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A evolução da dívida de R$ 150 mi: como o Santos chegou à "beira do abismo"

José Carlos Peres, presidente do Santos - Ivan Storti/Santos FC
José Carlos Peres, presidente do Santos Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

19/11/2020 04h00

O Santos acumulou nos últimos dois anos mais de R$ 150 milhões em dívidas. A situação, que já não era fácil antes, se tornou calamitosa ao ponto de Orlando Rollo, presidente em exercício, afirmar que o clube está "à beira do abismo". Um levantamento apresentado à Comissão de Transição elucidou como tal valor foi atingido.

O Peixe coleciona processos na Fifa por dívidas na contratação de jogadores e está bloqueado de registrar novos atletas como punição. Hamburgo (ALE), Club Brugge (BEL), Huachipato (CHI) e Atlético Nacional (COL) já acionaram o Alvinegro praiano na entidade máxima do futebol.

Os dados do levantamento começam no primeiro trimestre de 2019, quando o Peixe se comprometeu a pagar R$ 6,5 milhões ao Huachipato pela contratação de Yeferson Soteldo, mas não honrou o compromisso.

No terceiro trimestre do mesmo ano ocorreu o maior prejuízo do período. Entre INSS e FGTS da folha de pagamento, o clube somou quase R$ 4 milhões em dívidas. No entanto, o maior problema ficou por conta do fundo de investimento Doyen: ao não pagar uma parcela de acordo feito anteriormente, o Santos passou a dever R$ 51 milhões à empresa.

No último trimestre do ano passado, outros R$ 15 milhões foram somados às pendências: R$ 12 milhões entre IRRF, INSS e FGTS dos jogadores e mais R$ 2,5 milhões pela contratação de Felipe Aguilar junto ao Atlético Nacional (COL).

O primeiro trimestre de 2020 também foi desastroso. Mais R$ 16 milhões de impostos sobre a folha salarial do elenco se tornaram dívidas, e outros R$ 37 milhões não foram pagos por contratações feitas. Segundo o relatório, os valores devidos foram de R$ 16 milhões ao Huachipato (CHI), R$ 4 milhões ao Atlético Nacional (COL) e R$ 16 milhões ao Krasnodar (RUS), por Soteldo, Felipe Aguilar e Cueva, respectivamente.

No segundo semestre deste ano, quase R$ 6 milhões foram somados à extensa lista, sendo R$ 600 mil em dívidas com o Profut e R$ 5,3 milhões de IRRF sobre a folha salarial do clube.

O terceiro trimestre de 2020 reservou ao Santos mais R$ 11 milhões em dívidas: R$ 6,5 milhões de impostos sobre a folha salarial, R$ 460 mil com o Profut, R$ 2,2 milhões de direitos de imagem e outros quase R$ 2 milhões ao Hamburgo (ALE). O último trimestre do ano, ainda em vigência, cita apenas R$ 700 mil de INSS da folha salarial como pendência.

Vale lembrar que não está computada nessa dívida parte dos atuais valores devidos aos jogadores. O Peixe atualmente deve 30% do salário em carteiro referente ao mês passado, premiações por vitória — o famoso 'bicho' dos jogadores —, além de até quatro meses de direito de imagem, o que potencializaria o valor de R$ 2,2 milhões computados no relatório.

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