Botafogo escolhe hoje novo presidente em meio à crise e de olho em S/A
Os sócios do Botafogo vão às urnas hoje (24) para escolher o novo presidente do clube, em eleição com bastidores agitados e que ganhou ainda mais importância diante do atual cenário do Alvinegro. Alessandro Leite, da chapa "Todos pelo Botafogo", Durcésio Mello, da "Botafogo de Todos", e Walmer Machado, da "O Mais Tradicional", são os concorrentes para o pleito que será realizado em General Severiano.
A corrida eleitoral acontece em meio a uma grave crise financeira e com o time na penúltima colocação do Campeonato Brasileiro. O novo mandatário, inclusive, vai assumir o posto com a missão de buscar alternativas para concretizar o projeto de transformação do departamento de futebol em S/A.
Quem são os candidatos?
A eleição do Botafogo tem três candidatos: Alessandro Leite, Durcésio Mello e Walmer Machado.
Alessandro Leite pertence ao grupo político "Mais Botafogo", que atualmente está na gestão do Alvinegro. O advogado de 49 anos encabeça a chapa "Todos pelo Botafogo" e é vice-presidente executivo desde janeiro. Ele também é ex-membro da mesa do Conselho Deliberativo.
Durcésio Mello é engenheiro de formação e atua como empresário no ramo da gastronomia. Ele ainda não tem relação direta de trabalho com o clube. Líder da chapa "Botafogo de Todos", conta com o apoio do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro.
O advogado Walmer Machado também nunca esteve oficialmente em uma pasta do Alvinegro, mas defendeu o clube em uma ação contra a Odebrecht, que tinha como tema central o Estádio Nilton Santos, ainda na gestão de Carlos Eduardo Pereira. Ainda esteve envolvido em outras movimentações judiciais, como terceirizado, até maio deste ano.
Por que essa eleição se tornou tão importante?
Esta edição do pleito do Botafogo ganhou uma grande importância diante da situação do clube. Em crise financeira, a atual gestão buscou viabilizar um projeto que transformava o departamento de futebol em S/A — movimentação aprovada ainda no fim do ano passado.
O plano consiste em "separar" o futebol do restante do clube, constituindo uma empresa que utilizaria os ativos da pasta, mas, em contrapartida, terá de levantar valores para arcar com as dívidas.
A quantia traçada inicialmente foi de R$ 250 milhões e havia a expectativa de que tais valores pudessem ser alinhados até o meio do ano, porém, diante de alguns obstáculos, o desejo ainda não saiu do papel.
Segundo Carlos Augusto Montenegro, em recente entrevista coletiva, o projeto havia conseguido o aporte de R$ 180 milhões, mas o que ele chamou de "Plano A" não foi à frente. Agora, integrantes do empreendimento buscam, através de um "Plano B", se chegar à quantia desenhada inicialmente.
A concretização da proposta é vista como salvação para que o Alvinegro possa sanar parte das dívidas e chegar a uma situação um pouco melhor no que diz respeito aos cofres.
A entrevista de Montenegro aconteceu após a derrota do Botafogo para o Cuiabá, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, que determinou a demissão do então técnico Bruno Lazaroni. Na ocasião, o atendimento aos jornalistas foi motivado já pela grave crise que se anunciava em campo e pelas publicações feitas pelo youtuber Felipe Neto, que fez duras críticas à diretoria e ao comitê gestor do Futebol em relação ao andamento da S/A, com, inclusive, acusações a dirigentes.
Recuperação judicial foi debatida
Em uma reunião realizada entre membros da atual gestão e os candidatos Alessandro Leite e Durcésio Mello, há cerca de um mês, foi apresentada a atual situação financeira do Alvinegro, com previsões para a próxima temporada. Além disso, se colocou à mesa a recuperação judicial como alternativa para o caso de a transformação do departamento de futebol em S/A não se concretizar.
Walmer Machado, por sua vez, não compareceu. Além de contestar o local escolhido para o encontro, ele enxerga uma "impossibilidade jurídica" de a recuperação judicial ser discutida neste momento.
De acordo com especialistas ouvidos pelo blog "Lei em campo", do UOL Esporte, o Botafogo não pode avançar no assunto. Pelo menos, não agora. A Lei de Recuperação Judicial prevê que apenas empresas com dois anos de atividade podem solicitar o mecanismo, ou seja, o pedido não poderia ser feito de imediato. Assim, um caminho para o clube da Estrela Solitária é a insolvência civil.
Polêmica nos bastidores
Além de todo o cenário que envolve o clube, a eleição também ganhou capítulos quentes nos bastidores. As três chapas tiveram pedidos de impugnação protocolados junto ao clube indicando possíveis irregularidades nas inscrições dos grupos.
Alessandro e Durcésio pediram a impugnação da candidatura de Walmer, alegando que a chapa inscreveu seis pessoas já falecidas no quadro, além de outros sócios com irregularidades, segundo o que rege o estatuto para participar da eleição.
Walmer, por sua vez, pediu a impugnação de Alessandro e Durcésio. No pedido referente à chapa de Durcesio, o documento apresentado constava a alegação de que candidato não atendeu às condições estabelecidas pelo estatuto e também um "conflito de interesse" pelo fato do filho do candidato ser um dos gestores do Resende. Já no caso de Alessandro Leite, havia a indicação de irregularidade na lista de inscritos.
A Junta Eleitoral do clube, porém, não reconheceu tais inconsistências e liberou as chapas a participarem do pleito.
Promessa de protestos
A derrota para o Fortaleza, no último domingo (22), em casa, fez a trégua na relação entre torcida e diretoria ter um fim. Pouco após o apito final, alvinegros foram às redes sociais e há promessa de um protesto hoje, em General Severiano. Uma das justificativas para a movimentação é de que a sede do clube terá a presença da cúpula do Glorioso devido ao pleito.
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