Por que ex-lateral Gabriel sonha em levar arena de futmesa à Copa do Qatar
Você já deve ter ouvido falar do futmesa, aquela brincadeira que mistura futebol, vôlei e tênis de mesa e entrou na rotina de profissionais e amadores da bola há cerca de três anos. Mas e arena de futmesa, conhece?
É um conceito novo, inaugurado na semana passada em São Paulo. Quem está à frente é o ex-lateral direito Gabriel, que vestiu as camisas de São Paulo, Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Internacional, além de clubes na Espanha, na Grécia e nos Estados Unidos e até a seleção brasileira, em 2005. Ele é sócio de outros dois ex-atletas, Victor Pelae e Marcelo Maciel, no empreendimento no bairro do Campo Belo (zona sul da capital paulista) a que deu o nome de "Thesaint Mafia Arena", mesma alcunha de uma marca de roupas que ele tem.
"Comecei a praticar esse esporte no início e é superfácil, né? Basta ter uma mesa e alguém que saiba e goste de jogar do outro lado. Eu jogava com o Victor em uma quadra de squash nos Estados Unidos e tivemos a ideia de reproduzir isso prevendo o crescimento do esporte no Brasil. Então a arena é como se fosse um octógono de vidro", explica Gabriel ao UOL Esporte.
Mais do que o conceito simples do futmesa, que é colocar a bola do lado oposto da mesa com no máximo três toques, seja jogando sozinho ou em dupla, a "Foot Table" de Gabriel e sócios é uma arena fechada em que é possível usar as paredes como recurso e se movimentar ao redor da mesa de fibra de vidro posicionada no centro. Só não pode a bola cair no chão, que é ponto para o adversário.
O ex-lateral tem planos ousados para expandir esse conceito que considera inédito mundialmente. Primeiro, comercializar as mesas. Depois, alugar o espaço por hora ou dia para o público geral. Então, espalhar filiais. Por último, chegar à Copa do Mundo: "É meu projeto maior. Tenho conversado com amigos e patrocinadores para montar uma arena dessas na Copa do Mundo do Qatar, em 2022. O projeto está começando devagarinho, passo a passo, mas eu sonho grande. Se é um esporte que tende a crescer o céu é o limite."
Enquanto formata o projeto comercial do novo negócio, Gabriel usará o espaço para gravar vídeos na internet. Ele tem um canal no YouTube com dez produções lançadas nos últimos dois meses e quase 15 mil inscritos. Ele entrevista outros ex-jogadores, artistas e influenciadores, todos amigos: "Meu canal é para o pessoal que me curte, me segue e conhecer um pouco da intimidade. Tipo, um dia peguei o Denilson tomando banho, ele mostrou a casa dele, lembramos resenhas antigas. O canal também tem a ideia de divulgar o futmesa",comenta.
Homem de negócios
Gabriel parou de jogar em 2017 e pouco depois fez um curso de especialização em negócios do esporte, mídia e entretenimento na renomada universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e decidiu investir. Além da arena de futmesa e da marca de roupas, é sócio de uma academia em Miami e está montando um complexo de lazer na praia do Novo Campeche, em Florianópolis, com bares, restaurantes, espaço para crianças e prática de esportes. Ele também é embaixador de um projeto social chamado "Zuzu for Africa".
É uma maneira diferente de trabalho, eu não estava acostumado. Mas estou adorando, porque quando você para de jogar futebol é realmente muito difícil, você não tem conhecimento de nada, nunca fez nada diferente, ficou focado 15, 20, 25 anos no futebol. Aí quando para, você fica meio sem chão. Eu pensei: 'estou com dinheiro, portas abertas, mas o que vou fazer agora?'. Aos poucos foi clareando."
Além da divulgação dos negócios, ele usa suas redes sociais para dar atenção a causas sociais. Num post de novembro, pediu respeito às "minas, manas, monas, sapas, bichas, negras e gordas", por exemplo. Esse lado ativista, diz ele, é meio genético.
"Eu tive escola, aprendi cedo. Meu pai, Wladimir, sempre se posicionou em relação a tudo o que acreditava, tanto é que fez parte da Democracia Corintiana. Nós, jogadores, atletas, artistas, muitas vezes não entendemos que temos uma missão social muito grande, uma responsabilidade com o próximo. As pessoas usam pouco a imagem que têm para fazer a diferença. Eu como negro, filho de negros, com irmãos e filhos negros, me sinto na obrigação de me posicionar, de tomar lado, sem me importar se fulano vai falar isso, se ciclano vai repercutir assim. Joguei futebol até certa idade, mas depois tenho o resto da vida para viver e não me esconder de porrada."
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