Flu só venceu 'Inter de Abel' uma vez; jogo remete a últimos bons trabalhos
Dono de linda história em mais de 50 anos dedicados ao futebol, Abel Braga terá um domingo especial quando Internacional e Fluminense se enfrentarem no Beira-Rio, às 18h15. Mesmo que não esteja à beira do campo após testar positivo para covid-19, o técnico irá muito além do reencontro entre os clubes com os quais possui maior identificação. O confronto o faz relembrar seus dois últimos trabalhos de destaque.
Foi no comando do Flu que Abel conquistou seu último título de relevância como treinador, em 2012, quando faturou o tetracampeonato brasileiro pelo clube que o lançou ao futebol como jogador em 1971. A relação de amor entre Abelão e o Tricolor já completou bodas de ouro se contados os anos na base, em Laranjeiras, e o laço entre ele e os tricolores vai além das glórias.
No momento mais difícil de sua vida, quando perdeu o filho João Pedro vítima de um trágico acidente em sua casa no Rio de Janeiro, o Fluminense esteve mais do que ao lado do ídolo: foi quem o ajudou a desanuviar as tristezas e acalmar o coração, acarinhado por torcida, diretoria e elenco de jogadores. Aos 68 anos, Abel Braga não esconde de ninguém o amor que sente pelo clube, forjado na alegria e também na tristeza.
E do lado tricolor a mística do encontro parece mesmo mexer com o clube. O Flu só venceu o Internacional comandado por Abel uma vez, em 2007, quando goleou o Colorado por 4 a 1 no Beira-Rio. Em sua sétima passagem no time gaúcho, o treinador enfrentou o Tricolor sete vezes, vencendo três e empatando outras duas — uma delas, em 1988, com vitória nos pênaltis, novidade do regulamento naquele anos para evitar empates.
Último bom trabalho no Internacional
Em 2020, Abel Braga chegou ao Inter como solução para a tempestade que se estabeleceu depois da saída de Eduardo Coudet. O treinador carrega um passado intimamente ligado ao clube, e esteve à frente do Colorado nas conquistas mais relevantes da história, como a Libertadores e o Mundial em 2006. Atrás apenas de Teté, Abel está prestes a se tornar o treinador que mais vezes comandou a equipe — no Flu, é o vice-líder, atrás de Zezé Moreira.
Mas não apenas o aspecto histórico ou a ligação com a torcida pesaram para chegada a Porto Alegre. A última vez que passou pelo reservado vermelho, Abel fez um bom trabalho. E não faz tanto tempo assim. Em 2014, ele treinou a equipe do início ao fim da temporada. O Colorado vinha de um 2013 sem brilho, não conquistou vaga na Libertadores, e precisava de uma resposta. Com Abel veio logo no Estadual.
Na final, contra o Grêmio, o Internacional venceu o jogo de ida na Arena por 2 a 1, e fez o duelo de volta ficar marcado. Em Caxias do Sul -- pois o Beira-Rio passava por reformas para Copa do Mundo -- Abel viu sua equipe aplicar 4 a 1 no adversário. O jogo ficou marcado pois após o último gol, no início do segundo tempo, quando o Grêmio ainda não havia balançado as redes, as lideranças do Inter comandaram uma "tirada de pé" para não expor o tradicional adversário a um placar mais amplo.
O restante do ano seguiu um tom positivo. Ainda que não tenha erguido outras taças, Abel colocou o Inter na fase de grupos da Libertadores de 2015 ao conquistar o terceiro lugar na tabela, apenas um ponto atrás do vice-campeão São Paulo. Sua equipe apresentava um futebol bastante consistente, com figuras importantes como D'Alessandro, Alex, Aránguiz e Juan.
Ao fim da temporada, Marcelo Medeiros, atual presidente do Inter, perdeu eleição para Vitório Píffero, que não negociou renovação com o treinador. Píffero procurou vários técnicos, como Tite, Mano Menezes e Vanderlei Luxemburgo, mas acabou assinando com Diego Aguirre, que levou o Colorado até a semifinal da Libertadores de 2015.
Hoje, porém, a realidade é outra. Abel amargou a eliminação na Copa do Brasil nos pênaltis contra o América-MG e é cobrado para recuperar o time, que também perdeu a liderança no Brasileirão.
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