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"Sabemos que é tudo ao contrário", diz Marinho sobre Consciência Negra

Atacante do Santos relembrou morte brutal de homem dentro de um supermercado em Porto Alegre, ocorrida ontem - Ivan Storti
Atacante do Santos relembrou morte brutal de homem dentro de um supermercado em Porto Alegre, ocorrida ontem Imagem: Ivan Storti

Do UOL, em São Paulo

20/11/2020 14h50

O atacante Marinho, do Santos, escreveu um forte desabafo sobre o Dia da Consciência Negra, feriado que acontece hoje em quase todo o país.

"Dia da consciência negra ✊🏾. Fico pensando que só existe no calendário e para postar foto dizendo que 'Vidas Negras importam', na prática sabemos que é tudo ao contrário", iniciou o jogador em publicação no Instagram.

Parte do texto também foi dedicado para expressar a revolta do atleta diante da morte de um homem negro em um supermercado no Rio Grande do Sul após agressões de dois brancos.

"Notícia absurda que temos da morte do seu João Alberto ontem no estacionamento do Carrefour em Porto Alegre. Aí eu pergunto: quando vai ter punição severa, [quando] os bandidos vão ser presos? Ou vão pagar fiança e serem soltos para cometerem outro crime?", prosseguiu Marinho.

Por fim, o jogador resumiu seu comentário ao mostrar o "reflexo de uma sociedade preconceituosa para c...". "Lamentável", finalizou o atacante.

O caso

João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, morreu na noite de ontem após ser agredido por um segurança e por um PM temporário, fora de serviço, no supermercado Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, às vésperas do feriado da Consciência Negra. Os agressores foram presos, suspeitos de homicídio doloso.

A vítima teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzida pelo segurança da loja até o estacionamento, no andar inferior. Um cliente, policial militar temporário - funcionário contratado pela Brigada Militar por tempo determinado, para atividades administrativas -, acompanhou o deslocamento, que acabou no espancamento de Freitas.

Durante o percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em depoimento à polícia.

"A partir disso começou o tumulto, e os dois agrediram ele na tentativa de contê-lo. Eles (o PM e o segurança) chegaram a subir em cima do corpo dele, colocaram perna no pescoço ou no tórax", disse o delegado plantonista Leandro Bodoia. A cena vem sendo comparada nas redes sociais ao que aconteceu com George Floyd, que morreu sufocado por policiais nos Estados Unidos.