Da emoção na Casa Rosada à cerimônia intimista: como foi o adeus a Maradona
O adeus a Diego Armando Maradona foi do jeito que o melhor o representa: intenso. A despedida do craque argentino, que morreu ontem após uma parada cardíaca aos 60 anos, começou cedo com uma multidão emocionada na Casa Rosada e só teve fim no enterro em uma cerimônia intimista na noite desta quinta-feira. O dia teve confusão, sangue, lágrimas e um país inteiro parado e mobilizado por um ídolo.
O UOL faz, abaixo, um resumo do que foi a emocionante despedida a um dos maiores ícones da história do esporte mundial.
O corpo de Maradona foi enterrado na noite de hoje, na presença apenas de amigos e familiares, no cemitério Jardín de Bella Vista, situado na periferia de Buenos Aires. O local fica no bairro de Bella Vista e é o mesmo onde estão enterrados os corpos dos pais do ex-jogador.
Diferentemente do que aconteceu durante o translado até o cemitério, em que uma multidão foi às ruas se despedir do ídolo, o enterro foi acompanhado por cerca de 30 pessoas. Uma cerimônia religiosa e um clima de dor marcaram o enterro do ex-jogador. Assim como nas ruas, o enterro foi marcado por aglomeração.
O cortejo chegou ao cemitério de Bella Vista por volta das 19h, após mais de uma hora de translado desde a Casa Rosada, sede do governo argentino na capital Buenos Aires, onde mais cedo foi realizado o velório.
A família decidiu mudar a data do sepultamento — que poderia acontecer no fim da semana — nesta manhã. Durante o translado do corpo de Maradona ao cemitério em Bella Vista, uma grande quantidade de pessoas esperava a passagem do ídolo nas ruas, com carros parados e celulares em mãos para um último registro do adeus a Maradona. Por um momento, não parecia haver pandemia, pessoas se aglomeravam, muitas vezes sem máscaras, nas ruas e pontes.
Com mais de dez horas de duração, o velório, aberto ao público, aconteceu na Casa Rosada, sede do governo argentino — foi a primeira vez em dez anos que o local teve uso para um evento do tipo. O velório encerrou oficialmente por volta das 17h (de Brasília). Uma multidão se manteve no entorno da Casa Rosada e o corpo saiu em cortejo para o enterro no cemitério Jardín de Bella Vista, a cerca de 35 km de Buenos Aires.
Iniciada às 6h (horário de Brasília), a cerimônia recebeu, além de familiares e amigos, presenças ilustres como a do presidente Alberto Fernández e do elenco do Gimnasia, último time onde o ex-jogador trabalhou.
Início tenso
O velório começou com fila e muita confusão. Isso porque alguns fãs de Maradona acabaram ultrapassando grades de proteção delimitadas pela polícia local na Plaza de Mayo, que fica em frente à Casa Rosada.
O saldo do tumulto, segundo o jornal Olé, foi de uma pessoa ferida - ela teve o rosto ensanguentado no meio do empurra-empurra.
Ex-namorada barrada
Rocío Oliva, ex-namorada de Maradona, afirmou ao jornal Clarín que foi impedida de entrar na parte íntima do velório, destinada a amigos e familiares do argentino.
Depois de uma confusão nos corredores, ela foi orientada por um segurança a voltar minutos depois de o público comum ser autorizado a entrar. O casal ficou junto por seis anos e terminou no início do ano passado.
Funcionário de funerária demitido
Um homem que trabalhava na funerária que preparou o corpo de Diego Maradona foi demitido após posar para uma foto com o argentino dentro do caixão.
Segundo o site da TV Todo Notícias, a foto, que mostra Diego Molina fazendo um sinal positivo com uma mão enquanto toca a testa de Maradona com a outra, viralizou em grupos de WhatsApp durante a cerimônia de despedida do astro.
Acusação de advogado
Segundo o La Nación, o advogado de Maradona, Matías Morla, foi impedido pela família do ex-jogador de comparecer ao velório.
Longe da Casa Rosada, ele se manifestou no Twitter durante a cerimônia e disparou contra a suposta demora no atendimento ao argentino, considerando o ato como uma "idiotice criminal".
