A camisa de Paolo Rossi, quem diria, foi para a casa de Juninho
Sempre irreverente fora dos campos, dentro da grande área o zagueiro Alcides Fonseca Júnior era duro e poucos eram os atacantes que ousavam enfrentá-lo. Jogou em muitos clubes, mas brilhou mesmo no começo da carreira na Ponte Preta, quando foi chamado por Telê Santana para integrar o grupo que partiu para a campanha do mundial de 1982, em campos espanhóis.
Mesmo sem ter participado de nenhuma partida, protagonizou uma cena histórica no Estádio Sarriá, logo depois da derrota inesperada para os italianos. Alcides Fonseca Júnior, o Juninho, que depois defendeu o Corinthians, saiu do vestiário brasileiro levando nas mãos sua camisa número 14, bateu na porta do festivo vestiário italiano e quando a porta foi aberta, ele entrou.
"Eu improvisei umas palavras em italiano e deixei claro que queria trocar a camisa com algum jogador", relembrou Juninho, quando fui entrevistá-lo há seis anos, em uma cidade sul-mato-grossense, onde ele era o treinador do Ivinhema Futebol Clube.
Eu sabia da troca da camisa, porque estava cobrindo aquele campeonato mundial pela Folha de S. Paulo e presenciei a cena. Eu só não sabia de quem era a camisa que ele tinha recebido em troca.
"Naquela confusão, eu joguei a minha camisa e eles jogaram uma camisa de volta. Quando saí do vestiário vi que era a camisa número 20, de Paolo Rossi."
A camisa do algoz italiano e a do zagueiro reserva da seleção brasileira foi colocada em um quadro e estava na parede do apartamento da família de Juninho, em Ribeirão Preto, quando o entrevistei há seis anos.
Com o bom humor de sempre, mas com uma ponta de verdade em suas palavras, ele garantiu que Paolo Rossi não teria feito os três gols que eliminaram o Brasil se ele estivesse em campo. "Ah, meu amigo, eu teria metido o pé no Paolo Rossi, eu não ia querer nem saber."
Quem viu Juninho em ação dentro de uma grande área sabe que ele não era de dar moleza aos adversários. Se não parasse o atacante na categoria, parava no físico.
"Eu tinha um condicionamento físico especial. Eu teria anulado o Paolo Rossi."
Vendo o jogo contra os italianos do banco de reservas, Juninho admitiu que a equipe adversária era madura e foi crescendo dentro da competição.
Uma equipe formada por jogadores que souberam domar o fortíssimo time de Telê Santana. "E eu só percebi mesmo o que tinha acabado de acontecer, quando vi os jogadores mais experientes sentindo todo aquele peso. Foram dois dias de depressão."
O melhor time do mundo tinha se curvado à malandragem da equipe Azzurra.
"Sim, o time da Itália era também um time muito malandro."
E malandragem por malandragem, Juninho achava que ele levaria vantagem sobre Paolo Rossi. Mas ele não jogou. Pelo menos ficou com a camisa do artilheiro.
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