De joia a afastado, Lincoln tem futuro incerto e se vê em polêmica no Fla

Protagonista de vendas recentes que envolveram altas cifras, o Flamengo caminha em um processo para lá de conturbado com o atacante Lincoln, de 19 anos. No elenco profissional desde 2017, o jogador está afastado, treinando com a base, e se vê com o futuro indefinido, envolvido em uma negociação com choque de versões e queda de braço.

A diretoria do Rubro-Negro afirma ter uma proposta do Pafos, do Chipre, mas o clube europeu ainda não fez contato com Lincoln nem com os representantes do jogador para dar continuidade às tratativas.

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Segundo o UOL Esporte apurou, pessoas próximas ao jogador afirmam não entenderem a mudança repentina de postura da cúpula, que outrora recusou contatos de clubes interessados no centroavante e, agora, indicam o estarem "empurrando ao mercado".

A situação se tornou um dos incômodos assuntos do Fla neste fim de ano e ainda não há uma solução alinhada. Há a lembrança de que a transferência, para ser concretizada, precisa do aval de Lincoln, o que ainda não aconteceu.

O estopim para a situação foi na última semana, quando a diretoria decidiu "rebaixar" o atacante para o sub-20, ideia que não foi bem aceita inicialmente. Ele chegou a se apresentar para treinar entre os profissionais e recebeu uma advertência, realizando atividades com a categoria inferior já na sexta-feira (4). Na ocasião, Victor Remiro, agente do jogador, considerou a movimentação um "tremendo desrespeito" e avisou que ele "desceu para treinar por respeito ao departamento da base". Desde então, o jovem não integra o grupo à disposição de Rogério Ceni.

Com passagens pela seleção brasileira de base e apontado como joia nos tempos em que estava nas categorias inferiores, Lincoln foi promovido em 2017, quando tinha 16 anos, e ganhou espaço entre os profissionais antes mesmo de muitos companheiros. À época, a promoção foi antecipada devido à suspensão de Paolo Guerrero, após teste positivo em antidoping.

Naquela oportunidade, o jovem camisa 9 recebeu bastante atenção, uma vez que tinha ido bem na Copa São Paulo de Futebol Júnior e se destacado pela seleção no Mundial sub-17. Porém, desde então, não conseguiu uma sequência de partidas e oscilou entre chances como titular e o banco de reservas. Ainda assim, o provável adeus ganha contornos inesperados.

Nos últimos anos, o Flamengo atravessou uma era de vendas com cifras astronômicas. Vinicius Júnior, parceiro de Lincoln na base, puxou a fila ao ser negociado junto ao Real Madrid por 45 milhões de euros, R$ 164 milhões na cotação da época.

No ano seguinte, Lucas Paquetá embarcou para o Milan, da Itália, em negociação que envolveu 35 milhões de euros, aproximadamente R$ 150 milhões — o Fla ficou com R$ 100 milhões. No começo desta temporada, Reinier acertou com o Real Madrid por 30 milhões de euros, cerca de R$ 136 milhões, e o Rubro-Negro embolsou aproximadamente R$ 109 milhões.

Neste ínterim, vendas mais modestas, como a de Jean Lucas ao Lyon e de Léo Duarte ao Milan, aconteceram para ajudar o fluxo de caixa do clube, mas, ainda assim, sem grandes polêmicas entre as partes envolvidas.

Criticas de dirigentes

Recentemente, Lincoln foi alvo de críticas de dirigentes do Fla. No fim de junho, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente de relações externas, disse que o Rubro-Negro não teria perdido o Mundial de Clubes se o atacante não tivesse desperdiçado um gol contra o Liverpool, da Inglaterra.

Em setembro, Paulo Cesar Pereira Filho, vice de secretaria do clube, compartilhou uma paródia do filme "A Queda", que conta as últimas horas do ditador alemão Adolf Hitler no poder. O conteúdo foi legendado com brincadeiras acerca do jogo com o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, e, em dado momento, Lincoln foi alvo de uma piada. A publicação foi apagada após a repercussão negativa.

Nos dois casos, houve mal-estar no clube, mas que foram contornados posteriormente.