"É inexplicável que durante 12 horas meu amigo não tivesse atenção nem controle por parte do pessoal de saúde dedicado a esses fins. A ambulância demorou mais de meia hora para chegar, o que foi uma idiotice criminal. Este fato não deve ser esquecido e peço que as consequências sejam investigadas até o fim", publicou Morla.
Médico com poucas palavras
Por volta das 10h, o médico pessoal de Maradona, Leopoldo Luque, deu às caras na sede do governo argentino.
Ao ser rodeado por jornalistas, Luque apenas lamentou a morte de seu paciente e não quis responder sobre as acusações de Matías Morla.
O médico era uma das pessoas mais próximas de Maradona em seus últimos meses de vida. Ele foi o responsável por publicar a última foto pública do ex-jogador, fato que gerou uma grande rusga nos familiares.
União Boca-River
Uma cena rara no mundo do futebol foi registrada durante o velório, provando a importância de Maradona para os argentinos: torcedores de Boca Juniors e River Plate se abraçando.
A cena viralizou nas redes sociais e comoveu milhares de torcedores de outras equipes, que valorizaram o tamanho do ex-jogador no esporte.
Presidente emocionado
De helicóptero e usando máscaras contra a covid-19, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, marcou presença no velório por volta das 11h.
Visivelmente emocionado, ele chegou a colocar uma camisa do Argentinos Juniors em cima do caixão de Maradona - o clube foi o primeiro profissional do astro.
Logo depois, ao abraçar familiares e amigos, Fernández ficou alguns minutos de pé observando o caixão, já rodeado de artigos deixados pelos fãs.
Filas, calor e aglomeração
Quem saiu de casa cedo para dar adeus a Maradona em Buenos Aires passou por vários perrengues.
O primeiro deles, sem dúvidas, foi a enorme fila que começava na porta da Casa Rosada. O Canal 5 Notícias informou que a espera para passar por cerca de dez segundos perto do caixão era de até cinco horas.
A temperatura, na casa dos 24° C durante o dia, também não colaborou com os fãs, que acabaram se aglomerando em tempos de pandemia enquanto esperavam para entrar na sede do governo.
Horário apertado e nova confusão
Com previsão inicial de término do velório às 16h, a polícia argentina acabou bloqueando algumas partes da fila, já que nem todos os presentes conseguiriam entrar na Casa Rosada antes do encerramento.
A iniciativa não deu certo e desencadeou uma confusão generalizada, com direito a invasões na sede do governo argentino - que ficou fechada por alguns minutos.
De acordo com informações do Canal 5 Noticias, os policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar as pessoas.
A polícia ainda usou hidrantes para jogar água nos torcedores, enquanto alguns fãs arremessaram garrafas e latas nos policiais.
Alberto Fernández, posteriormente, convenceu a família de Maradona a estender o velório para às 19h, três horas depois do planejado pelos familiares do argentino.
Cortejo leva corpo para enterro
Após o encerramento oficial do velório, por volta das 17h (de Brasília), a multidão se manteve reunida em frente à Casa Rosada. Os presentes cantavam e resistiam às investidas da polícia para tentar abrir caminho em frente ao local.
O corpo de Maradona foi levado em um cortejo fúnebre para enterro no cemitério Jardín de Bella Vista, a cerca de 35 quilômetros de Buenos Aires. O velório havia sido prolongado para durar até às 19h, mas foi interrompido por conta das confusões.
O circuito do cortejo teve início na Casa Rosada e passaria pela Avenida 9 de Julho, uma das principais vias de tráfego da capital argentina. O trajeto acabou alterado para evitar o prolongamento do aglomeramento público em meio à pandemia do coronavírus. A alternativa escolhida foi a Autopista 25 de Mayo.
O corpo de Maradona deixou a Casa Rosada às 17h45 em um carro, enquanto uma multidão cantava no adeus ao ídolo. A saída se deu sem tumulto. O veículo foi acompanhado de perto por motos e diversas pessoas corriam atrás do carro ao longo do percurso, que teve clima de estádio com cantoria e papel picado.
O Obelisco, situado na avenida 9 de Julho, um dos símbolos de Buenos Aires, foi iluminado com as cores da bandeira argentina e foi projetado o rosto de Maradona com a frase "Obrigado, Diego".
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