Topo

Internacional

O que Abel Braga quer corrigir no Inter de Eduardo Coudet

Abel Braga encontrou falhas no time do Inter e pretende fazer correções - Ricardo Duarte/Inter
Abel Braga encontrou falhas no time do Inter e pretende fazer correções Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

12/11/2020 04h00

Abel Braga pegou o Internacional na liderança do Brasileirão, classificado na Copa do Brasil e na Libertadores. Mas isso não quer dizer que não tenha detectado falhas no rendimento do time. A derrota por 1 a 0 para o América-MG, ontem (11), na estreia do treinador o salientou defeitos que ele espera corrigir no legado deixado por Eduardo Coudet.

"Aconteceram algumas coisas que eu não achei legal. Falei e não teve o efeito que eu gostaria. Essa é a verdade. Vamos buscar, e temos que ter a leitura correta do jogo. Hoje aconteceram coisas que não foram boas", disse o treinador.

Faltam dribles

A movimentação ofensiva do Inter de Coudet era embasada em deslocamentos e lançamentos. Os treinamentos com campos reduzidos (ao extremo) promoviam passes, domínios e deslocamentos. Praticamente tirou da essência da equipe algo que Abel Braga julga ser importante: o drible.

O atual treinador do Internacional falou, em coletiva, que se surpreendeu com a falta de iniciativa de seus jogadores neste quesito. Que nem sequer conseguiram faltas perigosas ao longo dos 90 minutos contra o América-MG.

"Se fores reparar, tivemos pouquíssimas faltas perigosas a nosso favor. Perto da área, do lado da área, nada. Isso não é normal. Mas é sinal que tivemos poucas ações procurando o um contra um. Poxa, pera aí, tem que ir para cima. Quando estávamos encurralando o adversário, que estava bem postado atrás, isso é importante para quebrar o posicionamento deles. Não sei se é sempre assim, mas tivemos pouca iniciativa", disse.

"Este tipo de coisa, ou tem ou não tem, é característica. Mas o que não pode é ter e não tentar. Tem que tentar. Não me importo de acertar e errar, mas quem tem este recurso de sair da marcação, tem que arrumar um jeito de tentar. Tabelar, procurar o espaço, ir para cima", completou.

Muitos passes para trás

Abel Braga se uniu à torcida do Inter em uma das principais reclamações contra o time treinador por Eduardo Coudet. Os repetidos passes para trás. Segundo o treinador, a equipe abusou de passes desnecessários e deve arriscar mais.

"Temos que jogar menos para trás, ter confiança de dar um passe mais difícil, encontrar um colega melhor posicionado, isso vai ser fundamental para nós", disse. "Hoje tivemos o domínio do jogo [mais de 70% de posse de bola], mas só o domínio", acrescentou.

Saída de três lenta e previsível

Um dos pilares do início da criação de jogadas do Inter de Coudet era a "saída de três". Nela, o volante (Lindoso ou Musto) recuava entre os zagueiros e, juntos, o trio iniciava a construção. Abel criticou a insistência neste lance quando não havia marcadores. Sobrando atletas atrás, na avaliação do treinador, faltará em outro setor do campo.

"Insistimos na saída de três quando não precisava. Eles tinham cinco no meio, só um atacante. Para que fazer a saída com três se eles só tinham um ali? Com três jogadores atrás, falta um em outro setor do campo. Além disso, telegrafamos onde tocaríamos a bola. Sempre a bola ia de um zagueiro para o outro até encontrar nosso lateral. Teria que ser mais rápido, sem passar pelos dois zagueiros, ali se perde muito tempo", afirmou.

Desatenção e bola aérea

O Inter sofre com um problema crônico desde o início da temporada: bola aérea. Dos 38 gols sofridos em 2020, 19 foram desta forma. Após sua estreia, Abel Braga lamentou a falta de atenção e disse que este tipo de situação é muito ruim.

"Não pode acontecer o gol simples que sofremos. Uma jogada de escanteio curto, que um jogador deles ficou esperando e não tivemos ninguém para marcar. Foi para área, voltou, e um cruzamento ficou dois contra um dentro da área. Não foi legal", afirmou.

"Isso [sofrer muitos gols de bola aérea] é a pior coisa para o zagueiro. Eu fui zagueiro e parece que a culpa é só da zaga. Mas é de todos, tem atacantes na área também neste tipo de lance. Como quando sai o nosso gol é também porque a bola saiu bem pelos zagueiros", acrescentou.

Desencaixe na marcação ofensiva

Por fim, Abel não quer que o Inter deixe de fazer a marcação ofensiva, alta, que fazia com Coudet. Porém, reclamou que sua equipe perdeu o encaixe em um dos volantes adversários, situação alertada por ele.

"Não mudei o time nem a forma de jogar. O Coudet fazia um excelente trabalho. Procuramos marcar alto, mas tivemos um erro bem nítido na marcação que eles estão acostumados a fazer. Não conseguimos ficar atentos ao posicionamento do Zé Ricardo (volante do América-MG). As coisas não fluíram com Juninho ou Geovane, mas o Zé Ricardo foi o desequilíbrio do meio. Depois coloquei o D'Alessandro por dentro para tentar resolver isso", finalizou.

No sábado, o Colorado encara o Santos pelo Campeonato Brasileiro. Abel, que teve apenas um treinamento com o time até sua estreia, poderá conhecer melhor o grupo e terá um pouco mais de tempo para impor seu estilo de jogo.

Internacional