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Detentora de direitos das Eliminatórias admite propina a cartola da Fifa

Empresa reconhece ter pagado propina a James Webb, ex-vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf entre 2012 e 2015 - AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI
Empresa reconhece ter pagado propina a James Webb, ex-vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf entre 2012 e 2015 Imagem: AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI

Do UOL, em São Paulo

18/11/2020 20h54

O Grupo Imagina admitiu publicamente hoje (18) que seus ex-funcionários pagaram propina para assinar os contratos de direitos de transmissão dos jogos de três edições seguidas das Eliminatórias da Concacaf para a Copa do Mundo (as de 2014, 2018 e as atuais, de 2022). Em comunicado oficial, a empresa dá detalhes sobre um acordo firmado com o Departamento de Justiça dos EUA há pouco mais de dois anos.

A nota não especifica valores, mas afirma que um dos ex-funcionários "concordou com o pagamento de suborno de 1,5 milhão de dólares para garantir alguns direitos" de transmissão. O grupo nega que os pagamentos de propina tenham sido uma iniciativa institucional e alega que os crimes foram cometidos pessoalmente por dois ex-funcionários.

O Grupo Imagina é a holding da qual faz parte a Mediapro, empresa detentora dos direitos de transmissão de várias competições pelo mundo, incluindo as Eliminatórias Sul-Americanas. Na nota oficial, o grupo diz que seus ex-funcionários subornaram o ex-vice-presidente da Fifa Jeffrey Webb, que era o então presidente da Concacaf, além de outros oito executivos desta confederação. Webb foi preso na Suíça em 2015 e extraditado aos EUA, onde ainda espera para conhecer sua sentença.

"A Imagina reconhece que foi responsável, como pessoa jurídica, pela conduta criminosa de seus agentes; que a conduta criminosa pela qual a Imagina foi responsável envolveu o pagamento de subornos para garantir os direitos de partidas de futebol das Eliminatórias da Copa do Mundo nas regiões da América Central e do Caribe (CONCACAF) para os ciclos da Copa do Mundo de 2014, 2018 e 2022, em violação da lei dos EUA", diz um trecho do texto.

A empresa admite que três pessoas fizeram parte do esquema. Duas confessaram, e uma terceira, um ex-CEO da Imagina, "autorizou, dirigiu e facilitou" as transferências.

Jeffrey Webb, que presidiu a Concacaf por três anos até ser preso em 2015, atualmente aguarda para conhecer sua sentença na Justiça dos Estados Unidos — a audiência já foi adiada mais de dez vezes. Ele é acusado de extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, já confessou o primeiro crime citado, mas é improvável que seja preso. Ainda há acusações pendentes na Justiça das Ilhas Cayman, país-natal de Webb.

O Grupo Imagina é o atual detentor dos direitos de transmissão de oito seleções das atuais Eliminatórias Sul-Americanas — só não negocia os jogos de mando de Argentina e Brasil. Um braço deste grupo, a Mediapro, atualmente vive impasse na negociação com a TV Globo, por isso o canal brasileiro não pôde exibir Peru 2 x 4 Brasil, em outubro, nem Uruguai 0 x 2 Brasil, ontem (17).