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"Atletas que se foram servem de motivação", diz presidente da líder Chape

Jogadores da Chapecoense comemoram gol marcado contra o CRB, pela Série B - Itawi Albuquerque/AGIF
Jogadores da Chapecoense comemoram gol marcado contra o CRB, pela Série B Imagem: Itawi Albuquerque/AGIF

Flavio Latif

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/11/2020 04h00

Neste dia, 29 de novembro, se completam quatro anos de uma tragédia que deixou muito abalado o mundo do futebol. Na mesma data em 2016, o avião da Lamia, que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia caiu, matando 71 pessoas — deixando apenas 6 sobreviventes. O Verdão do Oeste se dirigia ao país para a disputa da partida de ida da final da Copa Sul-Americana daquele ano, contra o Atlético Nacional. A aeronave decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e tinha como destino final Medellín.

Desde o ocorrido, a Chape não foi a mesma, esportivamente falando. O time caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro e não conseguiu reunir forças para voltar a elite do futebol brasileiro. No entanto, nesta temporada atípica, a equipe de Santa Catarina é líder da Série B com folgas - são 47 pontos, em 24 partidas: 13 vitórias, 8 empates e apenas 3 derrotas.

O UOL Esporte conversou com Paulo Magro, atual presidente da Chapecoense, para um balanço do momento atual do clube. O dirigente falou do instante delicado que a equipe enfrentou após a tragédia, o processo de reconstrução e a reaproximação da torcida e dos patrocinadores com o bom desempenho no campeonato nacional.

Além disso, Magro revelou que todo atleta que é contratado pela Chape assiste a um vídeo que mostra o que é o clube e a emocionante trajetória em 2016. Dessa forma, todos que vestem a camisa da equipe entendem o que representam e tem a motivação a mais pelos que já partiram.

Paulo Magro, atual presidente da Chapecoense - Marcio Cunha/Chapecoense - Marcio Cunha/Chapecoense
Paulo Magro, atual presidente da Chapecoense
Imagem: Marcio Cunha/Chapecoense

"Não tenho dúvida nenhuma [que os jogadores que morreram na tragédia servem de motivação para o atual elenco. Quando eles se acertam com nós, é apresentado um filme da Chapecoense e todos eles se arrepiam, eles jogam pelo time, é uma fonte de motivação. A produção tem a narração do Deva Pascovicci (narrador, uma das vítimas da queda do avião), a voz do Galvão Bueno, é muito bom", disse.

O bom desempenho da equipe na segunda divisão de certa forma surpreendeu os dirigentes da equipe. Paulo Magro disse que o elenco montado foi para fazer uma campanha "segura", ou seja, não correr riscos de cair para a Série C. Porém, o dirigente exaltou os trabalho feito pela gestão de futebol do clube que mesmo sem nenhum grande nome, fez um time competitivo com baixo orçamento.

"Nós fizemos um elenco para fazer uma Série B segura. Não correr riscos de rebaixamento para a Série C. Mas o nosso pessoal, vice-presidente de futebol (César Antônio Dal Piva), foram muito competentes, não temos nenhum craque, mas é um time pegador e uma excelente comissão técnica e o resultado estão sendo muito otimistas", afirmou.

Confira outros trechos da entrevista:

Como foi assumir a diretoria no susto?

Em agosto de 2019, a Chapecoense anuncionou o afastamento do ex-presidente Plinio David de Nes Filho. O vice-administrativo Paulo Magro assumiu e teve o mandato prorrogado até o dia 31 de dezembro de 2021.

Eu era o vice administrativo. Foi difícil, o clube cheio de dívidas, o time mal no campeonato e caiu para Série B. A gente recompôs a diretoria e conseguiu se organizar de uma forma para manter as finanças em dia.

Montagem do elenco em 2020

Nós fizemos um elenco para fazer uma Série B segura. Não correr riscos de rebaixamento para a Série C. Mas o nosso pessoal, vice presidente de futebol, foram muito competentes, não temos nenhum craque, mas é um time pegador e uma excelente comissão técnica e o resultado estão sendo muito otimistas.

Como será caso suba para a Série A

Temos os pés no chão, não subimos para Série A, mas se isso ocorrer, o nosso poder de investimento vai ser bem menor que os outros anos. Isso não quer dizer que não vamos ser competitivos.

É possível repetir as campanhas vitoriosas do passado?

São tempos diferentes, é muito difícil repetir, mas a Chapecoense quando subiu, ficou 6 anos na Série A. Não é impossível sonhar, mas com certeza com bem menos investimento.

Relacionamento com a torcida

A cidade no ano passado houve os problemas de endividamento, o rebaixamento, e o torcedor e os empresários se afastaram do clube. Mas nesse ano, graças a deus estão voltando, por conta do desempenho da equipe na Série B.

Acordo com as famílias

94% dos acordos trabalhistas já foram feitos e existe contato sim [com as famílias], muito bacana com as famílias. a maioria de atletas são famílias de foras, mas sempre fica o vínculo e seguidamente rola o contato.

Trabalho da diretoria

É um trabalho muito bacana que está sendo feito por toda diretoria, é um trabalho bacana dentro e fora de campo. Dentro de campo os atletas dando a vida e nisso nos enche o orgulho.

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