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Juventus é investigada por possível fraude em exame de cidadania de Suárez

Luis Suárez pode ter recebido acesso às respostas de prova de cidadania italiana com ajuda da Juventus - GABRIEL BOUYS / AFP
Luis Suárez pode ter recebido acesso às respostas de prova de cidadania italiana com ajuda da Juventus Imagem: GABRIEL BOUYS / AFP

Do UOL, em São Paulo*

04/12/2020 10h51Atualizada em 04/12/2020 11h02

A Juventus será investigada por suspeita de participação em uma possível fraude no exame de cidadania italiana do jogador uruguaio Luis Suárez, atual Atlético de Madrid.

Segundo o Ministério Público da Itália, Suárez teve acesso prévio ao conteúdo de uma prova de idioma para tirar cidadania italiana em setembro deste ano, quando tentava se transferir para o time de Torino. A investigação aponta que o delito teve influência do clube.

Suárez, 33 anos, fez o exame de italiano em 17 de setembro, na Universidade para Estrangeiros de Perúgia, um dos principais centros de ensino do idioma no país.

Investigação

Na época, o MP e a Guarda de Finanças investigavam, desde fevereiro, supostas irregularidades nos processos de cidadania envolvendo a instituição e acabaram gravando conversas telefônicas que indicavam uma possível fraude no exame de Suárez.

Segundo nota divulgada pelo Ministério Público hoje, o conteúdo da prova foi "previamente comunicado" ao uruguaio pela universidade, que chegou a "pré-determinar o êxito e a pontuação do exame para corresponder aos pedidos que haviam sido feitos pela Juventus".

Suárez, que é casado com uma cidadã italiana, poderia obter a nacionalidade caso comprovasse conhecimento ao menos intermediário (nível B1) do idioma. Essa etapa era crucial para garantir sua transferência para a Juventus, que não pode mais contratar extracomunitários nesta temporada devido às chegadas do brasileiro Arthur e do americano McKennie.

Diretora foi afastada

Por conta do inquérito, a reitora da universidade, Giuliana Grego Bolli, foi proibida preventivamente de exercer cargos públicos por oito meses, assim como o diretor-geral Simone Olivieri e os professores Stefania Spina e Lorenzo Rocca. Eles são suspeitos de violação de sigilo oficial para fins financeiros e falsidade ideológica em documentos públicos.

O juiz que investiga o caso também deve impor medidas cautelares contra o clube italiano, considerando que, se nada for feito, os envolvidos podem cometer novas fraudes. Ele também suspeita de que o mesmo pode ter ocorrido em outras contratações e com outras universidades.

As investigações também permitiram compreender como, nos primeiros dias de setembro de 2020, a direção do clube de Torino agiu, mesmo nos mais altos níveis institucionais, para acelerar o reconhecimento da cidadania italiana contra Suárez, tornando assim a hipótese de novos possíveis crimes contra pessoas que não têm vínculo com a universidade, ainda em investigação.

Compartilhando as hipóteses acusatórias, o juiz ordenou a tomada de medidas cautelares por identificar risco concreto de os suspeitos, se não submetidos às medidas, adotarem novamente uma conduta delituosa similar, tendo demonstrado que consideram a instituição a que pertencem e que representam como uma entidade privada maleável às suas vontades.
Nota do MP italiano divulgada pelo jornal Gazzetta dello Sport.

Como não haveria tempo de concluir o processo de cidadania antes do fechamento da janela de transferências, a Juventus acabou desistindo de Suárez e acertou com o espanhol Álvaro Morata. Já o uruguaio trocou o Barcelona pelo Atlético de Madrid.

*Com informações da Ansa

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