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Saída de Coudet polariza torcida do Inter e influencia eleição presidencial

Pedro H. Tesch/AGIF
Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

20/11/2020 04h00

Era para ter ficado no passado, era para ter sido superada, mas a saída de Eduardo Coudet ainda se refletirá por algum tempo no ambiente do Internacional. A forma com que o desligamento foi tratado e as reações causadas se arrastam por dias e dias, o que irão impactar nas eleições para decidir o próximo presidente do clube.

A história é longa e precisa ser resumida. Coudet vinha descontente com o ambiente criado nos bastidores do Colorado. Pedia reforços, era repreendido, voltava a pedir, até que ouviu críticas públicas.

Enquanto isso, veio uma oferta do Celta de Vigo, da Espanha, que em janeiro já tinha sondado o treinador. Na ocasião, o argentino descartou. Agora — como estava descontente — topou a investida no mercado europeu e simplesmente solicitou desligamento.

Os torcedores do Inter se dividiram prontamente. Há uma fração que defende o posicionamento do clube e entende que Coudet não se adaptou às necessidades do Colorado. O argentino era ciente que não há condições financeiras para investidas e ainda assim pedia novos jogadores. Sabia que a pandemia afetou toda economia mundial e seguia fazendo exigências, não entendendo que deveria agir unicamente com o que tem.

E há também uma parte considerável dos aficionados que culpa os dirigentes pela saída do treinador. Sob este ponto de vista, o clima ruim criado com Coudet reflete a postura do comando do clube. As frequentes saídas de membros do comando (dois vices de futebol foram desligados desde que o argentino começou a negociar com o clube), a relação atritada, a postura nos gabinetes irritou os que defendem o técnico. Para eles, o trabalho de campo estava muito acima do esperado e qualquer situação deveria ser contornada para que o time mantivesse o apresentado até então.

A dicotomia está formada. Ainda que já tenham ocorrido três jogos sob comando de Abel Braga, a separação segue evidente em todos os cenários do Inter. O nome de Coudet ainda é citado em entrevistas e, principalmente, lembrado pelos torcedores.

E o ambiente político é catapultado por este contexto. Com eleição presidencial no fim deste ano, a oposição se une aos contrários ao comando. A situação tenta juntar os que entendem que o lado equivocado da disputa não fala português.

No primeiro turno, a influência dos torcedores é menor. O pleito do dia 26 deste mês é restrito ao Conselho Deliberativo. Os quatro candidatos miram superar a cláusula de barreira de 15% e ainda ficar entre os dois primeiros para passar à eleição definitiva, entre os associados, dia 15 de dezembro.

Será então que o caso Coudet poderá influenciar no futuro do Inter. Isso se até lá o tema não tiver caído no esquecimento. Mas, pela força dos debates realizados até agora, a tendência é que Chacho ainda resida no Beira-Rio por algum tempo, mesmo que seus gritos já não ecoem pelo estádio vazio.