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Sette Câmara diz que salvou o Atlético-MG e impediu clube de "Cruzeirar"

Sette Câmara, que está de saída do Galo, fez um balanço de sua gestão em entrevista coletiva - Pedro Souza/Atlético-MG
Sette Câmara, que está de saída do Galo, fez um balanço de sua gestão em entrevista coletiva Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

13/11/2020 04h00

O Atlético-MG terá um novo presidente a partir do ano que vem, já que Sérgio Sette Câmara abriu mão da corrida presidencial para o próximo triênio, entre 2021 e 2023.

Em coletiva que durou mais de duas horas, ontem (12), no auditório da sede administrativa do clube, no bairro de Lourdes (região nobre de Belo Horizonte), Sette Câmara, ao lado de seu vice, Lásaro Cândido, informou oficialmente que não tentará reeleição no pleito de 11 de dezembro, e fez um balanço de seus três anos de mandato.

Foram vários os assuntos tratados pela dupla, mas um em especial chamou a atenção. O atual presidente disse que a política de governança adotada por sua equipe à frente do Galo salvou o clube. E mais, impediu que algo parecido — ou até pior — ao ocorrido com o arquirrival Cruzeiro pudesse se repetir no lado alvinegro de Belo Horizonte.

"Se você me perguntar, sem falsa modéstia, sim, eu e o Lásaro participamos de um processo de salvamento do clube. O Atlético-MG estava indo a passos largos para um abismo que poderia ser igual ou até pior do que vive hoje o nosso adversário maior, o Cruzeiro. Como eu disse aqui, se tivesse tido [o Cruzeiro] uma diretoria correta, honesta e austera como a nossa, naquela época, como parece que tem agora com o Sérgio Santos Rodrigues, a diretoria dele que eu conheço, aí, talvez não tivesse no estado em que está. O Atlético-MG poderia ter ido para esse lugar, caído para a Série B, estar todo endividado", comentou.

"Cruzeirar"

No começo da temporada, ainda quando, talvez, nem sequer imaginava que deixaria a cadeira presidencial do Atlético-MG ao fim de seu primeiro mandato, Sette Câmara afirmou que o Galo não iria "Cruzeirar", em direta referência ao maior rival, que passa por problemas graves financeiros.

Essa declaração foi dada em uma circunstância diferente da atual, quando o próprio presidente sofria uma enorme pressão e era contestado pela má fase do time, principalmente pelas eliminações na Copa Sul-Americana, para o Unión (ARG), e da Copa do Brasil para o inexpressivo Afogados.

À época, o Galo ainda não recebia aporte financeiro da família Menin, que emprestou R$ 200 milhões para fomentar o departamento de futebol, com contratação não só de jogadores com potencial, mas, também, do técnico Jorge Sampaoli.

"Com o apoio do Rubens Menin e investidores, resolvemos fazer altos investimentos no nosso elenco. Trouxemos o melhor diretor de futebol do Brasil, um dos melhores treinadores do mundo, que é o Sampaoli, e fizemos investimentos certeiros em jogadores, a grande maioria jovens, que já trazem retorno em campo, e, com certeza, trarão retorno financeiro no futuro. Isso vai nos ajudar demais. Muitas vezes as pessoas analisam a tomada do recurso só por uma ótica, você pegou tantos milhões e endividou o clube. Não foi um dinheiro para se queimar e aumentar o endividamento do clube. Tudo foi feito dentro de um planejamento, com esse investimento certeiro", analisou.

Situação difícil

Ao chegar ao cargo de presidente atleticano, Sette Câmara disse que pegou o clube em situação completamente diferente da que está hoje.

"Quando eu cheguei, tínhamos quatro folhas [salariais] atrasadas, elenco velho, jogadores ganhando salários absurdos, caso de Robinho e Fred, e procuramos dar uma ajeitada na casa, mesmo diante de todas as dificuldades", afirmou, citando as dívidas passadas como grande problema no começo de sua gestão.

"Durante esses três anos, outra dificuldade que enfrentamos foram as dívidas do passado. Não estou colocando culpa em nenhuma administração anterior. Quero deixar claro que o Atlético-MG não se endividou há três, quatro, cinco anos. O clube já vem com um problema de endividamento de muitos anos, o Conselho [Deliberativo] sabe disso, o Conselho Fiscal sabe, a torcida tem por alto conhecimento dessa situação. Enfrentamos situações complicadíssimas, uma dessas era a dívida com a WRV — empresa parceira nos anos 2000 — que passava de R$ 80 milhões. E conseguimos fazer acordo, reduzindo a dívida em R$ 40 milhões, e dividimos em muitas parcelas. Uma dívida que chegou em um ponto que não tinha mais para onde correr, e teríamos todas nossas receitas penhoradas. Foi um livramento que o clube teve para caminhar", contou.

Por essas e outras situações, Sette Câmara afirma que alterou e muito o curso da história atleticana por meio de sua gestão. "Mudamos a história do Atlético-MG, saímos de um quadro meio amador e colocamos o clube entre os grandes do Brasil no futebol", opinou.

Mudança de "chave"

Para Sette Câmara a chave de sua gestão "virou" quando ele procurou o empresário Rubens Menin e o plano de investimento apresentado ao parceiro foi aprovado.

"Eu procurei o Rubens Menin e disse a ele: 'temos uma arena que está sendo construída, o Atlético-MG tem uma situação financeira complicada, mas está sendo administrada com muita dificuldade, mas temos que pensar em que Atlético-MG nós queremos, como vamos inaugurar nossa arena. Corremos o risco de cair para a segunda divisão. Nosso time não era um time que dava muita credibilidade ao torcedor. Tivemos um ano ruim, ele abraçou o projeto, talvez tenha sido um dos grandes méritos, trazer a família Menin para dentro do clube, e ele em seguida trouxe outras pessoas, o Ricardo [Guimarães, dono do Banco BMG] e o Renato Salvador [investidor de uma rede de hospitais em Minas Gerais]. Esse grupo arregaçou as mangas e começou a colocar o Atlético-MG em um caminho de profissionalização que poucos clubes do Brasil têm hoje", opinou.

Por essas e outras situações, o atual mandatário alegou ter assumido um elenco com valor agregado de R$ 190 milhões — em 2018 — e que agora o conjunto de jogadores atleticanos vale cerca de R$ 717 milhões. Segundo ele, o futuro presidente receberá um Galo melhor do que quando assumiu o posto.

"Acredito que meu trabalho, juntamente om o Lásaro e os demais da diretoria, será reconhecido no futuro próximo. Porque, com certeza estamos, entregaremos um Atlético-MG muito melhor daquele que recebemos. Disso eu não tenho a menor dúvida. O Atlético-MG, hoje, tem controle, profissionalismo, tem time, tem futuro, tem uma torcida que está entendendo isso, que está acreditando, não temos nesse aspecto dificuldade nenhuma de dizer. Nós queremos colocar o Atlético-MG entre os dois, três maiores clubes do Brasil (...) Sentimento de dever cumprido, e com a sensação de que hoje transformamos o clube, o colocamos em um outro patamar, entregando melhor do que recebemos", completou.

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