Com aproveitamento impecável pela seleção brasileira até então, Tite começou a ser alvo de críticas depois da eliminação diante da Bélgica na Copa do Mundo de 2018. As reclamações se apoiavam, principalmente, em dois pontos: as convicções do treinador, que insistiu em jogadores de confiança e que, na visão da crítica e da torcida, não rendiam o esperado, e a gestão de lesões da comissão técnico, que acabou não podendo utilizar alguns atletas por problemas físicos.
De lá para cá, Tite renovou a seleção, e diversos nomes do Mundial encerraram suas trajetórias com a camisa amarela. William e Paulinho foram dois dos atletas que contaram com a insistência do comandante para ganhar muitos minutos de jogo na Rússia. Não renderam o esperado dentro de campo e viraram focos de contestação e agora estão fora de cena. Novas caras se consolidaram.
Renovação à parte, na medida em que a Copa de 2022 se aproxima e os amistosos dão lugar a partidas competitivas, Tite começa a dar sinais de que segue fiel às suas convicções. O treinador brasileiro construiu, principalmente no meio campo, uma base de confiança, e está disposto a bancar jogadores que a integram, ainda que a fase nos clubes e na seleção não pareça justificar a presença.
O caso mais emblemático é o de Coutinho, que desde a troca do Liverpool pelo Barcelona não reencontrou seu melhor futebol e não conseguiu se firmar nem no clube catalão nem no Bayern de Munique, onde atuou por empréstimo na temporada. Nem por isso deixou de ser um nome constante na seleção, onde também não empolgou - Tite já teve até que justificar a confiança depositada no meia.
"Eu corro todos os riscos como treinador, inclusive esse (manter o Coutinho titular). Esses riscos e a pressão em cima das minhas escolhas são inevitáveis do cargo e do meu trabalho. A minha coerência com o Coutinho é dar uma sequência ao trabalho dele", justificou, em março do ano passado.
Coutinho apareceu na lista inicial para os confrontos diante de Venezuela e Uruguai, na semana que vem, pelas eliminatórias, mas acabou cortado por lesão. Para seu lugar, Tite convocou Paquetá, que conquistou sua confiança no processo de renovação pós-Copa. Por outro lado, no âmbito dos clubes, o jovem meio-campista não conseguiu convencer o Milan e também ainda não se firmou como titular no Lyon, para o qual se transferiu nesta temporada.
Na França, Paquetá entrou em campo em apenas três partidas nos últimos 40 dias. Em duas, foi substituído no segundo tempo, totalizando 240 minutos em ação.
Arthur é outro jogador em situação similar. O volante foi um dos primeiros testados na renovação pós-Copa e conquistou Tite rapidamente. Obviamente, conta até hoje com admiração da comissão técnica, que valoriza sua capacidade de encontrar passes precisos sem segurar a bola. No futebol europeu, entretanto, o meio-campista ainda não encontrou.
Nesta temporada, Arthur alterna jogos como titular e partidas iniciadas no banco de reservas, e soma 345 minutos em sete jogos pela Juventus. A transferência para a Itália veio depois de um final de passagem decepcionante no Barcelona, onde, em algumas ocasiões, sequer foi relacionado para ir ao estádio.
Tite também decidiu apostar em Neymar, que se recupera de lesão, está fora do jogo contra a Venezuela e pode não se recuperar a tempo do confronto contra o Uruguai. Apostar na recuperação de jogadores durante o período com a seleção não é novidade para o treinador: foi assim na Copa de 2018 com nomes como os meio-campistas Fred e Renato Augusto.
Desta vez, entretanto, o comandante brasileiro se preveniu, e convocou Pedro para integrar o grupo. Caso o seu camisa 10 e principal jogador não se recupere a tempo, o centroavante do Flamengo, que vive grande fase, estará a postos.
O Brasil encara a Venezuela no dia 13, no Morumbi, e depois enfrenta o Uruguai no dia 17, em Montevidéu.
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