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Bastidores: Nova eleição de vitalícios revive divergência no Palmeiras

Palmeiras terá votação de vitalícios no dia 7 de dezembro - Divulgação/Palmeiras
Palmeiras terá votação de vitalícios no dia 7 de dezembro Imagem: Divulgação/Palmeiras

Thiago Ferri

Do UOL, em São Paulo

23/11/2020 12h59

O Palmeiras terá no dia 7 de dezembro mais uma eleição de conselheiros vitalícios. O tema foi longamente discutido durante a reforma estatutária e faz reviver a divergência após uma votação contestada, que terminou com a manutenção do número dessas cadeiras no Conselho Deliberativo (CD).

Em janeiro, houve assembleia de sócios após o CD reprovar a redução do número de vitalícios. Para reverter a decisão, era preciso de dois terços dos votos do associado, e a proposta que diminuiria de 148 para 100 cadeiras de forma imediata ficou a seis votos da aprovação (foram 688). Outros 325 votaram em acordo com o Conselho, e mais 28 escolheram reduzir para 120, a partir de fevereiro de 2021.

Aqueles que são contrários às novas votações de vitalícios argumentam que as duas propostas para redução juntas tiveram mais de dois terços. Ainda que não fosse possível alterar o estatuto assim, defendem que o associado mostrou em sua maioria não concordar com o atual número de cadeiras (são 148 das 300).

"Não conseguiram alterar o estatuto, ele segue com 148 vitalícios. Eu fiz duas reuniões para diminuir para 120, mas houve um posicionamento radical para 100. Como não conseguiram (mudar o estatuto), diversas pessoas, beneméritos e que podem ser vitalícios querem disputar. Muitos pediram a reunião. Convoquei de acordo com o estatuto. Quem for contra, vota contra, sem problema. É um direito que todos têm", afirmou Seraphim Del Grande, presidente do Conselho Deliberativo.

Seraphim diz que defendia a diminuição para 120 conselheiros, mas houve uma "radicalização" daqueles que pediam a permanência em 148, e os que queriam 100 cadeiras aos vitalícios. Para ele, enquanto o cenário for este, a pauta não conseguirá ser novamente discutida.

"Tentei duas vezes na minha gestão a redução do vitalício. Não teve bom senso para se decidir uma maioria. Não vou convocar outra reunião estatutária (para discutir a diminuição) sem a conscientização de todo mundo. A maioria quer a redução, mas não teve acordo. Eu, inclusive, coloquei na proposta de 120 (vitalícios) que aqueles que depois de alguns anos não puderem vir, seriam vitalícios sem direito a voto", acrescentou.

A avaliação do presidente do Conselho Deliberativo não é compartilhada por membros da oposição.

"Eu não acho que teve radicalização, foram duas propostas que o CD não soube gerir e levar a para a assembleia. Esta é uma responsabilidade do Seraphim, preparar (temas) para discussões na assembleia. Foram duas propostas que juntas tiveram mais que dois terços dos votos. O que podemos inferir é que mais de dois terços dos sócios discordam da não redução de vitalícios. Isto deveria ser motivo suficiente para não ter novas reuniões, mesmo sem alterar o estatuto. Caberia a ele discutir novamente, se vamos modificar ou não, levando ao sócio uma única proposta", apontou o conselheiro Luiz Moncau.

"Antes mesmo da convocação, já tinha gente pedindo voto. Já se sabia que teria a votação e é um pouco ruim. O Palmeiras e qualquer instituição precisam se reinventar, ter novas ideias, novos modelos de gestão. O mundo evolui e precisamos evoluir juntos. Com metade das cadeiras do CD fixa, é um problema. Além disso, com metade de vitalícios o sócio perde o poder de fiscalização do trabalho dos conselheiros. Isto já é pequeno, porque o conselheiro não divulga suas atas, não tem no site do clube. Além de tudo, vitalício não precisa mais prestar contas nas urnas. O clube é do sócio, ele deveria ter o direito de afastar quem não quer ver mais lá", complementou.

"A gente não é contra a ideia de vitalícios pelas pessoas, porque as pessoas não são boas representantes, ou que são incapazes. Não é isso. Tem algumas pessoas no Palmeiras que entendem que o cargo de conselheiro é uma honra conquistada, uma retribuição pelo trabalho que fez. E não é isso, é um dever. Ninguém quer tirar ninguém que trabalhou a vida inteira pelo clube, mas o conselho é lugar para trabalho, para discutir propostas, fiscalizar", concluiu Moncau.

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