Santos tem youtuber norueguês que sonha em ser presidente do clube
Em Knapstad, um vilarejo de pouco mais de mil habitantes na Noruega, vive um torcedor do Santos. Não, ele não é brasileiro. Também não é apenas um simpatizante: André Ostgaard nasceu no país nórdico e se apaixonou pelo Peixe a mais de 10 mil kms de distância.
O norueguês tem parentes em território brasileiro e veio ao país quando tinha apenas oito anos. Em sua viagem, ficou em Itu, interior de São Paulo, na casa de um tio santista, mas Ostgaard não sabia dessa informação. Hoje com 27 anos, ainda guarda um 'souvenir' que levou do Brasil para a Noruega: um boneco do Bob Marley com a camisa do Santos e uma bola de futebol.
"Eu comprei só porque achei legal: um cara de rastafári com a bola e esse logo. Eu achei o logo legal. E foi isso: voltei pra casa e nunca mais pensei nisso. Até 2011...", diz Ostgaard em seu canal no youtube.
André sempre gostou do Brasil como país e assistia ao futebol brasileiro, mas foi o time de Neymar atuando na Copa Libertadores de 2011 que transformou o norueguês em torcedor apaixonado. Fanático por jovens talentos, o norueguês encontrou no Peixe uma fonte inesgotável de promessas do futebol. Sua primeira experiência ao vivo com o Santos foi extremamente traumática para todo torcedor convencional do clube, mas não para Ostgaard.
Em 2013, quando o Peixe foi até a Catalunha jogar um amistoso com o Barcelona pela venda de Neymar, o jovem norueguês tomou uma decisão: não poderia perder a oportunidade de ver seu clube ao vivo. Ele não conseguiu arrumar companhia em Knapstad e foi sozinho até a Espanha. A goleada sofrida pelo Peixe não abalou o prazer da viagem de André.
"O Santos perdeu por 8 a 0... e eu estava tão emocionado e feliz! Ninguém acredita quando digo isso. Pela primeira vez na minha vida eu tinha visto meus ídolos ao vivo, meu time favorito de perto. Vi Neymar e Messi. Vi Neilton, Giva, Gabigol, Arouca, o lendário Léo...", lembra ele. Após a derrota, ele vivenciou duras cobranças da torcida no hotel onde o Peixe se hospedou.
Léo representou os jogadores na reunião com a torcida. E eu estava no meio deles. Não entendi uma palavra do que foi dito, mas foram muitos gritos de brasileiros nada felizes. Caos puro. Eu era o único feliz ali"
André aprendeu a falar português pelo Santos. Em seu primeiro contato com o Peixe, em Barcelona, ele ainda não falava a língua, então para tirar fotos com o elenco precisou adotar duas estratégias. A primeira era dizer "foto, foto, foto" ao avistar um jogador. A segunda, e mais efetiva, foi encontrar alguém que falava inglês para ajudá-lo.
Ostgaard decidiu então que mudaria para o Brasil para acompanhar o Santos. Antes disso, no entanto, ele fez duas viagens para ver o Peixe ou jovens jogadores do clube atuando em continente europeu: uma vez para ver Gabigol em ação pela seleção brasileira sub-20 e outra para assistir ao sub-20 do Santos.
"Estávamos na arquibancada apoiando o Santos quando o técnico olhou pra nós como quem diz: por que nós temos fãs aqui apoiando? Falei com ele em inglês, Pepinho Macia, filho de Pepe. Ele ficou muito feliz de ouvir minha história e me convidou para o hotel, onde conheci os jogadores e depois jantei com a comissão técnica", conta.
Em 2016, Ostgaard conseguiu juntar dinheiro e comprou uma passagem só de ida para o Brasil com o único objetivo de seguir o Santos de perto. Sem nem um hotel para ficar, o norueguês encontrou um amigo que fez pelo Twitter e foi para a Vila Belmiro, onde se reuniu com o presidente da época, Modesto Roma Jr, e foi convidado também para acompanhar os treinos no CT Rei Pelé. Ele ficou sete meses no Brasil.
Quando retornou à Noruega, fez uma nova viagem para a Espanha para acompanhar a equipe sub-20. Já sabendo falar português, Ostgaard fez amizade com a comissão técnica de Aarão Alves e se tornou uma espécie de membro da delegação: fotógrafo, motorista e ajudante de scout. O norueguês conviveu com o grupo durante todo o torneio.
"Foi a melhor viagem da minha vida. Fiz muitos amigos. No fim, o Santos me ofereceu dinheiro pela minha participação, já que estava fazendo tantas coisas pelo clube, mas eu rejeitei. Eu fiz aquilo por amor. Pra mim, foi enorme estar com o clube durante esse tempo", lembra.
Depois disso, o Santos se tornou minha vida. Meu grande sonho é ser presidente do Santos um dia. Não acho isso provável, mas é minha ambição"
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