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Ceni tem pior início no Flamengo do que no Cruzeiro, mas com outro desafio

Rogério Ceni gesticula com o time durante a partida entre Flamengo e Racing no Maracanã - Alexandre Vidal/Flamengo
Rogério Ceni gesticula com o time durante a partida entre Flamengo e Racing no Maracanã Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Leo Burlá e Thiago Fernandes

Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo

04/12/2020 04h00

Assim como acontece no Flamengo, o início de Rogério Ceni à frente do Cruzeiro também foi marcado pela dificuldade. Mesmo que os cenários sejam distintos, o técnico não conseguiu bons resultados nos seis primeiros jogos na Toca da Raposa II. Se mira taças no atual clube, o ex-goleiro tinha como missão espantar o fantasma do rebaixamento que atormentava os mineiros.

No Ninho do Urubu, o técnico vê o elenco com problemas físicos e emocionais após a passagem de Domènec Torrent. Em Belo Horizonte, ele não conseguiu a aceitação do grupo repleto de medalhões, formado por Thiago Neves e companhia, diferentemente do que ocorre no Rubro-Negro, já que a relação é das melhores e os jogadores estão comprometidos com as ideias do profissional.

"Sou muito feliz por trabalhar como um grupo como esse. Hoje [terça] faz 21 dias que estou aqui, sei o que trabalhei tentando fazer, pensar e realizar treinos para esse time melhorar cada vez mais. Só tenho coisas boas a falar desses atletas, mas não tem como controlar o resultado", disse após a queda nas oitavas de final da Libertadores no duelo com o Racing (ARG)

Nos seis primeiros jogos pelo Cruzeiro, Ceni obteve duas vitórias, um empate e três derrotas, o que lhe rendeu 38,8% de aproveitamento. A crise nos bastidores e a dificuldade para conquistar os seus comandados explicam o rendimento. Em seu início no Rubro-Negro, o comandante já soma duas eliminações e tem índice de 33,3% dos pontos disputados (um triunfo, três empates e duas derrotas).

Na capital mineira, Rogério Ceni encontrou um grupo com salários atrasados e uma gestão investigada por Ministério Público Estadual e Polícia Civil. Em meio a tudo isso, viu jogadores consagrados se irritarem com a sua metodologia de trabalho. O ponto-chave para a crise entre comissão técnica e elenco foi após a derrota para o Grêmio por 4 a 1, em 8 de setembro de 2019, na Arena Independência, em Belo Horizonte. Em sua entrevista após o jogo, cobrou mudança de mentalidade do plantel.

"O meu respaldo é o meu trabalho. Nós tentamos tudo o que era possível dentro da formação, tentamos privilegiar o jogo. Talvez, a mudança mais drástica é na forma de jogar. Uma mudança de atitude, de mentalidade de jogo vai fazer o time sair dessa situação. Se eu for o treinador, teremos que fazer", declarou na ocasião.

A forma de falar irritou o grupo e foi o suficiente para que perdesse influência sobre o plantel. A breve passagem por Minas Gerais se encerrou após oito jogos. Ele ainda comandou a equipe contra Palmeiras, Flamengo e Ceará. Após mais um episódio polêmico com o elenco no empate contra o time cearense, foi demitido pelo então vice-presidente de futebol, Itair Machado.

As desclassificações em pouco tempo de trabalho esquentaram os bastidores rubro-negros, mas o treinador não enfrenta questionamentos até aqui. Fora de dois torneios, os rubro-negros só têm o Brasileirão como tábua de salvação até o fim da temporada. Agora, a equipe junta os cacos para enfrentar amanhã (5) o Botafogo, às 17h, no Nilton Santos.