Nova queda acende barril de pólvora, e Flamengo vive clima de mudanças
A eliminação precoce na Libertadores acendeu um barril de pólvora no Flamengo. Após a temporada mágica de 2019, o clube respira um clima de fim de ciclo que resultará em mudanças.
Antes mesmo do jogo contra o Racing (ARG), já havia uma expectativa de trocas e caça às bruxas no futebol rubro-negro no caso de uma queda nas oitavas de final. Até porque o revés provocaria um impacto esportivo e financeiro, sendo a segunda desclassificação de competições consecutivas abaixo da meta prevista pelo clube — a outra foi a Copa do Brasil.
Apenas com o tropeço na competição continental, o Fla viu R$ 18 milhões previstos em orçamento escorrerem pelo ralo. Após a eliminação no mata-mata com o São Paulo pela Copa do Brasil, o clube já deixou de embolsar R$ 7 milhões, mas a previsão era também de chegar ao menos nas semis do torneio nacional. Ou seja: os R$ 25 milhões eram um mínimo esperado. Caso conquistasse ambos os torneios, a soma seria bem maior.
Em tempos de pandemia, com portões fechados, as perdas financeiras mexem no tabuleiro rubro-negro e trarão consequências. Com um elenco que custa algo em torno de R$ 25 milhões por mês, os cofres vazios serão decisivos na hora de planejar os próximos movimentos no mercado da bola. A compra de Pedro e a renovação de Diego Alves, por exemplo, já serão impactadas. Haverá necessidade de adequação a um novo cenário.
Com apenas o Brasileiro por disputar, o Flamengo viu seu elenco milionário naufragar e não dar a resposta esperada. Da celebrada leva de contratações deste ano, nomes como Michael e, principalmente, os zagueiros Gustavo Henrique e Léo Pereira não se firmaram. O elenco para a próxima temporada deve sofrer alterações significativas. O clima na Gávea atingiu agora nível alto de temperatura, e caberá à cúpula a missão de não colocar tudo a perder e conduzir uma reformulação cada vez mais iminente. Do campo aos gabinetes.
"O peso é gigantesco. A Libertadores tem um maior significado. Não há como mensurar prejuízo financeiro e de confiança. Temos de tentar seguir trabalhando firme para buscar o título que falta. O resultado final não expressa o que o time produziu. Se o resultado nos pênaltis tivesse sido diferente, seríamos tratados como heróis. Como não conseguimos, temos de dar explicações", disse o técnico Rogério Ceni.
Os questionamentos e problemas não se resumem apenas ao campo. A recente onda de lesões colocou o médico Márcio Tannure no olho do furacão, e o profissional já não conta com apoio irrestrito. Como não fala exatamente a mesma língua do vice de futebol Marcos Braz, Tannure, que chamou para si a responsabilidade pelas inúmeras trocas no departamento médico, se desgastou e ficou ainda mais exposto após sua recente entrevista coletiva.
Entre membros da diretoria, havia a posição de que Braz tem crédito e só sairia se quisesse, embora o processo por uso político do clube o tenha desgastado. Apesar de não ser unanimidade entre os principais pares do presidente Rodolfo Landim, o dirigente sempre teve os bons resultados como escudo, algo que anda em falta no momento. Em compensação, o médico já era bastante criticado entre dirigentes pela demora na recuperação de jogadores e por comunicação desencontrada sobre as lesões.
Com apenas uma frente como tábua de salvação até o fim da temporada, o Rubro-negro terá de administrar os estragos causados por duas quedas traumáticas em um curto espaço de tempo. Agora, a equipe junta os cacos para enfrentar no sábado (5) o Botafogo, às 17h, no Nilton Santos, para tentar manter acesa a chama do ano passado.
"O espírito de 2019 não se perdeu. Temos de ter personalidade para assumir os erros. Lógico que o que passou fica na estante, mas precisamos seguir evoluindo. Sabemos que cada um tem uma parcela em tudo que acontece, mas creio que a equipe vai reagir bem", garantiu o meia Diego.
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