'Grupo de Coudet' faz Abel recorrer à base e improvisações no Internacional
Abel Braga não participou da montagem do elenco do Internacional. E quem o fez, tem poucas semelhanças com suas preferências de futebol. Moldado pelo argentino Eduardo Coudet, o elenco não tem as opções que o atual treinador entende como ideais e dificulta escalações. Apesar dos percalços, o experiente técnico tem a missão de mandar hoje (25) a campo o que tem de melhor à disposição para o primeiro jogo contra o Boca Juniors, às 21h30 (de Brasília), no Beira-Rio, pelas oitavas de final da Copa Libertadores.
Em toda sua trajetória no Colorado, Coudet utilizou sempre o mesmo esquema e opções semelhantes. O 4-1-3-2 abriu mão de atacante de lado para investir em centroavantes ou jogadores que atuam pelo meio, apostou em laterais mais físicos do que técnico e zagueiros com capacidade de saída.
Abel, depois de tentar manter as movimentações propostas por seu antecessor nos dois primeiros jogos, tratou de impor suas ideias. Percebendo que não conseguiria dar a mesma identidade ao time — já que possui ideias diferentes de jogo — modificou os movimentos ao que entende por ideal.
Agora, o Colorado atua no 4-2-3-1, os laterais não são tão ofensivos e abriu-se espaço para dois perfis de atletas que simplesmente não existiam com Coudet: o meia e os atacantes de lado, conhecidos como extremas.
No grupo atual, Marcos Guilherme pode fazer a função, mas não é exatamente o espaço de campo que ocupa. Leandro Fernández também já jogou por ali, mas naturalmente é segundo atacante centralizado. Edenilson é volante, mas atuou como extrema pela direita em uma partida com Abel. Patrick até joga mais ofensivamente, mas também não pode ser considerado atacante e é quem melhor se adapta à esquerda. Mauricio, originalmente meia, também foi empurrado para o lado por falta de opções.
Para driblar carências e não ter que improvisar, Abel recorreu à base e chamou Caio Vidal, que até já iniciou como titular contra o Fluminense em sua segunda oportunidade no time de cima.
Na criação, Abel possui um jogador que é o exemplo perfeito para função e que não atuava com Coudet exatamente por isso: D'Alessandro. O argentino tende a ser cada vez mais utilizado, mesmo que tenha informado em entrevista coletiva que não seguirá no clube após o fim de seu contrato, que se encerra em 31 de dezembro deste ano. Quando não contou com D'Ale, precisou improvisar Nonato, que tem na meia apenas a segunda função em que pode ser utilizado. Normalmente ele atua como segundo volante.
"Muitas vezes um treinador pode escolher a montagem do elenco. Nós fizemos o elenco atual pois tínhamos um treinador com contrato de dois anos conosco [Coudet]. Pelos motivos já esgotados em entrevistas, ele optou por sair, buscou uma nova opção profissional, que respeitamos. Mas a montagem de elenco, a característica, foi baseada no modelo de jogo dele. Agora atrapalha. A competição continua, temos jogos importantíssimos pela frente, e nem sempre temos as opções desejadas pelo novo treinador. Isso é assim", disse o executivo de futebol do Colorado, Rodrigo Caetano.
No ataque a questão não é falta, mas sobreposição. Enquanto Coudet gostava e repetia pedidos para que fossem contratados centroavantes ou atacantes de velocidade, por usar dois em sua formação ideal, Abel Braga utiliza apenas um jogador centralizado, tornando a competição ainda maior.
Thiago Galhardo, goleador do time na temporada, é titular. Yuri Alberto, ainda que tenha feito bons jogos, não tem espaço na equipe. E Abel Hernández, que também chegou com status consolidado, está lesionado. Quando voltar, terá que correr para recuperar posto. E para o ano que vem, Paolo Guerrero deve ser reconduzido à titularidade. Ou seja, serão quatro jogadores para uma vaga.
"Já falamos muitas vezes que não temos condições de investimento. Este grupo foi que conquistou a liderança do Brasileiro durante muitas rodadas e é com ele que iremos até o fim", comentou Caetano. "A esperança está neste mesmo elenco. Vamos retomar as vitórias. Contra o Boca Juniors, temos o melhor enfrentamento possível para honrar ainda mais a camisa colorada da melhor forma", completou.
O jogo desta noite simboliza mais que o início da disputa por uma vaga nas quartas de final da competição continental. Com queda de rendimento e resultados no Inter, um bom jogo pesará para sequência do trabalho realizado por Abel Braga, que testou positivo para Covid-19 e não comandará o clube gaúcho — ele está sendo substituído pelos auxiliares Leomir de Souza, em conjunto com Osmar Loss.
FICHA TÉCNICA:
INTERNACIONAL x BOCA JUNIORS
Competição: Copa Libertadores - ida das oitavas de final
Data e hora: 25/11/2020 (quarta-feira), às 21h30 (de Brasília)
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Árbitro: Roberto Tobar (CHI)
Auxiliares: Alejandro Molina e Raúl Orellana (ambos CHI)
VAR: Julio Bascúñan (CHI)
INTERNACIONAL: Marcelo Lomba; Heitor, Zé Gabriel, Moledo e Uendel; Dourado, Edenilson, Mauricio (Lindoso), D'Alessandro e Patrick (Caio Vidal); Galhardo. Técnico: Leomir de Souza (auxiliar).
BOCA JUNIORS: Andrada; Buffarini, López, Izquierdoz e Fabra; Capaldo, Campuzano, Villa e Cardona; Tevez e Soldano (Salvio). Técnico: Miguel Ángel Russo.
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