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Abel é obrigado a mexer no Inter de Coudet, improvisa e usa antigo mantra

Abel Braga comanda a equipe do Internacional na partida contra o América-MG - Ricardo Duarte/Internacional
Abel Braga comanda a equipe do Internacional na partida contra o América-MG Imagem: Ricardo Duarte/Internacional

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

12/11/2020 04h00

Abel Braga estreou em sua sétima passagem pelo comando do Internacional longe do que esperava. Ontem (11), perdeu para o América-MG por 1 a 0, em casa, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Ainda que não tenha mexido no time pela falta de tempo para treinar, já mostrou situações com suas características. No decorrer do confronto, porém, o treinador foi obrigado a alterar a formação e até resgatou um antigo mantra.

A equipe que começou o jogo era praticamente a mesma que vinha jogando. Em relação ao time de Eduardo Coudet, que aceitou oferta do Celta de Vigo-ESP, apenas Uendel, na vaga de Moisés, pode ser considerado novidade. Até mesmo a formação inicial foi idêntica. As ideias de jogo também.

O Colorado começou a partida tentando repetir o que fez ao longo de 2020. Com saída de três, cuja premissa é um volante entre os zagueiros, laterais ofensivos e uma linha de três meio-campistas auxiliando dois atacantes. O desenho era idêntico.

Mas faltava a intensidade, talvez orquestrada pelos gritos de Coudet, que já não ecoavam pelo Beira-Rio vazio em razão da ausência de torcedores forçada pela pandemia do novo coronavírus. Sem a marcação aguerrida, disputando a bola no campo de ataque, o sistema defensivo, que já era frágil, não demorou a vazar. Como sempre, em cruzamento. Dos 38 gols sofridos no ano, 19 nasceram de bolas levantadas para área.

Ainda no primeiro tempo, Abel precisou mexer. Quando Patrick se lesionou, o treinador não apenas trocou o time, mas o esquema. Colocou Peglow, que pouco jogava com Coudet e quando atuava era como atacante, aberto pela esquerda. Esticou Marcos Guilherme na direita e abriu mão do 4-1-3-2 que acompanhava o Colorado toda temporada. Virou um 4-4-2 com meio-campo em linha.

A falta de profundidade e produção ofensiva ficaram mais claras a cada minuto. No segundo tempo, Abel adotou o 'modo emergência'. Entre suas ações, sempre visando o empate, sacou Peglow, que havia entrado no primeiro tempo, colocou D'Alessandro e, quando o jogo se encaminhava para o fim, adotou um modelo conhecido de suas passagens anteriores pelo Sul: O "pra dentro deles".

A expressão virou mantra de Abel quando a ideia era atacar. O ápice foi colocar Yuri Alberto na vaga de Heitor, fazendo Marcos Guilherme ser improvisado como lateral direito e empilhando jogadores de ataque na área. A estratégia básica passou a ser encontrar o zagueiro Cuesta na intermediária ofensiva, sempre pelo lado esquerdo, e levantar a bola em diagonal, visando encontrar algum jogador de ataque em condições de colocar a bola na rede. Sobraram pedidos de pênalti, faltaram chances claras.

Ainda que tenha começado com o mesmo time e a mesma ideia, o decorrer da partida fez Abel tomar suas atitudes, deixando o time, aparentemente, desorientado. Sem Coudet e seus gritos, com Abel e seus pensamentos ainda sem adaptação e conhecimento do elenco, o Inter caiu e precisará reverter longe de casa para manter o sonho de quebrar o jejum de títulos nacionais que enfrenta.

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